Aranhas metálicas mantêm o vidro no lugar

21/10/2016 - 11h32

O sistema spider já é conhecido de quem trabalha com envidraçamento estrutural — quando o vidro tem função de suporte em aplicações como fachadas, pisos ou colunas. No entanto, novos modelos continuam surgindo, cada qual com suas vantagens.

Nesta reportagem, fabricantes dessas ferragens e especialistas nesse tipo de envidraçamento apresentam modelos diferenciados e dão dicas de instalação. Confira!

Conhecendo os ‘spiders’

Segundo Ângelo Arruda, diretor da Vidrosistemas, o sistema foi criado na Europa, pela divisão de vidros do Grupo Saint-Gobain (que não as comercializa no Brasil);
Seu nome vem do formato de suas ferragens, semelhantes ao tronco e pernas de uma aranha (spider, em inglês);
“Trata-se de um sistema que dispensa o uso de caixilhos, permitindo estruturas envidraçadas mais limpas e contínuas”, observa o engenheiro Mauricio Margaritelli, diretor-geral da T2G Engenharia;
Tatiana Morinaga, arquiteta da Pilkington, aponta que os spiders permitem que o plano de vidros flexione livremente sob a ação dos ventos: “O peso dos vidros é suportado pelos parafusos superiores, deixando os inferiores livres para trabalhar com as cargas sobre a fachada”;
O material mais usado e recomendado para fabricar os corpos de spiders é o aço inox, por sua maior durabilidade e alta resistência à corrosão, mas o produto também pode ser de outros materiais, como aço carbono ou alumínio (fundido ou injetado). Segundo o engenheiro Erich Henrique, gerente de Engenharia do Produto da Itamaracá Design, os de alumínio injetado reduzem o peso do conjunto de ferragens, têm custo menor e podem receber acabamento com pintura eletrostática.

A anatomia dos ‘spiders’
João Rett, técnico da Glass Vetro, explica que as partes de um sistema spider são:

Bujão — É fixado na estrutura em que o sistema será instalado (coluna, parede etc.) para dar sustentação;
Corpo — Faz o trabalho de distribuição das peças de vidro;
Hastes — Fazem a ligação entre o vidro e o corpo do sistema (dependendo da área em que o spider será aplicado, ele pode ter de uma a quatro hastes);
Rótulas — São as partes que sustentam os vidros no sistema, compostas por botão (com arruela de material não metálico para evitar contato direto com o vidro) e parafuso com cabeça arredondada

O que NÃO se deve fazer na instalação
Segundo Walter Carvalho, diretor da Walmetal, é comum observar muitos erros de instalação com spiders, como:

Usar parafusos que não sejam de aço inox, cuja oxidação pode levar à corrosão de todo o sistema;
Deixar área de contato pequena entre os vidros e as rótulas;
Instalar o sistema em colunas redondas sem uso de espaçador (peça para ajustar a área traseira plana do sistema à coluna);
Usar spiders com hastes finas, reduzindo a resistência de carga deles;
Não aplicar silicone estrutural nas folgas, entre um vidro e outro;
Recortar spiders para improvisos na instalação.

Produtos diferenciados para sua necessidade!

PARA ÂNGULOS DIFERENTES
Spiders curvos, da Glass Vetro
Material: aço inox 304
Resistência: 100 kg por haste
Diferenciais: design com hastes curvas e possibilidade de articulação para ajuste dos ângulos

MAIS LEVE E FORTE
Linha S-200, da Itamaracá Design (projeto) e Ita Glass (fabricação)
Material: aço inox 304 ou 316
Resistência: 200 kg por haste
Diferenciais: mais versatilidade e alta capacidade de carga, corpos 10% mais leves do que os da linha anterior da empresa, fabricação 100% nacional e insertos intercambiáveis em suas hastes.

