Vidroplano
Vidroplano

Aplausos para ele!

22/10/2015 - 11h00

Graças à tecnologia, vidro se tornou protagonista de casas de espetáculo ao redor do mundo

Casas de espetáculos não são mais as mesmas de antigamente. Até o início do século 20, eram construídas com inspiração em formas clássicas, barrocas. A partir da década de 1950, os conceitos se transformaram e essas obras se tornaram cada vez mais arrojadas. Claro que o desenvolvimento da indústria do vidro foi um fator preponderante para a mudança, pois o material oferece um conjunto de soluções arquitetônicas: beleza estética, conforto térmico e iluminação natural. Atua ainda naqueles que talvez sejam os fatores fundamentais nesse tipo de empreendimento: atenuação sonora e condicionamento de som. Nas próximas páginas, conheça a opinião de especialistas vidreiros e arquitetos sobre o assunto, além de belos cases nacionais e estrangeiros.

A importância acústica
Um bom isolamento acústico deve ser prioridade em qualquer local voltado para apresentações artísticas. Com ele, evita-se o vazamento do som para outros ambientes e se impede que o barulho dos arredores atrapalhe músicos, atores e plateia.

Como pôde ser visto no especial Caixa Acústica (encartado nas edições de O Vidroplano em março, abril e maio de 2015), o vidro é um excelente atenuador de ruídos. “É um item ao mesmo tempo bonito e funcional. Devido à sua massa, torna-se excelente para o isolamento”, explica o diretor da Atenua Som, Edison Claro de Moraes, fazendo referência à “lei de massa”, conceito físico que diz que, quanto maior a massa de um item, melhor será seu desempenho acústico.

Não basta somente aplicar o material e esperar resultados. Todo tipo de vidro vibra ao receber uma frequência específica de som, o que diminui sua capacidade como isolante. O ideal é combinar materiais para compensar essa perda. Vidros mais espessos, por exemplo, são excelentes para barulhos graves. Já vidros finos atuam melhor contra sons agudos.

No entanto, o material não é somente uma barreira para o som. “Também pode ser utilizado em aparelhos difusores, permitindo melhor espalhamento sonoro”, alerta o arquiteto Marcos Holtz, envolvido no projeto do Sesc Avenida Paulista, em São Paulo (veja página ao lado).

Multiuso
Graças ao enorme avanço da tecnologia vidreira, o vidro passou a exercer funções que, antigamente, eram de outros materiais. “Ele é um dos elementos que mais crescem nas novas construções e reformas de obras diversas”, afirma o gerente de Marketing da Cebrace, Carlos Henrique Mattar. Além de preservar o ambiente original, ainda oferece a possibilidade de compartimentação dos espaços, facilitando a circulação entre eles, sem perda de visão.

A questão estética também não pode ser esquecida. “O vidro agrega beleza e sofisticação, possibilitando texturas e efeitos visuais diferenciados”, explica Marcela Félix Calabre, responsável pelo Marketing da Saint-Gobain Glass. Nos cases estudados nesta reportagem, nota-se ainda a aplicação do vidro como elemento de iluminação e reflexão, fazendo as obras dialogarem com seu entorno.

 

Harpa Concert Hall & Conference Centre (Reykjavík, Islândia)
Casa voltada a apresentações musicais, também é centro de convenções, recebendo eventos diversos
Projeto: Henning Larsen Architects e Batteríið Architects
Inauguração: 2011
Benefícios do vidro: iluminação natural
Detalhes da obra
A arquitetura em diálogo com a natureza: a geometria das fachadas do Harpa Concert Hall se inspira em formações rochosas comuns na paisagem da Islândia. A opção dos dois escritórios envolvidos no projeto, com colaboração do artista plástico Olafur Eliasson, foi revestir as fachadas com uma estrutura modular chamada quasi-brick, que guarda certa semelhança com peças de montar. Essas estruturas ganharam vidros dicromáticos, cuja característica é apresentar mais de uma cor de acordo com a condição de iluminação. Com isso, o prédio reflete as luzes da cidade, do céu e do mar, interagindo com as cores ao seu redor.

Guangzhou Opera House (Guangzhou, China)
O local recebe artes performáticas diversas, principalmente concertos e óperas
Projeto: Zaha Hadid Architects
Inauguração: 2011
Benefícios do vidro: iluminação natural, conforto térmico
Detalhes da obra
A Guangzhou Opera House, com mais de 70 mil m² de área construída, é um projeto da arquiteta iraquiana Zaha Hadid, uma das mais renomadas do mundo e entusiasta do uso de nosso material. A parte envidraçada das fachadas ganhou insulados com mais de 40 mm de espessura (8 mm + PVB de 1,14 mm + 8 mm + câmara de ar de 16 mm + 12 mm), que permitem a entrada de luz natural nos acessos e corredores internos. A obra se divide em dois grandes prédios, cujo formato dialoga com a natureza ao redor. “A ideia de se criar algo no formato de pedras que se encontram no leito de rios é muito significativa para um projeto localizado às margens do rio das Pérolas”, explica Zaha. Tão bela, que ilustra a capa desta edição de O Vidroplano.

