Vidroplano
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O futuro chegou. E agora?

09/05/2018 - 12h00

Há uma revolução acontecendo no mundo. E o que nosso setor tem a ver com isso? Tudo! O conceito de “digitalização industrial” veio para ficar. Nas feiras estrangeiras de alcance mundial, como Glasstec (Alemanha) e Vitrum (Itália), ou em fóruns vidreiros, como o Glass Performance Days (GPD), o tema é tratado como realidade: expositores fazem questão de divulgar que seus equipamentos atendem esses requisitos.

Segundo o estudo Tendências mundiais e nacionais com impacto na indústria brasileira, produzido este ano pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), o desenvolvimento da Indústria 4.0 no País é fundamental para a competitividade das companhias, tanto no mercado interno como externo. Afinal, o Brasil ainda está atrás de nações estrangeiras na questão tecnológica. Quem não acompanhar essas mudanças ficará com os negócios estagnados por conta de processos obsoletos e desperdício de recursos. Por outro lado, quem embarcar terá maior produtividade e mais capacidade de gerir sua infraestrutura, ficando passos à frente dos concorrentes.

Por isso, chegou a hora de conferir por que será necessário abraçar esse novo momento da indústria mundial. Veja nas próximas páginas os benefícios que podem ser gerados e noções gerais de como o empresário deve se preparar.

O que é a Indústria 4.0?
O nome vem do fato de ser considerada a Quarta Revolução Industrial, consistindo no uso de maquinários automatizados e conectados por tecnologias digitais. Essa conexão entre sistemas, máquinas e pessoas permite a coleta e a troca de dados entre eles (é a tão falada Internet das Coisas).

As empresas brasileiras estão preparadas?
A revolução ainda está acontecendo e está longe de terminar. Mesmo os países mais avançados, como a Alemanha e os Estados Unidos, ainda se adaptam às mudanças, conforme revela Vinícius Fornari, especialista em Políticas e Indústria da CNI. “Seria especulação dizer quando isso pode se tornar realidade por aqui. No entanto, é uma situação que deve ser encarada como oportunidade para o mercado se desenvolver”, afirma.

Porém, a relevância de se usar tecnologia precisa estar presente na cultura industrial. Pesquisa realizada em 2016 pela entidade, envolvendo mais de duas mil companhias nacionais de todos os portes, revela que apenas 58% delas conhecem a importância do digital — e pouco menos da metade utiliza recursos desse tipo.

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Afinal, o que as empresas vidreiras precisam fazer para serem 4.0?
Caso não tenham maquinários automatizados e softwares que gerenciem processos (chamados ERPs), as companhias terão de se adaptar. O fundamental para estar na Indústria 4.0 é:

– Possuir equipamentos controlados por tecnologias digitais;
– Adaptar layouts e processos;
– Desenvolver competências para lidar com novos modelos de negócio.

Segundo Vinícius Fornari, da CNI, os gestores precisam conhecer seus empreendimentos, com atenção a dois fatores essenciais:

– Tamanho dos negócios;
– Necessidades da produção (capacidade, consumo de energia, prazos de entrega, turnos de funcionários etc.).

A partir disso, será possível traçar metas. O ideal é desenvolver um plano empresarial estratégico de longo prazo, analisando o tipo de investimento a ser feito.

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Os segredos das máquinas

Atualmente, instalar um sistema ERP tornou-se fundamental para a produtividade. Mas só isso não basta. Cláudio Lúcio da Silva, instrutor técnico da Abravidro, afirma que não é qualquer maquinário automático que pode ser considerado 4.0. Existe uma série de fatores que devem ser atendidos pelos equipamentos.

O mais importante deles é a conexão e o acesso à nuvem (forma de armazenar dados na Internet ao invés de local físico). Com ela, será possível gerar relatórios em tempo real com dados da produção, permitindo acompanhar todo o beneficiamento, transporte e entrega, com o objetivo de evitar erros e retrabalhos. “Isso vai reduzir drasticamente o famoso ‘jeitinho’, tornando as etapas transparentes”, destaca Cláudio Lúcio.

Outros requisitos básicos:

Set up autônomo;
Sistema de autocorreção e adequação de processos;
Sistema de monitoramento de perdas (para analisar tempo de processamento, desempenho e qualidade dos produtos).

A tecnologia vidreira evoluiu bastante nos últimos anos — e soluções próprias para atender esses novos desafios industriais já são fornecidas por fabricantes de maquinários. “Hoje, podemos disponibilizar linhas integradas completamente automáticas em qualquer tamanho de instalações e com flexibilidade de opções, permitindo maior otimização da mão de obra”, comenta Gianluca Ceriani, diretor da Bottero do Brasil.

