Vidroplano
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Os ‘guarda-costas’ do nosso material

21/06/2016 - 12h49

Ao transportar o vidro, não basta escolher o tipo mais adequado de veículo para assegurar que nosso material chegará em perfeitas condições ao seu destino: ele também precisa ser protegido de vibrações, impactos, danos superficiais e até mesmo do contato entre uma chapa e outra.

É aí que entram os protetores e as embalagens, produtos voltados especialmente para a segurança de cada peça em relação aos perigos presentes na viagem e na hora de carregá-la e descarregá-la. Eles podem ser colocados em diferentes partes do vidro e ser fabricados com diferentes materiais, resultando em uma grande variedade de opções disponíveis no mercado.

Para ajudar a garantir essa segurança em todos os elos da cadeia vidreira, representantes do nosso setor, fabricantes de protetores e embalagens e especialistas apresentam a seguir informações sobre produtos para a segurança do vidro e os cuidados para sua aplicação.

Nas fabricantes: grandes cuidados para grandes vidros
As chapas de vidro são transportadas das fábricas para as processadoras presas em colares (molduras de aço travadas umas nas outras) ou em cavaletes (estruturas metálicas com borrachas, nas quais os vidros são apoiados e presos). Uma alternativa recente é a SteelCap, marca registrada de embalagem desenvolvida e patenteada pela brasileira Adezan (saiba mais no quadro Variedade de opções no mercado).

O principal protetor do vidro nessa etapa é o pó separador, aplicado de forma uniforme na superfície de cada chapa. “Ele possui um polímero que funciona como proteção mecânica durante o transporte e manuseio do vidro”, explica Marcio Silva, analista de Logística da AGC do Brasil. “O pó separador também ajuda a evitar a erosão e a irisação na superfície do vidro no atrito causado no transporte de longas distâncias por via terrestre”, acrescenta Francisco Conte, gerente de Logística da Vivix. No caso de vidros de controle solar, o uso de fitas adesivas especiais nas bordas é uma proteção adicional para impedir a oxidação de seu revestimento.

Isopores também ajudam na proteção da carga: “Usamos peças de isopor em formato de ‘I’ para intercalar os pacotes de vidro”, comenta Rafael Takai, engenheiro de Processos da Guardian. No caso de colares, também pode ser colocada espuma entre eles.

Vale destacar ainda o uso de grampos para fixar a carga nas travessas dos caminhões, e de forros: “São eles que protegerão os vidros contra intempéries durante o transporte”, aponta Silvio Ramos, supervisor de Logística Corporativa da Cebrace.

Nas processadoras: proteção não se limita à peça final
Os vidros temperados costumam sair das processadoras com os devidos protetores. O problema é que não basta proteger apenas a peça finalizada: “A maioria das empresas beneficiadoras não usa qualquer intercalário nos vidros entre uma etapa e outra do processamento — e, por isso, acabam tendo altos índices de perdas, com suas peças sofrendo riscos e avarias”, afirma Cláudio Lúcio da Silva, instrutor técnico da Especialização Técnica Abravidro. Segundo ele, muitas processadoras só colocam intercalários nos vidros já temperados, antes de seu transporte.

“Trabalhamos com várias opções para proteger os vidros durante sua movimentação: dependendo do tipo do vidro, tamanho e outros detalhes, podemos usar espaçadores de cortiça, barbantes de algodão, plásticos ou papel virgem alcalino”, explica Renato Santana, supervisor de Controle de Qualidade da processadora paulista GlassecViracon. “As cantoneiras também são fundamentais, especialmente para os vidros temperados, pois as quinas são as partes mais vulneráveis neles”.

Nas vidraçarias: assegurando qualidade ao cliente
“Normalmente, as vidraçarias utilizam os vidros nas condições em que lhe são entregues pelas beneficiadoras”, observa Cláudio Lúcio, da Abravidro. Segundo ele, os protetores e cuidados nessa etapa são os mesmos de uma processadora, embora os veículos para transporte sejam menores. Cantoneiras e calços de papelão são bastante usados em vidraçarias, bem como o revestimento de certas peças com plástico bolha.

