Vidroplano
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Por dentro do mundo das ferragens para vidro

21/03/2016 - 14h37

Um vidraceiro não trabalha só com o vidro, mas também com as ferragens, parceiras quase inseparáveis de nosso material. São elas que permitem a fixação e a movimentação dos vidros em portas, janelas, fachadas e outras aplicações na construção civil. Apesar do grande número de opções no mercado, a escolha da ferragem deve ser feita com muito cuidado, para garantir a segurança do vidro instalado e das pessoas próximas a ele.

Por isso, conversamos com profissionais do ramo e preparamos uma reportagem especial para você, vidraceiro.Também adiantamos um pouco do que deve dizer a norma técnica para ferragens em fase de desenvolvimento. Boa leitura!

De olho nas matérias-primas

Ferragens para vidro podem ser feitas com diferentes materiais. Embora o projeto de norma em desenvolvimento (saiba mais sobre ele na página 40) não defina uma matéria-prima específica para sua fabricação, é importante conhecer o que cada uma delas tem a oferecer.

Zamac

Características: O zamac é uma liga metálica não ferrosa, com resistência mecânica similar à do latão. É hoje o material mais utilizado
na fabricação de ferragens para vidro
Aplicações: Apresenta bons resultados em ambientes internos, segundo Wellington Neves, gerente-comercial da Gold News. Nelson Libonatti, diretor-geral da Glass Vetro, acrescenta que o zamac é mais recomendado em instalações em que as ferragens não precisem suportar grandes esforços
Custo: Costuma ser bastante acessível, apenas mais caro que o polímero

Latão

Características: Marco Musolino, diretor-comercial da Metalúrgica GMS, explica que o latão é um material nobre, com excelentes
resistências mecânica e à corrosão
Aplicações: Indicado para áreas litorâneas, com maresia, e zonas industriais (também pode ser usado em aplicações internas e externas)
Custo: O mais alto do mercado — segundo Libonatti, da Glass Vetro, ele chega a ser até 15% mais caro que o aço inoxidável

Aço inoxidável

Características: Laurenil de Castro, diretora-comercial da Belga Metal, aponta que ele é considerado um material de alto padrão, com grande resistência mecânica e que dispensa a necessidade de acabamentos, já apresentando brilho característico
Aplicações: Libonatti, da Glass Vetro, indica que a aplicação depende da composição do aço inox:
• Inox 201: apesar de ser mais barato, apresenta restrições para uso em áreas externas
• Inox 304: aconselhado para uso em áreas externas
• Inox 316: composição mais resistente à maresia, ideal para áreas litorâneas
Custo: As ferragens de aço inox geralmente estão entre as mais caras no mercado, podendo custar até 20% a mais que o zamac

Polímero

Características: Ao contrário das outras matérias-primas normalmente usadas para fabricar ferragens, o polímero não é um metal, mas um material plástico
Aplicações: Max Del Olmo Filho, diretor-comercial da AL Puxadores, observa que o polímero pode ser usado tanto em aplicações internas como externas, pois não oxida.
Custo: Costuma apresentar os preços mais competitivos do mercado

Alumínio

Características: Material leve, dispensa acabamento superficial, apresentando por si só um aspecto liso e um pouco fosco. Gleibe Rodrigues, sócio-proprietário da Ferragens TQ, destaca que é possível escolher a liga e têmpera ideais do alumínio para conferir à ferragem a dureza e resistência necessárias para sua aplicação
Aplicações: Segundo Bernardo Grimberg, diretor-comercial da BonnaDio, pode ser usado em aplicações externas ou internas, apresentando boa durabilidade
Custo: As ferragens de alumínio costumam encontrar-se na média: nem caras, nem baratas

Finalizando o produto

Hoje, diferentes opções de acabamento são usadas para conferir uma aparência bela e harmoniosa às ferragens. E elas não contribuem  só para a estética do produto: segundo Edinilson Ferreira de Macedo, responsável pelo setor de Engenharia de Desenvolvimento da Metalúrgica WA, o acabamento também ajuda a preservar as peças em relação ao passar do tempo, além de protegê-las contra a  oxidação. Veja os principais acabamentos:

1) Cromado

Como é feito — Por meio de uma série de “banhos” da ferragem para recobri-la com uma camada de cromo;
Aparência — A peça cromada tem maior brilho e aspecto espelhado. Por esse motivo, as manchas causadas pelo contato e riscos ficam mais visíveis, exigindo mais cuidados em sua instalação e manutenção;
Em que materiais — Mais utilizado com latão e zamac. Não costuma ser feito com ferragens de alumínio, pois o processo para cromação desse material é mais trabalhoso, mas empresas como a Ferragens TQ já dispõem de tecnologia para isso.