VÁRIAS FUNÇÕES
WX15, da Walmetal
Material: aço inox 304
Resistência: 90 kg por peça de vidro
Diferenciais: além de preço acessível, a linha conta com opções para fixação em colunas (um a cada quatro braços), paredes (um ou dois braços) ou com ferragem para ligação direta entre duas chapas de vidro

PARA INSTALAÇÕES ESPECIAIS
Top Spider 4 Pontas 90º, da WR Glass
Material: aço inox 304
Resistência: 130 kg por haste
Diferenciais: parte da linha WR Especiais (para projetos específicos), seu corpo conta com dois eixos (cada um com duas hastes), formando um ângulo de 90 graus entre si e permitindo a ligação direta entre duas chapas de vidro

Mitos e verdades

Cabe ao vidraceiro fazer os cálculos e as especificações dos vidros e spiders para envidraçamento estrutural: MITO
O cálculo da espessura do vidro e a escolha do sistema spider mais adequado precisam levar vários critérios em conta, como as dimensões das peças, pressão do vento, altura do pé-direito, todos os esforços a que o sistema será submetido e resistência necessária de carga. Por isso, a responsabilidade desses cálculos e especificações cabe ao engenheiro: Arruda, da Vidrosistemas, destaca que as ferramentas necessárias para calcular esses dados não costumam estar disponíveis no Brasil para vidraceiros, sendo caras e bastante técnicas. Willmerson Ramos, sócio-diretor da WR Glass, acrescenta que, após os cálculos, todo o trabalho dos vidraceiros durante a instalação tem de ser acompanhado pelo engenheiro.
Ainda não há uma norma técnica específica para envidraçamento com spiders: VERDADE
A NBR 7199 — Projeto, execução e aplicações de vidros na construção civil apresenta determinações gerais para envidraçamento, mas não aborda o sistema em si. “Atualmente, não há normalização específica para spiders no Brasil, e isso é algo que precisa ser discutido”, afirma Ângelo Arruda, da Vidrosistemas.
O envidraçamento estrutural não pode ser feito com qualquer vidro: VERDADE
Por se tratar de uma instalação autoportante (isto é, aquela em que o vidro é fixado por ferragens e as bordas ficam aparentes), o vidro tem de ser temperado — pela resistência mecânica que proporciona — com as furações nos tamanhos e locais exatos da peça. “O vidro mais indicado para esse fim é o laminado temperado, de espessura de 10 a 20 mm, dependendo da especificação do projetista”, aponta Adeivo Moreira, diretor da SIA Esquadrias — laminados não temperados não podem ser utilizados.
Se o spider for de aço inox, ele não precisa de manutenção e limpeza periódicas: MITO
Embora esse material apresente alta resistência à oxidação, nenhuma de suas categorias é imune a esse problema, devido às partículas de enxofre em sua composição. “Se o aço inox não precisasse de cuidados, um iate ou lancha não precisariam de manutenção constante em suas partes com esse metal”, alerta Walter Carvalho, diretor da Walmetal.

Quem precisa de furos?
O envidraçamento com spiders normalmente exige a furação dos vidros para o encaixe das rótulas. Mas, na Europa, já é possível usá-los sem furar o vidro, com o uso do Dow Corning TSSA apresentado este ano na Glasstec.

Trata-se de um adesivo de silicone, transparente e incolor fixado na face interna do vidro. Assim, enxerga-se apenas o metal da articulação do sistema spider (que precisa ter hastes curtas, nesse caso). O TSSA também permite o uso de spiders com vidros duplos. Por ora, o produto não é comercializado no Brasil, mas a Dow Corning está confiante de que ele alcançará nosso mercado em breve.

Participe do prêmio Os Melhores Vidreiros do Brasil!
Atenção, vidraceiros: já estão abertas as inscrições para o prêmio Os Melhores Vidreiros do Brasil. Organizado pelo Grupo Setor Vidreiro, em parceria com a Abravidro, ele premiará os melhores trabalhos feitos por vidraceiros de todo o País em 21 categorias com voto popular e 8 decididas por um júri especializado. Você pode inscrever até cinco trabalhos, cada um em uma categoria diferente! Não perca tempo! As inscrições vão até o dia 15 de dezembro. Confira as regras e faça sua inscrição em www.melhoresvidreirosdobrasil.com.br
Fale com eles!
Dow Corning — www.dowcorning.com
Glass Vetro — www.glassvetro.com.br
Ita Glass — itaglass.net
Itamaracá Design — www.itamaracadesign.com.br
Pilkington — www.pilkington.com
Saint-Gobain Glass — www.saint-gobain-glass.com
SIA Esquadrias — www.siaesquadrias.com.br
T2G — www.t2g.com.br
Vidrosistemas — www.vidrosistemas.com.br
Walmetal — www.walmetal.com.br
WR Glass — www.wrglass.com.br