Dia a dia com o vidro
20/10/2017 - 17h09
No começo de 2011, a fabricante Corning lançou o vídeo A day of glass (Um dia de vidro), em que mostrava um futuro envidraçado: telas touch capazes de projeções de realidade aumentada e 3D; janelas eletrocrômicas (transparente ou translúcida de acordo com a luz natural); cooktops inteligentes; e fotovoltaicos. Isso tudo será viável algum dia?
“A maioria das situações mostradas já é realidade”, explica Anis Fadul, diretor de Marketing e Planejamento Estratégico da Corning. “Estão em refrigeradores, painéis de carros, video walls interativos usados em hotéis e shopping centers, entre outros.”
Os responsáveis por isso são os vidros finos, que aumentaram os tipos de aplicação. A nova versão do Gorilla Glass, por exemplo, é resistente à quebra, riscos e bactérias, mesmo com 0,4 a 2 mm de espessura. “Também pode ser usado na construção civil, desde que laminado a um float ou plástico policarbonato”, explica Fadul.
“As aplicações vão além das telas”, reforça Fernanda Roveri, do escritório de Vendas Internacionais da Schott, fabricante do Ultra-Thin Glass. O produto pode ter a espessura de 0,02 mm e ser enrolado, como se fosse papel. É aplicado em componentes eletrônicos, transformando-se em telas OLED, a evolução do LED. “Apesar de fino para uso estrutural, serve como lâmina resistente a riscos, como em óculos”, comenta.
Entrevista
Para o americano Michael Robinson, CEO da ED Design, empresa de design industrial e arquitetura, o vidro precisa ser uma tela interativa, contribuindo para a melhor experiência do usuário, seja em carros, aviões, salas de espera etc.
Quando esse cenário será possível?
As tecnologias estarão prontas em breve, mas o preço será alto. Uma televisão OLED de 85 polegadas custa € 20 mil. Então, um para-brisa semelhante em um carro seria caro. Mas veja como os valores de aparelhos de tevê caíram nos últimos anos! O primeiro objetivo é encontrar caminhos para que os componentes químicos, que permitem as imagens, resistam ao calor dos processos de fabricação do vidro.
A indústria global está preparada para esse tipo de inovação?
Não. Os fabricantes estão concentrados em revestimentos “antiqualquer coisa” (raios UV, sujeira), mas ninguém trabalha em grandes telas OLED. Tento ajudá-los a abraçar a era digital, incluindo conceitos como o design thinking, que organiza informações para se tomar decisões corretas.
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