2) Escovado

Como é feito — Por meio da abrasão (lixamento) da ferragem;
Aparência — A ferragem escovada tem a cor do material usado em sua fabricação, com pequenas ranhuras (linhas muito finas na mesma direção) em sua superfície;
Em que materiais — Usado normalmente em ferragens de aço inox e latão

3) Pintado

Como é feito — Com a aplicação de tinta em pó à base de epóxi e poliéster, em cabinas de pintura eletrostática;
Aparência — A pintura forma um filme rígido sobre a ferragem, permitindo que a tinta tenha ampla fixação à peça (sem escorrer) e confira a cor desejada a ela — segundo Denise Fonseca, gerente-comercial da Glasspeças, há uma ampla variedade de cores disponíveis, como preto, branco, cinza e bronze, entre outras;
Em que materiais — Bastante utilizado em ferragens de zamac. Peças de alumínio e latão também costumam receber esse acabamento.
Acetinado — Segundo Márcio Tavares, gerente-comercial da Stam, trata-se de uma variação do acabamento pintado, com a aplicação de pintura eletrostática com aspecto de aço ou alumínio fosco.

O que você encontra no mercado

As empresas especializadas em ferragens que responderam à nossa reportagem oferecem diversas soluções. Confira!

Adequação ao mercado — Uma das ações recentes da Metalúrgica WA foi a mudança do alumínio para o zamac como matéria-prima para suas ferragens. Para a empresa, o novo material permite processos produtivos mais enxutos e preços mais competitivos.

Ampla abertura — A Glass Vetro promete vários lançamentos em junho de 2016. Enquanto isso, a empresa já comercializa as dobradiças da linha Premium, disponíveis em zamac (foto), aço inox ou latão: elas proporcionam a abertura da porta para ambos os lados, em 180°.

Beleza e resistência — Um dos destaques da Gold News no mercado é a linha 48 de dobradiças. De aço inox, elas apresentam design com cantos arredondados e superfície polida. Podem ser aplicadas em diversos tipos de porta de vidro, mesmo em áreas litorâneas.

Matéria-prima diferenciada — A AL Puxadores afirma ter revolucionado o mercado nacional com a introdução das ferragens de polímero, com custos mais atrativos e acabamento diferenciado. A empresa já está preparando novas soluções para o mercado envolvendo o material.

Para vidros grandes — As dobradiças Jumbo da Belga Metal, para portas de grandes dimensões, são de aço inox e suportam até 130 kg.

Privacidade garantida Um dos lançamentos exclusivos da Ferragens TQ foi a fechadura para portas de vidro em cabinas de banheiros públicos. O produto, para portas de vidro, conta com display informando se o espaço está livre ou ocupado.

Prontas para emergência — A linha de soluções da BonnaDio inclui o kit para instalação de barras antipânico. As peças, incluindo a  fechadura na face do vidro oposta à da barra, são de aço revestido com pintura eletrostática.

Segurança extra — A Dobradiça Superior + Segurança, da Metalúrgica GMS, foi desenvolvida para uso em portas de vidro com película de segurança (também pode ser usada em outras portas). Com trava de segurança que a mantém fixa ao mancal (ferragem em que o eixo da porta é apoiado) superior, se o vidro quebrar, ela segura a porta no lugar, evitando acidentes.

Versatilidade no travamento — Uma das soluções oferecidas pela Stam é o Miolo 2002 para fechaduras. O produto tem mecanismo de lingueta com trava universal, podendo ser instalado em portas de vidro de bater ou de correr, e seu cilindro é intercambiável — ou seja, é possível trocá-lo sem precisar desmontar toda a fechadura.

Vidro em movimento — A Glasspeças possui uma linha de carrinhos Stanley com sistema de mão amiga (foto, aplicados na parte superior da porta), o qual permite a abertura e o fechamento de um sistema com uma folha de vidro fixa e até dez folhas móveis bastando mover uma das peças de vidro.

