Vidroplano
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Como está o mercado de vidros no Brasil?

18/08/2016 - 10h17

Nesta edição que está sendo distribuída na Glasstec, a mais importante feira de vidros do mundo, O Vidroplano convidou o presidente da Abravidro para uma entrevista em que ele coloca suas percepções e perspectivas sobre o nosso mercado. Confira!

Como você vê o mercado de vidros no Brasil atualmente?
Sempre acreditei, e mais ainda agora, na força do vidro no Brasil. Apesar de ser bisneto, neto e filho de vidreiro, minha conclusão se dá pela visão privilegiada que tenho do setor como presidente da Abravidro.

O vidro plano acompanhou o desenvolvimento do País e cresceu intensamente nos últimos dez anos — em algumas ocasiões de forma abrupta e, de certa maneira, desorganizada. Ao lado de grandes oportunidades e valores, somos também reféns de um modo espontâneo e pouco sistematizado de fazer as coisas. Nosso atual momento é de ajustes, quando estamos desfazendo alguns excessos cometidos nesses anos de prosperidade. Precisamos de reformas estruturais e exigimos posturas éticas, imprescindíveis para a retomada do desenvolvimento — isso vale para o Brasil de forma geral e também para o setor vidreiro.

Mas você acredita nessa retomada?
Não há dúvida sobre nossa capacidade. Porém, a incerteza está no tempo e intensidade. Assumir os erros, abandonar estruturas arcaicas e reconstruir os alicerces políticos e econômicos serão a verdadeira alavanca dessa reversão. Somos um país com mais de 8 milhões de km², quase 205 milhões de habitantes e uma oferta de recursos naturais raras no planeta. Tudo isso sem guerras e conflitos sociais, religiosos, étnicos ou naturais.

Ao olharmos para a indústria de processamento de vidro, a conclusão é que ela reflete o Brasil dos últimos tempos. Há pouco mais de vinte anos, nosso consumo de processados era muito baixo, a produção de float estava concentrada em apenas duas multinacionais e poucas empresas independentes se arriscavam na transformação do produto.

E como o mercado está estruturado atualmente?
Principalmente nos últimos dez anos, houve uma explosão na produção e no número de indústrias processadoras. Nosso consumo per capita chegou próximo a dez quilos e o transformado, incluindo o automotivo, representa 2/3 desse total. Hoje temos quase quinhentos processadores cobrindo todo o território nacional, oferecendo ao mercado um amplo portfólio de soluções em vidro, em grande quantidade e alta qualidade. No entanto, como falei, o momento é de ajustes e os fatores que promoveram esse crescimento acelerado não estão mais presentes. Vivemos um período de turbulência, com forte retração no consumo.

Diante disso, todos se perguntam: estamos no fundo do poço? Quando voltaremos a crescer? Se a retomada ocorrer, em que intensidade será? As respostas a essas questões vão além da capacidade de avaliação do cenário, pois passam por variáveis que não estão bem-definidas.

E o que se pode esperar?
O fato é que a profundidade das transformações exigidas para a retomada do crescimento do País e do mercado vidreiro faz desse um processo doloroso e extenso. O futuro é garantido, pois o potencial de consumo de vidro no Brasil não mudou, muito pelo contrário. Podemos ir muito além dos 9,83 kg por habitante atingidos em 2013, mas, para isso, precisamos ter coragem e responsabilidade para superar as dificuldades momentâneas. Temos observado que boa parte dos processadores está tirando valiosas lições dessa crise, aperfeiçoando processos, ganhando produtividade, reduzindo drasticamente as perdas e se posicionando no mercado de forma muito mais estratégica.

Mas qual a expectativa quanto ao consumo de vidro?
De acordo com o Panorama Abravidro 2016, nosso consumo aparente caiu 9,9% em 2015. Certamente, teremos uma nova queda em 2016 comparada à de 2015, devido ao baixo desempenho dos principais mercados consumidores de vidro — construção civil e automotivo. Para 2017, a tendência é de estagnação ou um tímido crescimento. Ao olharmos em perspectiva, vemos que o período 2014-2017 representa o fim de um ciclo de prosperidade vivido pelo setor vidreiro desde o início deste século. Como disse, estão sendo anos de grande aprendizado para nossa indústria de transformação — que estará mais amadurecida, aperfeiçoada e mais bem preparada para um novo ciclo de crescimento. E termino com as mesmas palavras que comecei: eu acredito na força do vidro no Brasil!

O mercado de vidros planos no Brasil

  • 9 linhas de produção de vidro float
  • 2 fabricantes de vidro impresso
  • Capacidade nominal de 6.950 toneladas de vidro plano por dia
  • Quase 500 indústrias de processamento de vidros

Participação por produto em 2015

  • 42,7%: Automotivo Comum, Outros
  • 34,9%: Temperado
  • 9,1%: Laminado
  • 7,1%: Espelho
  • 5,7: Tampo, curvo, etc.
  • 0,4%: Insulado

Fale com eles!
Abravidro — www.abravidro.org.br

Este texto foi originalmente publicado na edição 524 (agosto de 2016) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista clicando aqui



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