Preparando-se para o inevitável
As fábricas em geral vão adotar modelos 4.0 em um futuro próximo. Porém, não é necessário começar uma corrida maluca atrás de soluções imediatas. Como pudemos ver ao longo da matéria, o empreendedor vidreiro precisa:

– Preparar um plano estratégico para conferir que tipo de investimento terá de fazer;
– Saber em quais setores sua empresa pode evoluir tecnologicamente;
– Ficar atento às soluções em maquinários oferecidas pelo mercado.

Assim, estará pronto para entrar nessa nova fase da indústria mundial.

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O que a Indústria 4.0 vai trazer de bom para a produção vidreira?
Em artigo para o Glastory, site de conteúdo técnico vidreiro da Glaston, o diretor de Negócios da empresa, Miika Äppelqvist, explica que “o objetivo de automatizar uma linha de têmpera não é adicionar tecnologia ao processo apenas pelo bem da tecnologia. Na verdade, trata-se de eliminar ações e trabalhos que não agregam valor”. Markus Kerzendorfer, gerente de Projetos de Software da Lisec, aponta as mudanças que podem ocorrer:

– Aumento de velocidade da produção, devido ao controle online das máquinas (sem entrada manual de dados)
– Mais produtividade, pois o sistema assume o controle produtivo
– Menos erros, já que existe menor intervenção humana
– Integração automática de retalhos e menos chapas remanescentes no corte
– Rastreamento de dados. É possível registrar quais parâmetros para cada máquina foram usados para produzir determinado vidro

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Por que estar “sempre online
Riku Färm, engenheiro de Gestão de Produtos da Glaston, indica (em artigo no Glastory) os benefícios gerados a partir da perspectiva do profissional vidreiro:

ENGENHEIROS DE MANUTENÇÃO — poderão analisar falhas de máquinas a distância. Os equipamentos podem ainda detectar peças que estão em risco de falha iminente;
GERENTES DE PRODUÇÃO — terão menos trabalho manual, pois conseguirão retorno preciso sobre os produtos feitos e a capacidade de processamento;
OPERADORES — conhecerão os níveis de produção. Os equipamentos conseguem, automaticamente, sugerir configurações ideais para determinado tipo de vidro;
GERENTES DE FÁBRICA — terão à disposição a análise completa da fábrica, incluindo estado de maquinários.

 

IMG_8666PPCPE é 4.0!
Você quer modernizar sua empresa, mas não sabe como começar? Um importante primeiro passo para as processadoras é participar do módulo de Planejamento, Programação, Controle da Produção e Estoques, da Especialização Técnica Abravidro. Como explica Cláudio Lúcio, o treinamento está alinhado com esses conceitos: “Tem o foco nas necessidades imediatas das empresas, trazendo alto desempenho e excelência”.

No curso são apresentados:
– PCP profissional voltado ao beneficiamento de vidros para arquitetura e construção civil
– Capacidade efetiva do parque industrial e prevenção de problemas que afetam a produção
– Perdas geradas no processo de atendimento do pedido
Softwares de gestão: obtenha o melhor funcionamento do sistema
– Visualização do pedido perfeito

A próxima turma será realizada em 23 e 24 de agosto (mais informações no link bit.ly/próximoPPCPE).

 

A Indústria 4.0 na prática — estudo de caso: AGC
700409Empresas de qualquer tamanho deverão se adaptar à tecnologia digital, inclusive usinas vidreiras. A AGC, por exemplo, baseou sua planta no Brasil, inaugurada em Guaratinguetá (SP) em 2014, na ideia de “fábrica inteligente” desde o início da operação. “Esse modelo também será replicado em nossa segunda planta, que está em construção na mesma cidade”, revela Monica Gomes, gerente de Produção da companhia.

Segundo a AGC, dois passos foram fundamentais para utilização desse conceito:

– Pesquisa aprofundada por soluções inovadoras, realizada pelas áreas de engenharia e tecnologia da informação. No caso, a equipe nacional contou com apoio das holdings do grupo na Europa e Ásia para saber o que caberia ou não na sua produção;
– Formação de equipe de profissionais tecnicamente capacitados para trabalhar com as tecnologias. Assim, o treinamento da mão de obra se mostrou fundamental.

“Os investimentos valem muito, pois tornam os processos mais robustos, eficientes e seguros, contribuindo para a melhoria dos resultados globais e, consequentemente, tornando a AGC ainda mais competitiva no mercado brasileiro”, define Monica Gomes.

Este texto foi originalmente publicado na edição 545 (maio de 2018) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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