Vidroplano
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Vidro tem potencial na arquitetura pós-pandemia

21/07/2020 - 12h10

O mundo aguarda ansiosamente o momento em que a vida poderá voltar ao normal. Mas a verdade é que nem tudo será como antes da pandemia do novo coronavírus. A arquitetura e o design, por exemplo, terão de se adaptar a uma nova realidade na qual a interação direta entre as pessoas diminuirá, residências se tornarão centros de trabalho e escritórios deixarão de lado o confinamento em favor de espaços abertos — e quem afirma isso tudo são os próprios profissionais dessas áreas. Nas próximas páginas, O Vidroplano busca entender as mudanças que já estão acontecendo e saber qual o papel de nosso material nesse cenário.

Casa multitarefa
Uma das principais tendências será a transformação das residências, sejam casas ou apartamentos, em espaços multiuso, voltados não só para o sistema de home office (no caso de profissões que permitam essa prática), mas também para exercícios físicos e com área verde. Segundo reportagem do site da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), escritórios de arquitetura nacionais já têm recebido pedidos para a alteração de projetos, de médio e alto padrão, previamente aprovados. Como as pessoas deverão passar mais tempo dentro em casa, a relação delas com a moradia se tornará mais próxima.

A preocupação com a contaminação de superfícies também estará na pauta. E aí o vidro se destaca em relação a outros materiais, pois:

– É mais durável e resistente a riscos;

– É limpo com facilidade, bastando usar água e sabão neutro.

“Ele [o vidro] não envelhece, não apodrece”, destaca Caio Bacci Marin, sócio-fundador do Bacci Marin Arquitetos Associados. “E nada disso que se discute hoje é modismo, tudo é macrotendência. O foco em qualidade ambiental e em saúde já existia, a pandemia apenas reforçou isso.” Uma prova é a atenção das mostras de decoração a esses assuntos. A Morar Mais por Menos, cuja edição carioca está prevista para os dias 1º de outubro a 15 de novembro, terá ambientes pensados para os novos tempos. O designer Thiago Herrera, por exemplo, será o responsável pela recepção: seu espaço, vazado, para garantir a circulação de ar, ganhará tinta especial e revestimento de vidros antibacterianos.

Divisórias da Hub Móveis: fabricante aluga essas estruturas para empresas que buscam se adequar ao distanciamento entre funcionários

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Aliás, a procura por esse tipo de vidro deve aumentar. Apesar de não ser eficaz contra vírus, como o Sars-CoV-2, causador da Covid-19, elimina até 99% das bactérias, deixando o local em que é instalado muito mais asséptico. A AGC, proprietária da patente do produto, está desenvolvendo uma nova geração do material — porém, ainda sem previsão de lançamento.

Escritório integrado
Mas o que fazer com o trabalho cuja presença dos funcionários é essencial? “Um grande desafio das empresas será vencer uma possível ausência de colaboradores, algo que pode ocorrer caso as companhias não divulguem formas de adaptação do ambiente em um momento tão delicado como o que estamos vivendo”, comenta a arquiteta Laís Zarantonelli, responsável pela gestão de Novos Projetos da Hub Móveis. “Sobre as mudanças físicas, acredito que seja algo muito particular à realidade de cada companhia.” Laís aponta algumas formas de como esses locais podem ser remodelados:

– Mais espaço para áreas colaborativas e de encontro entre as equipes que trabalham remotamente;

– Posições de trabalho rotativas e em menor quantidade;

– Avaliação da real necessidade de se ter as metragens existentes até então.

É preciso ficar atento ainda às recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), como reforça Pierina Piemonte de Bermejo, sócia do Leonetti Piemonte Arquitetura: “As empresas que não conseguirem garantir o distanciamento entre funcionários, por volta de 2 m, terão de providenciar barreiras”. Por esse motivo — e para não voltarmos à estética pouco saudável dos escritórios dos anos 1980 e 1990, com cubículos praticamente fechados —, o uso de divisórias transparentes deverá popularizar-se.

“O vidro é um material supernobre, um dos mais altos nesse conceito na construção civil”, afirma Caio Bacci Marin. “Além disso, já tem um lugar fundamental nas situações em que a gente precisa de visão, de permeabilidade da luz.” Fabio José Riccó, fundador e diretor da Hub Móveis, revelou durante o webinar Impactos da pandemia na arquitetura residencial e comercial, organizado pela Galeria da Arquitetura e Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea-SP), que vários clientes contrataram a instalação de divisórias recentemente. “A gente tem usado vidro, não acrílico, pois ele oferece esse caráter de ser algo permanente, sem ser provisório”, explica. Segundo Riccó, sua empresa tem alugado essas estruturas — o período varia de dois a três meses ou mais. “A gente tem um viés sustentável e, mesmo na pandemia, vamos mantê-lo. