Vidroplano
Vidroplano

Conheça os tipos de lapidação do vidro

27/06/2022 - 11h45

Ao encomendar um vidro para uma processadora, há várias informações que precisam ser comunicadas, como as dimensões, a espessura da peça desejada e sua composição (monolítica, laminada etc.). Além desses, tem outra especificação importante: o tipo de lapidação. Afinal, essa etapa do beneficiamento pode conferir diferentes aparências às bordas e cantos.

Que tal conhecer um pouco mais sobre os tipos de lapidação do vidro? Saiba mais sobre eles a seguir.

Para que serve?
A lapidação é uma espécie de lixamento ou modelagem feita com uma ferramenta abrasiva e uso de água. Segundo Cláudio Lúcio da Silva, instrutor técnico da Abravidro, são dois os principais objetivos dessa operação no material: o primeiro deles é a estética do vidro, conferindo acabamento visual às bordas e cantos da peça no estilo desejado.

O segundo objetivo diz respeito à segurança do nosso material. “Além de proporcionar manuseio mais seguro, o vidro lapidado está menos sujeito a sofrer quebras espontâneas devido à eliminação de microfissuras provenientes do corte”, explica Franklin Marques, engenheiro da Brazilglass.

Cláudio Lúcio acrescenta outro benefício nesse sentido: “A lapidação da borda contribui para aumentar a resistência mecânica do vidro plano, principalmente quando a peça é temperada”.

Vale observar que, para as processadoras interessadas em ampliar seus conhecimentos sobre essa atividade, a Especialização Técnica Abravidro conta com o módulo de lapidação, ministrado pelo instrutor técnico da associação na própria empresa contratante.

Várias possibilidades
Segundo Léo Ramalho, gerente do Grupo Bend Glass, as lapidações mais conhecidas para bordas são:

 

Imagem: Divulgação/Cláudio Lúcio da Silva

Imagem: Divulgação/Cláudio Lúcio da Silva

– Reta (com filete);
– Meia-cana (abaulada);
– Bisotê (lapidação com borda chanfrada);
– Lapidação 45º;
– Lapidação OG;
– Lapidação 2G;
– Lapidação 3G

 

 

 

 

 

Cláudio Lúcio observa que, em geral, a lapidação reta e a meia-cana são as mais utilizadas no mercado. A lapidação biseauté (termo francês traduzido como “chanfrado”), conhecida popularmente como bisotê, é bastante conhecida no Brasil.

Também há diferentes tipos de lapidação para os cantos do vidro.

Franklin Marques destaca ainda a possibilidade ou não de polimento na lapidação, o que pode fazer diferença na escolha do produto: “A lapidação reta sem o polimento é aplicada em vidros para fachadas comerciais em que as bordas ficam aparentes; já aqueles com polimento são utilizados em tampos de mesa, boxes de banheiro, bancadas, guarda-corpos e vitrines comerciais”.

Imagem: Divulgação/Cláudio Lúcio da Silva

Imagem: Divulgação/Cláudio Lúcio da Silva

 

Diferenças no processo

“Cada necessidade de remoção e acabamento determina o tipo de máquina e quantidade de etapas de processamento”, explica Cláudio Lúcio. Franklin Marques exemplifica: “Para efetuar o filete, podem ser utilizadas lixas abrasivas ou rebolos; no caso da lapidação reta, usam-se rebolos do tipo copo; e, para lapidação arredondada, rebolos periféricos”.

É importante observar que a lapidação convencional não é definida pelo cliente, mas sim pelos equipamentos com os quais cada processadora trabalha: por isso, algumas empresas podem ter como padrão vidros com bordas retas (filetadas), enquanto outras podem fornecer principalmente peças com bordas abauladas (meia-cana).

Já com relação aos tipos especiais, feitos a pedido do comprador, Léo Ramalho observa que as lapidações 45º podem ser feitas no mesmo tipo de maquinário, enquanto as bisotadas são realizadas em outros. Por sua vez, Anderson Groppo Barres, diretor da A2 Vidros, aponta que as lapidações OG, 2G e 3G, que proporcionam acabamentos mais voltados ao estilo clássico, são feitas com máquinas de usinagem com comando numérico computadorizado (CNC).

Atrativos
Certos tipos de lapidação do vidro tendem a ser mais procurados de acordo com a finalidade da peça. “O acabamento abaulado, por exemplo, é muito indicado para aplicações que não exigem junção entre peças, como boxes de banheiro e portas pivotantes ou de correr”, explica Anderson Barres, da A2 Vidros. “Já os vidros com bordas retas com filetes são normalmente procurados para tampos, mas também podem ser usados em instalações com junção entre as peças e na engenharia civil.”

Apesar disso, em linhas gerais, não há uma regra definindo onde cada tipo pode ou não ser usado. Um exemplo nesse sentido contado por Ramalho, do Grupo Bend Glass, é que, embora as lapidações OG, 2G e 3G proporcionem resultados muito bonitos para tampos de mesa, a maioria das demandas que a empresa recebe para esse tipo de aplicação é de peças com lapidação reta com cantos arredondados. Já no caso de espelhos, ele menciona que há quem peça o produto com bordas retas, enquanto outros optam pelo acabamento bisotado.

Para Ramalho, no que tange à praticidade na limpeza e outros aspectos práticos, todas as formas de lapidação são igualmente atrativas. “O que mais atrai o cliente na compra desses vidros realmente são a qualidade estética e o perfeito acabamento.” Por sua vez, Marques, da Brazilglass, destaca: “Basicamente, para o cliente, são mais atrativos esteticamente os acabamentos com polimento em que as bordas do vidro ficam expostas e ele se torna um objeto decorativo. No mais, são questões técnicas de aplicação que irão definir o acabamento mais adequado”.

Dicas para o consumidor:
– Franklin Marques, da Brazilglass, orienta que é importante inspecionar as bordas lapidadas ao receber o vidro para se certificar de que não há microfissuras residuais nelas – como dito anteriormente, esse problema pode gerar futuras quebras espontâneas nas peças;

– Atenção também à espessura das bordas, dependendo do uso pretendido para o vidro lapidado: Léo Ramalho, do Grupo Bend Glass, explica que, quanto mais finas, mais frágil o vidro fica.

Este texto foi originalmente publicado na edição 594 (junho de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

Crédito da imagem de abertura: Divulgação Brazilglass



Newsletter

Cadastre-se aqui para receber nossas newsletters