Para a proteção — A Pado oferece sua linha Glass, com fechaduras para portas e janelas de vidro. A caixa, tampa e lingueta do produto são de aço inoxidável, enquanto o cilindro é de zamac. As fechaduras estão disponíveis no padrão Blindex (com lingueta dupla ou simples) e Santa Marina — com pino. Os produtos possuem acabamento cromado, cromado acetinado, bronze oxidado e bronze.

Sem risco de contaminação

Embora ainda não seja usado para fabricação de ferragens para vidro no Brasil, o cobre antimicrobiano é apontado por Roney Margutti, gerente de Tecnologia do Sindicato da Indústria de Artefatos de Metais Não Ferrosos no Estado de São Paulo (Siamfesp) e coordenador da Comissão de Estudo Especial de Ferragens (ABNT/CEE-188), como uma tendência a médio prazo para o mercado nacional de maçanetas, fechaduras e puxadores.

No estacionamento do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, guichês e corrimãos já foram
revestidos com cobre. “Devido ao risco de contaminação por micro-organismos, há uma iniciativa de se desenvolver produtos com esse material, para uso principalmente em espaços públicos”, explica. O cobre tem capacidade de eliminar 99,9% das bactérias de suas superfícies, reduzindo riscos de transmissão de doenças. Dentre suas características destacam-se:

• Ação bactericida contínua, ideal para evitar a contaminação de superfícies de contato em espaços públicos;
• Coloração dourada avermelhada;
• Excelente resistência mecânica e à corrosão.

Especificação: todo cuidado é pouco

A especificação de ferragens para vidro é fundamental para a segurança da instalação. As fontes consultadas para esta reportagem recomendam que sempre se deve conferir:

  • Se o produto apresenta garantia;
  • Se a fabricante das ferragens tem histórico confiável;
  • As espessuras e dimensões máximas do vidro para as quais os produtos são recomendados;
  • Qual a facilidade de reposição das ferragens, quando necessária;
  • Se a região em que o vidro será instalado requer ferragens com materiais ou acabamentos específicos.

Aprendendo a instalar corretamente

As fabricantes de ferragens são ótimas fontes para orientar os vidraceiros como instalar seus produtos. A Glass Vetro, por exemplo, realiza treinamentos em sua matriz, nas lojas franqueadas e mesmo nas instalações do cliente interessado: “Ensinamos toda a parte de aplicabilidade e instalação das ferragens no vidro, os cuidados e a verificação de normas técnicas relacionadas a esse trabalho”, aponta Nelson Libonatti.

Norma a caminho!

Embora não haja atualmente uma norma em vigor específica para ferragens para vidro, isso deve mudar em breve: um projeto de norma para elas já está sendo elaborado pela ABNT/CEE-188. “No momento, estamos na fase de testes laboratoriais”, explica Roney Margutti, coordenador da comissão. “Se tudo correr bem, devemos liberar o texto do projeto para consulta nacional em meados deste ano.”

Alguns pontos destacados pela norma são:

• A descrição e os códigos das ferragens, para facilitar a comunicação entre os elos da cadeia produtiva (fabricantes de ferragens, processadores e vidraceiros;
• As especificações para o recorte do vidro para cada uma das ferragens;
• A marcação de identificação do fabricante na ferragem;
• O desempenho mínimo esperado para as ferragens, como:
• Resistência dos parafusos de fixação;
• Resistência à corrosão do conjunto montado;
• Durabilidade das ferragens móveis;
• Verificação do escorregamento dos vidros.

Fale com eles!

ABNT — www.abnt.org.br
AL Puxadores — www.alindustria.com.br
Belga Metal — www.belgametal.com.br
BonnaDio — www.bonnadio.com.br
Ferragens TQ — ferragenstq.com.br
Glass Vetro — www.glassvetro.com.br
Glasspeças — www.glasspecas.com.br
Gold News — www.goldnews.com.br
Metalúrgica GMS — www.gms.com.br
Metalúrgica WA — www.metalurgicawa.com.br
Pado — www.pado.com.br
Siamfesp — www.siamfesp.org.br
Stam — stam.com.br

Este texto foi originalmente publicado na edição 519 (março de 2016) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista clicando aqui



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