Vidroplano
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Elas também precisam de atenção

25/10/2017 - 12h09

Com a busca por uma arquitetura mais clean e sem interferências visuais, aumenta o número de projetos com vãos formados por grandes peças de vidro. Vidros maiores, por sua vez, significam esquadrias maiores. E estas necessitam de cuidados especiais durante a especificação e instalação, pois são as responsáveis pela adequada fixação dos painéis, suportando todo o peso do sistema. Mas, afinal, como é o trabalho com esse tipo de produto?

Peso: fator fundamental para a escolha
Para definir quais esquadrias usar, é preciso analisar o comportamento estrutural do conjunto como um todo. Os materiais não devem ser pensados individualmente. “O erro mais grave encontrado é a utilização de produtos malprojetados, fracos estruturalmente e que não suportam as cargas das chapas”, relata Ronaldo Valadares Castro, gerente de Mercado da Perfil, fabricante de esquadrias. “É indispensável que se sigam as especificações de limites de área e peso suportado de cada linha do produto e, principalmente, realizar o cálculo estrutural do vidro”, afirma o professor, consultor e instrutor do Sebrae, Alexandre Araújo, que também é diretor do Canal do Serralheiro.

Características
A NBR 10821 — Esquadrias para edificações não define uma matéria-prima específica para a produção de esquadrias de grandes dimensões, explica a engenheira Fabíola Rago, coordenadora da comissão de estudos que revisou o documento recentemente. Ou seja, pode ser de alumínio, madeira ou PVC, desde que atendam os requisitos dessa norma. As empresas consultadas para esta reportagem comentaram que os de alumínio, no entanto, contam com mais robustez. “De forma geral, precisam de estrutura mais forte, incluindo principalmente roldanas”, comenta Gustavo Farias, da Alusupra, que possui extrusora de perfis em Londrina (PR) e Palhoça (SC).

E mesmo assim ainda precisam de componentes especiais, como:
– Soldagem dos cantos;
– Guias superiores reforçadas;
– Sistemas de rolamento de aço inoxidável.

 

portaAtenção às normas!
A recente revisão da NBR 10821 mudou metodologias de ensaios nos produtos e acrescentou a obrigatoriedade do uso de etiquetas que informem o desempenho acústico (para o desempenho térmico, a etiqueta é opcional). Pequenas ou grandes, todas as esquadrias devem ser aprovadas em requisitos como cargas de esforços, estanquidade à água e ao ar, resistência aos esforços dos ventos e operações de manuseio.

 

 

Como fixar o vidro?
Christian Silva, técnico-projetista da processadora Brazilglass, e Luiz Cláudio Rezende, consultor técnico da Viminas, têm dicas essenciais:

– Escolhido o tipo de esquadria, o primeiro cuidado em relação ao vidro é não deixá-lo em contato com os caixilhos;
– Folgas nas bordas e laterais são fundamentais para absorver as tolerâncias de fabricação e a dilatação térmica dos elementos envolvidos;
– Calços e borrachas precisam ser de materiais que não apodreçam ou absorvam umidade do ar, como polietileno, etileno-propileno-dieno (EPDM) ou silicone;
– Cantos das borrachas devem ser vulcanizados, ou seja, receber tratamento especial para evitar infiltração de água;
– O sistema de baguete (suporte que ajuda o vidro a ficar travado) facilita a troca da peça no caso de uma possível quebra;
– O vidro pode ser colado à esquadria de todos os lados — tudo depende do tipo de aplicação;
– Adesivos e selantes não podem atacar o vidro, especialmente quando este for laminado ou de controle solar.

Diogo Dias, da BY Silva Esquadrias, reforça ainda a importância do nivelamento do conjunto: “Isso evita que se tenham folhas desniveladas ou que se tire o caixilho do esquadro pela falta dos calços”.

E como ficam os vidraceiros?
Christian Silva, da Brazilglass, mostra o caminho: “Todo vidraceiro que deseja trabalhar com esse tipo de esquadrias necessita de mão de obra especializada e equipamentos, pois qualquer avaria na instalação trará prejuízo enorme”. Lochner, da Weiku, compartilha a mesma opinião: “É essencial que ele tenha expertise com vidros grandes, conte com espaço físico adequado para a produção e faça a logística correta”.

O professor Alexandre Araújo, por sua vez, aponta que esse profissional deve:
– Saber ler um projeto corretamente;
– Ter capacidade de fazer os cálculos de segurança;
– Ter no currículo algum treinamento, com boa didática, sobre esquadrias.

 

guindasteInstalação: o que muda em relação a esquadrias menores?
Segundo Michael Lochner, gerente de Marketing da Weiku, vários fatores devem ser levados em consideração antes mesmo do início do trabalho:
Espaço físico na empresa: quem irá fazer a usinagem e montagem dos perfis precisa de uma área sem limitações por conta das dimensões dos produtos;
Logística no transporte: use veículos apropriados para levar as peças até o canteiro de obras com segurança;
Acesso fácil: a livre movimentação do vidro durante a instalação previne acidentes e quebras. Tenha certeza de preparar o local, retirando obstáculos.

Graças ao peso, os painéis precisam ser manuseados com equipamentos especiais para içá-los. Isso irá garantir a segurança dos instaladores, além de evitar prejuízos. São permitidos:
– Caminhão munck;
– Ventosas automáticas;
– Miniguindastes.

Este texto foi originalmente publicado na edição 538 (outubro de 2017) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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