Vidroplano
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Abravidro Entrevista: Vivix recomenda pragmatismo na retomada

03/07/2020 - 12h27

Na quinta-feira, 2 de julho, foi realizada a terceira edição da série Abravidro Entrevista. Desta vez, a live (transmissão ao vivo pelo Instagram) trouxe José Domingos Seixas, presidente da Abravidro, e Iara Bentes, superintendente da associação, em uma conversa com Henrique Lisboa, presidente da Vivix; Izabela Zisman, gerente de Marketing da usina, e José Henrique Ribeiro, que assumiu no início do ano o cargo de diretor-comercial e Marketing da empresa.

 

Reajustando a produção
Lisboa observou que, conforme mostrado no Panorama Abravidro 2020, o mercado vidreiro teve uma leve queda em 2019 em relação a 2018. Apesar disso, ele considera que os dois primeiros meses de 2020 foram muito bons e traziam um sentimento de retomada – que foi interrompido com a pandemia da Covid-19 pelo mundo.

“Logo no início, nossa primeira decisão foi um comprometimento total com a saúde dos colaboradores da Vivix, tanto no ambiente de trabalho como nas recomendações para seus ambientes familiares”, contou Lisboa. Segundo o executivo, a empresa decidiu pela preservação dos empregos e das rendas salariais dos funcionários, considerando principalmente que eles são figuras fundamentais para minimizar os impactos da pandemia.

Outra ação tomada pela Vivix foi o ajuste de sua produção, interrompida por algumas semanas em abril e retomada em maio para garantir atendimento aos clientes. Houve ainda um empenho para manter a usina o mais próxima possível dos clientes, buscando ativamente soluções conjuntas para que todos possam sair da pandemia com o menor impacto possível.

Apesar dos obstáculos, Lisboa avalia que o pessimismo com o futuro que havia em abril não se concretizou: “Vimos que a maior parte dos nossos clientes se reorganizou, e então pudemos retomar a produção acima do que esperávamos para um período de pandemia. Considero que, hoje, o pior já passou. Agora é o momento de ter pragmatismo para adaptar as empresas às novas demandas do mercado”.

 

Impactos caso a caso
Izabela apontou que, hoje, o fornecimento de vidros para o setor automotivo vem experimentando uma queda considerável, assim como o de linha branca: “As empresas que atuam nesses nichos precisarão tomar medidas em conjunto com seus clientes para minimizar os impactos”, analisou.

Mas nem todos os segmentos foram tão prejudicados: segundo Ribeiro, a demanda geral por vidros planos vem crescendo gradativamente, e a previsão para o segundo semestre é que o mercado deve ficar em torno de 85% do esperado em um período normal. Mas alertou: “Isso depende também das medidas adotadas pelo governo nos próximos meses e da intensidade da pandemia”.

 

Apoio ao setor
Izabela comentou as ações tomadas pela Vivix em relação aos diferentes elos da cadeia vidreira. “Nossa primeira preocupação foi buscar alternativas para nos mantermos próximos dos clientes, compreender as necessidades deles e levar informações relevantes”, ela explicou; nesse sentido, a usina elaborou duas cartilhas, uma dedicada às medidas provisórias referentes à redução nas jornadas de trabalho e outra à obtenção de créditos.

No caso dos vidraceiros, a Vivix promoveu uma ação solidária com a arrecadação e distribuição de alimentos. “Na cadeia vidreira, os elos são interdependentes: todos dependem uns dos outros”, Izabela avaliou.

 

Planejando a retomada
Lisboa contou na live que a Vivix já está com seu planejamento de produção ajustado para os próximos meses. Entre os planos da usina, está a expansão de seu portfólio com o lançamento de dois novos produtos de controle solar ao longo deste ano: “Ainda não é o momento para apresentarmos os nomes e detalhes dos novos produtos, mas nossa tendência é uma maior dedicação aos vidros de controle solar, que devem passar a ser bastante adotados na área residencial”, ele afirmou.

Izabela explicou que a Vivix também tem feito reflexões sobre a readequação do setor vidreiro, com tendências como a maior adoção do trabalho remoto em alguns segmentos e a aceleração do uso de tecnologias — com destaque para as ligadas à Indústria 4.0 — em todos os negócios. “Estamos incentivando os clientes a pensar sobre esse tema, e também dentro da Vivix ele deve ter um crescimento”, acrescentou o presidente da usina.

Um ponto levantado pelo público que acompanhava a entrevista foi sobre os planos da Vivix para atuação nas regiões Sul e Sudeste. “Nosso projeto sempre foi de ter mais uma planta. Contratempos no mercado impediram que ela se concretizasse, mas já estamos realizando seu pré-projeto e, embora sua localização ainda não tenha sido decidida, é possível que seja em uma dessas regiões”, contou Lisboa.

 

Desafios e oportunidades
O presidente da Vivix abordou no bate-papo alguns possíveis entraves para a retomada no setor vidreiro: para ele, os impactos da pandemia, como o desemprego e o endividamento da população, devem ser os maiores obstáculos. “O mercado da construção civil depende muito da confiança das pessoas em relação a sua renda”, ele disse.

Apesar disso, ressaltou que há dois aspectos importantes que trazem otimismo para o setor vidreiro: os investimentos que os consumidores já vêm fazendo e devem continuar a fazer em pequenas reformas em suas residências, a baixa taxa de juros e os subsídios oferecidos para o financiamento de uma casa própria. Em relação aos espelhos, que tiveram uma queda expressiva em 2019, conforme apontou o Panorama Abravidro, Lisboa considera que eles têm um grande potencial de recuperação com a tendência de espaços cada vez menores feitos pela construção civil.

Izabela acrescentou que, com a experiência vivida nesse período, a arquitetura terá um novo olhar, considerando que as pessoas estarão por mais tempo em suas casas. “Nesse sentido, o vidro é um material interessante, por ser de fácil higienização e fácil manutenção”, ela considera.

 

Retomada e dumping
José Henrique Ribeiro disse acreditar em uma retomada gradativa da economia. “Esse é um momento que requer cautela, e ainda é bem difícil prever como o mercado vai se comportar no ano que vem”, disse.

Sobre a revisão do direito antidumping aplicado às importações brasileiras de vidros planos float incolores, com espessuras de 2 a 19 mm, da Arábia Saudita, China, Egito, Emirados Árabes, Estados Unidos e México, Henrique Lisboa acredita que a renovação será aprovada por ter argumentos bem embasados,  que resguardam a saúde da cadeia vidreira nacional. “Não somos contrários à importação, mas somos contra a venda de material de fora com preço abaixo do que é praticado em seu país de origem”, finalizou.

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