Sesc Avenida Paulista (São Paulo)
Palco de eventos culturais diversos, incluindo shows e teatro
Projeto: Königsberger Vannucchi
Inauguração: 2016 (previsão)
Benefícios do vidro: conforto e condicionamento acústico
Detalhes da obra
No coração de São Paulo, a unidade do Serviço Social do Comércio (Sesc) passa por reforma completa. O prédio terá vidro em diversos ambientes. Os principais destaques são as fachadas: a voltada para a Rua Leôncio de Carvalho ganhará laminados temperados (16 mm), fornecidos pela Guardian e instalados com sistema spider. As demais receberão Eco Lite (12 mm), da Cebrace, em sistema encaixilhado. O objetivo é barrar o barulho do trânsito proveniente da Avenida Paulista, uma das mais importantes vias urbanas da cidade. Outro destaque com o material são as grandes divisórias removíveis de vidro a serem aplicadas no teatro multiuso, localizado no térreo. Com um sistema de trilhos, permitirá que o desempenho acústico se mantenha ao longo dos anos. No segundo pavimento, estúdios também receberão divisórias com nosso material: laminados incolores com desempenho de 45 dB.

Sidney Opera House (Sidney, Austrália)
Recebe artes performáticas de diversos estilos, incluindo música, teatro e dança
Projeto: Jørn Utzon
Inauguração: 1973
Benefícios do vidro: controle térmico, iluminação natural
Detalhes da obra
A Ópera de Sidney é um ícone australiano: basta pensar no país que a inconfundível obra com formas de concha vem à mente. Para a construção do edifício, autoridades locais criaram um concurso internacional de arquitetura, em 1956, cujo projeto vencedor foi o do dinamarquês Jørn Utzon. As fachadas e coberturas envidraçadas do espaço, que fecham os vãos das “conchas” de concreto, são assinadas pelo Grupo Ove Arup & Partners. Ali, instalaram-se laminados com tratamento especial para controle térmico, evitando o excesso de transmissão de calor para o interior.

National Center for the Performing Arts (Pequim, China)
O centro recebe apresentações de música, ópera e balé, além de peças de teatro
Projeto: Paul Andreu
Inauguração: 2007
Benefícios do vidro: iluminação natural, condicionamento acústico
Detalhes da obra
Na multicolorida capital chinesa, uma bolha envidraçada criada pelo francês Paul Andreu repousa sobre um lago artificial localizado no centro da megalópole. O National Center for the Performing Arts, chamado popularmente de Ópera de Pequim, possui 46 m de altura e formato esférico que remete aos símbolos do yin e yang, tradicionais na cultura local por representarem as forças (ao mesmo tempo antagônicas e complementares) que equilibram o universo. O conceito da dualidade está presente também nos materiais que revestem a parte externa da obra: metade da fachada possui titânio, enquanto a outra metade recebeu temperados laminados do extra-clear Diamant, da Saint-Gobain Glass. Ao todo, são 6.600 m² do material. Em uma das salas de apresentação, um enorme defletor de vidro, pesando cerca de 1,5 t, ajuda a propagar o som de forma uniforme pelo espaço.

Niccolò Paganini Auditorium (Parma, Itália)
Auditório especializado em concertos
Projeto: Renzo Piano Building Workshop (RPBW)
Inauguração: 2001
Benefícios do vidro: conforto e condicionamento acústico, iluminação natural
Detalhes da obra
Um galpão industrial do século 19 transformado em espaço elegante para a cultura. O Niccolò Paganini Auditorium, também conhecido como Auditorium Paganini, tem no vidro um elemento crucial para seu conceito arquitetônico: o escritório Renzo Piano Building Workshop optou por paredes envidraçadas para separar os diferentes setores. Assim, o edifício de 90 m de comprimento aparenta ser uma unidade espacial única. Ao todo, são três paredes, que vão do chão ao teto: uma na fachada frontal, outra na traseira e a última que separa a sala de concerto e o hall de entrada. Para evitar o vazamento do som, foram utilizados insulados com PVBs acústicos, que reduzem o barulho em até 55 dB. Existem ainda defletores com o material para melhor condicionamento sonoro.

 

Fale com eles!
Arup — www.arup.com
Atenua Som — www.atenuasom.com.br
Auditorium Paganini — teatroregioparma.it
Batteríið Architects — arkitekt.is
Cebrace — www.cebrace.com.br
Guangzhou Opera House — gzdjy.org
Guardian — www.guardianbrasil.com.br
Harpa Concert Hall — en.harpa.is
Henning Larsen Architects — www.henninglarsen.com
Königsberger Vannucchi — www.kvarch.com
Olafur Eliasson — www.olafureliasson.net
Ópera de Pequim — www.chncpa.org/ens
Paul Andreu — www.paul-andreu.com
RPBW — www.rpbw.com
Saint-Gobain Glass — br.saint-gobain-glass.com
Sidney Opera House — www.sydneyoperahouse.com
Zaha Hadid Architects — www.zaha-hadid.com



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