Atenção na hora de entregar o produto ao cliente: alguns protetores são fixados com o uso de cola. Caso ela já venha aplicada no protetor ou os dois produtos sejam do mesmo fabricante, é importante consultá-lo para saber como remover os restos de cola da superfície do vidro — muitas vezes, passar levemente um pano com água é suficiente.

Perigo à frente!
A escolha de protetores e embalagens confiáveis é muito importante para o transporte do vidro, mas os cuidados não acabam aí. “O principal perigo é a movimentação da carga, o que não pode ocorrer”, comenta Marcela Calabre, responsável pelo Marketing da Saint-Gobain Glass. Mas, mesmo com o travamento das embalagens em escoras de madeira ou metal, Marcela reforça que o motorista precisa:

  • evitar freadas bruscas;
  • diminuir a velocidade em estradas acidentadas;
  • passar suavemente sobre lombadas e valetas.

Iniciativas como a campanha Amigo Vidraceiro, da AGC, têm sido realizadas para capacitar os motoristas e permitir que eles estejam sempre atentos a qualquer perigo e entendam suas responsabilidades.

 

Principais tipos de protetores para o vidro
Cantoneiras: são colocadas nas quinas (pontas) do vidro. O material mais usado é o papelão, de preço mais acessível, mas também podem ser feitas de isopor, madeira e outras opções

Calços: usados para proteger as laterais e a face do vidro. Nesse segundo caso, são conhecidos também como intercalários ou separadores, sendo comumente feitos com borracha, cortiça ou papelão

Perfis: colocados nas laterais do vidro (o ideal é que eles cubram toda a extensão de cada lateral da peça), o ideal é que sejam feitos de materiais resistentes, como plástico ou polietileno

Mantas: são usadas para revestir o vidro e oferecer maior resistência. Costumam ser feitas com materiais plásticos, e algumas vezes são substituídas por plástico bolha (mais acessível, mas menos resistente)

Filmes de proteção: revestem todo o vidro. Embora não agreguem resistência a impactos, esses produtos protegem o vidro de riscos, manchas, sujeira e umidade

 

Resistente a pancadas
Fora do Brasil, uma das opções para os vidros são os protetores de borda blindados da alemã Bohle. Tratam-se de peças emborrachadas capazes de proteger o vidro de impactos em colisões e até de quedas de mais de um metro de altura.

 

Variedade de opções no mercado
Não são poucas as empresas que trabalham com produtos para a proteção do vidro. Confira algumas delas a seguir:

Adezan: em vez de cavaletes, colares ou caixas de madeira, o grupo desenvolveu a SteelCap, embalagem para múltiplas chapas de vidro. O perfil interno de sua moldura é de papel laminado com calços de borracha para absorção dos impactos, enquanto o perfil externo, de aço, confere leveza e resistência. “A SteelCap é uma embalagem compacta, permitindo redução de custos, ganho de armazenagem e acesso rápido e fácil ao vidro ao desmontá-la, além de ser 100% feita com materiais recicláveis”, destaca Cesar Zanchet Filho, gerente de Projetos para Embalagens para Vidro da Adezan

C&A Embalagens: trabalha com cantoneiras (incluindo algumas específicas para espelhos) e calços de papelão — estes últimos também podem ser usados como separadores. A C&A também comercializa separadores emborrachados, que conferem maior proteção às peças. “A aplicação dos nossos produtos é rápida e fácil, e todos contam com garantia”, afirma Antéo Olivatto Junior, proprietário da empresa. “Contamos com um setor de qualidade para análise constante dos nossos materiais”

Cantoneiras Santana: a empresa desenvolve cantoneiras e calços de papelão (que podem ser personalizados com a impressão da logomarca do cliente), e também fabrica protetores especiais de papelão conhecidos como espingardas, capazes de proteger quase a metade da lateral de um vidro para boxe de banheiro

