Vidroplano
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Setor vidreiro é discutido durante a abertura do 12º Simpovidro

26/11/2015 - 02h51

O 12º Simpovidro, enfim, começou. Na noite desta quarta-feira, a Plenária Simpovidro foi tomada pelos 814 participantes para a cerimônia de abertura daquele que, certamente, será o Simpovidro mais inesquecível de todos os tempos – veja aqui a galeria de fotos. Muito mais do que mero aspecto formal do simpósio, esse é o momento no qual a indústria de base (as patrocinadoras AGC, Cebrace, Guardian, Saint-Gobain Glass, União Brasileira de Vidros – UBV e Vivix) revela visões de mercado e planos para o futuro.

A decoração do espaço, no formato de tenda, remetia a um circo. Vale lembrar que a arte circense é o tema desta edição: uma cultura milenar que sempre se adapta às dificuldades para sobreviver por novas gerações pode ensinar muita coisa ao setor vidreiro em um momento de baixa atividade econômica.

A cerimônia se iniciou com um encantador número artístico da trupe Felchak, de Guarapuava (PR). Recheada de dança e malabarismo, a apresentação foi inspirada por temas clássicos do circo, como palhaços e animais. Ao término, o presidente da Abravidro, Alexandre Pestana, e os executivos representantes das seis fabricantes nacionais de vidro plano foram chamados ao palco. Na sequência, a cantora Raíssa Fayet interpretou o Hino Nacional Brasileiro, com o suporte de outros membros da trupe Felchak: ela foi suspensa a 7 m de altura por cabos durante toda a execução do hino, criando mais um belo espetáculo visual.

Discurso do presidente
Ao tomar a palavra, o presidente da Abravidro, Alexandre Pestana, explicou o motivo de esse encontro já ser inesquecível: “Daqui a alguns anos, você vai lembrar porque, em uma atmosfera circense, você se surpreendeu bastante, se inspirou, refletiu sobre pontos importantes em seus negócios e, ainda por cima, se divertiu muito!”

A atual situação econômica – e, consequentemente, do mercado – não foi deixada de lado. De acordo com o presidente, baseado na arte circense, o empresário vidreiro precisará equilibrar-se nas contas, fazer malabarismos com o orçamento disponível e mágica nas vendas.

Logo em seguida, deu o que pode ser considerada a sua principal mensagem, destinada a toda a cadeia. “As dificuldades são de todos e dar continuidade a essa guerra insana, com políticas de preço kamicases, inviabiliza a perenidade das nossas empresas. Negociações fazem parte, mas não se deve ultrapassar o limite mínimo do custo”, alertou.

Usinas de base
Logo depois, foi a vez de os diretores das fabricantes vidreiras, empresas que patrocinam o Simpovidro, falar sobre o que esperam do 12º Simpovidro e, principalmente, passar a visão sobre o atual momento do mercado. No entanto, uma tradição foi quebrada. Historicamente, a ordem dos discursos sempre segue o alfabeto. Mas, para que algumas empresas que sempre discursavam por último tivessem a oportunidade de falar antes, a sequência foi invertida.

Sendo assim, Paulo Drummond, presidente da Vivix, foi o primeiro a falar. “Muitos dos que aqui estão nunca viram uma crise como a que vivemos agora”, reconheceu. Por isso mesmo, alertou que os empresários do segmento não devem esperar soluções do governo, mas se unir para dar rumo aos negócios. “Precisamos dizer aos consumidores que nosso produto é barato, bonito, exótico. Ele substitui, não deve ser substituído.”

Ele também ratificou a crença da Vivix no Brasil, lançando novos produtos e mantendo os planos para a construção de uma segunda planta – embora admita que ela deve esperar uma reação na economia.

Sergio Minerbo, presidente da UBV, afirmou que o Simpovidro expressa a organização do setor vidreiro, que tem uma cadeia produtiva muito bem-definida. Ele ainda enalteceu a postura dos vidreiros diante da crise. “O profissional do vidro é um otimista. Ele segue buscando soluções e investindo”, disse.

O executivo ressaltou as ações de sua empresa, lançando produtos, e enalteceu as ações das entidades regionais, que ajudam a propagar os produtos e serviços do setor, além de qualificar a mão de obra vidreira.

Iniciante no Simpovidro, Gustavo Luiz de Jesus Siqueira, gerente-geral da Saint-Gobain Glass, foi o terceiro executivo a falar. “Este evento é referência, é o único capaz de unir todos os elos do setor. Mesmo antes de entrar no segmento do vidro, já ouvia falar sobre ele”, falou, ressaltando o ambiente familiar encontrado.

Sua mensagem foi de esperança: “Um tempo atrás, enfrentamos inflação de 80% ao mês. Isso mostra que sabemos superar momentos difíceis”, constatou. Falou ainda sobre algumas ações da Saint-Gobain Glass, como a reforma de seu galpão. “A crise é o melhor momento para inovar”, concluiu.

Eduardo Borri, diretor-executivo da Guardian, lançou mão de uma apresentação visual, apresentada nos telões do evento. Ressaltou o orgulho de ser brasileiro, mesmo no atual momento. Como ilustração, citou a relação de um avião com o vento de proa – que vai de encontro à aeronave durante a decolagem. “É impossível decolar um avião sem o vento de proa”, disse. Ou seja, o que a princípio pode parecer contrário ao avião, na verdade serve de auxílio para a decolagem. Assim deve ser a crise para os negócios.

Borri ainda deu sugestões aos gestores: definir uma visão aos negócios, investir em marketing, prestar atenção nas questões financeiras, ter excelência operacional e ter atenção aos recursos humanos. Por fim, defendeu o associativismo, afirmando que unido é que o setor conseguirá lutar.

A Cebrace teve como porta-vozes seus diretores-executivos, Leopoldo Castiella e Reinaldo Valu. Este último foi o primeiro a falar, reconhecendo a importância do Simpovidro para discussão dos rumos do setor. Ele enalteceu algumas conquistas do últimos anos, como o decreto definitivo por parte do governo do antidumping para vidros float vindos da Arábia Saudita, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos da América e México. Ele ainda falou sobre o apoio da Cebrace a uma maior normalização no setor e disse que a empresa continuará investindo na divulgação da linha Habitat (de vidros de proteção solar para residências) e no programa “Nova geração”, voltado a empresas vidreiras com gestão familiar.

Castiella, por sua vez, reforçou a confiança da Cebrace no Brasil, investindo em produtos de maior valor agregado e na melhoria dos serviços. “Prova da confiança está no fato de darmos continuidade ao nosso planejamento: construiremos uma nova linha de float em Caçapava (SP) e aumentaremos a capacidade de produção de nossa fábrica em Barra Velha (SC)”, revelou.

Por fim, Davide Cappellino, CEO da AGC Vidros do Brasil, tomou o púlpito. Ele falou sobre os produtos que a empresa, ainda nova no País, já oferece ao mercado e ainda citou a prestação de serviços, que, de acordo com avaliação junto a clientes promovida pela própria empresa, foi aprovada.

As dificuldades econômicas, claro, também foram citadas. “Projetamos uma retomada no crescimento para o futuro, não com o mesmo índice de crescimento que no passado.” Segundo o dirigente, a aposta agora deve ser em vidros decorativos e não apenas para a construção civil.

Ao fim, aconteceu o já tradicional jantar, servido com as pessoas em pé para facilitar a interação. Esse foi só o começo de um Simpovidro que, como se sabe, promete ser inesquecível.



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