De 5 a 7 de novembro, líderes de grandes marcas se dirigiram ao Expo Center Norte, em São Paulo, para acompanhar o RD Summit, um dos principais eventos de marketing, vendas e inovação da América Latina. Este ano, foram mais de trezentas palestras de especialistas renomados com conteúdo distribuído em diversas trilhas, palcos, salas de masterclass e arenas especiais.
Nossa reportagem esteve no evento para conferir insights aplicáveis ao nosso setor e, em meio a muito conteúdo disruptivo, fez uma seleção de cinco ensinamentos que influenciam o marketing das empresas, a administração e o recrutamento (também servindo para a gestão de carreiras). Confira:
1. A IA mudou a forma como o cliente se relaciona com as marcas
Massificada em 2022 com a popularização do Chat GPT, a Inteligência Artificial (IA) é cada vez mais adotada pelas empresas em suas estratégias de marketing e traz discussões importantes sobre como ela otimiza e também impacta o trabalho – e seu futuro.
Rafael Rez, especialista em marketing de conteúdo, explicou que a IA mudou o jogo do tráfego, diminuindo essa métrica que era um dos grandes balizadores sobre o sucesso do posicionamento das marcas na web. “O objetivo final não é mais gerar clique, mas sim ajudar o cliente a tomar uma decisão”, explica. É aí onde mora o valor da qualidade do conteúdo – e como ele vai ajudar seu cliente a chegar até você por meio das ferramentas de IA. “O objetivo é, ao invés de ser mencionado pela IA, ser escolhido por ela, transformando informação em ação, ajudando o cliente ao longo de sua jornada de compra.”
2. Conteúdo: IA é importante, mas é preciso método e narrativas próprias
Apostar em um único canal; atirar para todos os lados sem estratégia definidas; ser refém do algoritmo; falar como marca (e não como pessoa); depender apenas da Inteligência Artificial para produzir conteúdo sem método: esses são alguns dos erros capitais de uma marca na hora de criar conteúdo para construir relevância, segundo Luiz Zaka, fundador da Drops, curadora das newsletters TechDrop, AiDrop e MoneyDrop, queridinhas dos profissionais descolados das áreas de tecnologia, marketing e do mercado financeiro.
Zaka explicou os principais pilares da construção de um planejamento estratégico na hora de criar a narrativa de uma marca, que deve ser pensada a partir de algumas reflexões, incluindo: a quem a marca serve, que tipo de produtos oferece, o que a diferencia da concorrência e por que ela existe. Além disso, é fundamental atuar de olho nos diferentes níveis de audiência (da atração de potenciais públicos à construção do relacionamento e vendas), pensando em uma produção de conteúdo que leve em consideração o comportamento do público, os canais utilizados e os formatos.
3. Vivemos a epidemia da falta de foco e atenção
Concentração e foco exigem de nós muito mais energia do que há alguns anos. Natural, já que a mesma tecnologia que chegou para facilitar a comunicação e agilizar o trabalho também nos inunda de estímulos. Não por acaso, algumas palestras do RD Summit foram voltadas ao tema. Christian Rôças, conhecido como Crocas, ex-CEO do Porta dos Fundos e fundador da Flint, trouxe dados interessantes: em média, nós recebemos cerca de 518 interrupções por dia. O ser humano leva 23 minutos para retomar o foco do que estava fazendo. Como consequência, perdemos cerca de 2h30 em trocas de tarefas. “A gente virou funcionário do próprio caos”, define, lembrando que trabalhar sem foco é como correr de um incêndio causado por nós mesmos.
4. A responsabilidade por defender nossas prioridadesé nossa
É preciso disciplina para ter uma rotina produtiva nesse cenário, afirmou Dafna Blashkauer, que após passagens por Microsoft, Apple e Nike criou a SuperJump, empresa voltada para o aprimoramento de profissionais. Ela diz que a procrastinação, muito presente no dia a dia das pessoas, não é preguiça, mas sintoma do excesso de estímulos, falta de clareza e má gestão de energia.
Assim, ficam alguns ensinamentos: sua maior prioridade é proteger a sua prioridade; não se pode dizer sim para tudo e todos; e, quando tudo é importante, nada é importante. Dafna lembrou que não se deve atribuir ao destino as consequências de nossas próprias escolhas e trouxe técnicas sobre como avaliar se aquilo que nos é requisitado deve ser aceito: fuja do impulso, respire e pense antes de responder; sugira alternativas e seja breve nas interações.
5. O futuro do trabalho é humano
Na palestra O futuro do trabalho, o mentor de carreiras Luciano Santos, autor do best-seller Seja Egoísta com Sua Carreira, com passagens por empresas como UOL, Google e Facebook Brasil, afirmou que a missão de prever o futuro não é simples: ele lembrou que, em 1930, o economista John Maynard Keynes chegou a dizer que, até o ano 2000, a semana de trabalho cairia para 15 horas – algo que, como sabemos, não se confirmou.
Mas ele não se furtou à missão de prever alguns cenários. Trouxe dados de um estudo do Fórum Econômico Mundial que diz que, entre 2025 e 2030, oito das dez principais habilidades humanas mais valorizadas no mercado de trabalho serão as chamadas soft skills, relacionadas às nossas capacidades interpessoais e comportamentais (hard skills, por outro lado, são as habilidades técnicas e objetivas).
Entre elas, se destacam a resiliência, flexibilidade e agilidade; liderança e influência social; pensamento criativo; motivação e autoconhecimento; empatia e escuta ativa; curiosidade e aprendizagem contínua; gerenciamento de talentos; e foco em serviço e atendimento ao cliente. “Talvez um dos nossos últimos trabalhos seja nos conectarmos uns com os outros de forma profunda, no melhor das nossas habilidades humanas”, concluiu.
Crédito da imagem de abertura: Iara Bentes







