Vidroplano
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Móvel de vidro é pop

18/04/2018 - 11h30

Uma proposta estética com mais de trinta anos agora é padrão da indústria. Em 1987, o visionário designer italiano Vittorio Livi criou a Ragno, mesa construída com apenas uma peça de vidro monolítico curvada. Pela primeira vez, a decoração de interiores via as possibilidades quase infinitas de nosso material — o móvel foi tão revolucionário que ganhou naquele ano o prêmio de maior prestígio mundial para o design, o Compasso D’Oro, entregue pela associação de designers industriais italianos.

Hoje em dia, Livi, ainda vivo, pode se orgulhar de ter iniciado um movimento que transformou o vidro no principal elemento de mesas, cadeiras, armários, aparadores etc. Confira a seguir quais as tendências envidraçadas de móveis e os cuidados especiais na produção que as empresas vidreiras precisam seguir para fornecer para esse setor.

O que os clientes querem?
O aumento na aplicação do vidro é resultado direto da tecnologia vidreira, principalmente o investimento de usinas em produtos e na criação de linhas específicas para itens decorativos. “As contínuas pesquisas da indústria permitiram a obtenção de um material com melhor desempenho, tanto do ponto de vista estrutural como estético”, explica Michele Gasperini, diretor de Arte da Tonelli Design, fabricante italiana de móveis de alto padrão.

Viviane Sequetin, gerente de Produtos de Interiores da Guardian, falando também sobre o tema, destaca que, por isso, “é importante nosso setor estar atento e disponibilizar produtos que se alinhem de acordo com as tendências do mercado, como os vidros de tons bronze e champanhe, bastante usados atualmente”. O engenheiro de Aplicação da Cebrace, Evandro Castro, acrescenta: “Nosso maior desafio é espalhar conhecimento sobre o material para gerar inspiração nos especificadores e mostrar que seu uso tem infinitas possibilidades”.

Transparência não é tudo!
Para Michele, apenas o conceito de transparência não mais satisfaz o mercado. Diz ela: “Estamos antenados em novos acabamentos, cores e efeitos na superfície das peças. A influência pode vir de setores como arte e moda, por exemplo”;

Itens compactos e baratos
Objetos menores estão em alta, segundo a Glass11, marca nacional especializada em móveis. “As pessoas anseiam por verem coisas fora do comum, mas que ao mesmo tempo não carreguem um custo alto. É preciso desenvolver produtos novos com valores acessíveis”, comenta Matheus Primo, diretor-criativo da marca.

Investimento em formas livres
Dentro do conceito de inovação estão formas geométricas redondas e livres, com formatos orgânicos e curvos (ao invés de linhas retas), avalia Primo. A mistura de materiais, incluindo vidro e concreto ou vidro e madeira, por exemplo, é outra demanda do mercado.

 

Tendências modernas

estruturalAplicação estrutural
O vidro que dá suporte à peça inteira ganha espaço. É comum encontrar mesas, cadeiras ou armários inteiramente de temperados,laminados ou chapas monolíticas grossas (com até 25 mm).

coloridosCores
Segundo Marco Antônio de Souza, gerente-comercial da processadora catarinense Personal Glass, vidros coloridos com pigmentação na massa garantem mais qualidade que os pintados, pois possuem maior resistência a riscos.

espelhoEspelhos
Esse produto também não pode ser esquecido: geralmente revestem móveis e têm a função de oferecer maior amplitude ao ambiente.

 

curvaturaExtra clear e curvas
Algo que aos poucos sai de moda é o tradicional tampo reto, lembra Fernando Meller, da processadora paranaense Tempermed. “O que mais se procura atualmente são peças coloridas ou com alguma curvatura. Outra tendência é o uso de (com baixo teor de ferro e, por isso, mais transparentes), os quais oferecem mais sofisticação aos produtos.”

Segredos para produzir vidros impecáveis
As processadoras que fornecem para esse mercado devem ficar atentas. O controle de qualidade dos vidros usados em móveis exige rigor. “A precisão ao longo do processo de beneficiamento é essencial, visto que devemos trabalhar com formatos diferenciados e personalizados”, explica Débora Bortolato Barres, gerente de Marketing da A2 Vidros.

Com base nas empresas consultadas para a reportagem, é possível apontar três grandes desafios para a indústria vidreira:

Medidas exatas
Não pode haver a mínima diferença entre o pedido do cliente e o tamanho da peça processada, pois isso interfere na montagem dos objetos, causando retrabalho, perda de matéria-prima e prejuízo;

Acabamento perfeito
O processo de lapidação deve ser feito por maquinários de qualidade, que ofereçam polimento de nível superior (afinal, vidros em móveis geralmente ficam com as bordas expostas, ou seja, também é uma questão de segurança). Cuidados para evitar riscos e outras imperfeições, principalmente em chapas pintadas, também precisam ser tomados durante o transporte, como a utilização de embalagens plásticas termoencolhíveis, com espumas de polietileno protegendo as bordas, e separadores emborrachados;

Segurança
É necessário ter atenção total às principais normas aplicáveis à indústria moveleira:

NBR 14488 — Tampos de vidro para móveis – Requisitos e métodos de ensaio;
NBR 14698 — Vidro Temperado, que define as recomendações de segurança do produto e os requisitos para manuseio;
NBR 15198 — Espelho de prata – Beneficiamento e instalação;
NBR 14564 — Vidros para sistemas de prateleiras – Requisitos e métodos de ensaio;
NBR 14033 — Móveis para cozinha.

Este texto foi originalmente publicado na edição 544 (abril de 2018) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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