Packpol: além das cantoneiras e calços de papelão ondulado, também fabrica os mesmos produtos com polpa moldada de papelão. “Trata-se de um material mais sólido, cujo interior é formado de fibras entrelaçadas, garantindo maior resistência”, garante Elisa Tressoldi, proprietária da Packpol. A fixação dos protetores é feita com uma cola especial, que não provoca manchas nos vidros: os resquícios dela podem ser retirados manualmente, com pouco esforço

Projepack: para nosso setor, conta com a linha Modular Glass de máquinas para embalagem automática de cada peça de vidro com plástico termoencolhível. “Além da embalagem proteger o vidro contra sujeira, umidade e riscos, nossas máquinas podem embalar volumes de diferentes dimensões para atender às necessidades de cada cliente”, destaca Valter Moro, gerente comercial da empresa. Ele também destaca que a Projepack realiza treinamentos para ensinar os compradores a operar a Modular Glass e obter a melhor relação custo-benefício

Promaflex: para o setor vidreiro, fabrica filmes e espumas autoadesivos, cuja aplicação pode ser manual ou automática, além de contar com filmes para caixilhos. “Como nossas soluções são adesivas e removíveis, sua aplicação pode ser feita tanto na linha de beneficiamento do vidro como em sua montagem nas esquadrias ou até na própria instalação, garantindo sua proteção contra manchas e sujeiras até que as obras tenham sido finalizadas”, explica Andrea Velletri Martins, gerente de Marketing da Promaflex

Styroplast: disponibiliza cantoneiras, mantas e perfis de polietileno expandido, sem necessidade de material aderente para sua fixação ao vidro. “O maior diferencial de nossos produtos é a proteção contra impactos, pois o polietileno não transfere o impacto para os vidros”, aponta Luciano Marcolino, coordenador de Vendas da Styroplast

Superkraft: fabrica protetores de papelão ondulado, como cantoneiras e calços. “Nossos produtos podem ser comprados com cola ou sem cola”, explica Douglas Lopes, diretor comercial da Superkraft. “As cantoneiras sem cola podem ser usadas em vidros revestidos com plástico termoencolhível, enquanto para vidros não embalados, recomendamos o uso dos protetores com nossas colas, à base d’água, que podem ser removidas em seu destino final com um pano umedecido com água ou removedor”

 

Atenção!

  • Antes de adquirir intercalários, pergunte ao fabricante qual é seu pH para evitar manchas: vidros baixo-emissivos não podem receber intercalários com pH ácido, enquanto materiais com pH alcalino não são recomendados para a proteção de vidros sodo-cal comuns;
  • Evite adesivar qualquer material intercalário na superfície do vidro durante o seu processamento;
  • Jamais coloque protetores ou embale os vidros quando eles estiverem úmidos: certifique-se de que cada chapa ou peça esteja limpa e seca;
  • Para proteger vidros com face metalizada ou revestimento especial, costuma-se colocar de um lado do pacote o chamado “vidro de sacrifício”: “Trata-se de uma chapa diferente daquelas que está protegendo, não sendo recomendado para uso”, aponta Rosemara Rocha, engenheira de Aplicação da Cebrace.

 

Fale com eles!
Abravidro — www.abravidro.org.br
Adezan — www.adezan.com.br
AGC — www.agcbrasil.com
C&A Embalagens — www.ceaembalagens.com.br
Cantoneiras Santana — (11) 4644-1251
Cebrace — www.cebrace.com.br
GlassecViracon — www.glassecviracon.com.br
Guardian — www.guardianbrasil.com.br
Packpol — www.packpol.com.br
Projepack — www.projepack.com.br
Promaflex — www.promaflex.com.br
Saint-Gobain Glass — br.saint-gobain-glass.com
Styroplast — www.styroplast.com.br
Superkraft — www.superkraft.com.br
Vivix — www.vivix.com.br

Este texto foi originalmente publicado na edição 522 (junho de 2016) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista clicando aqui



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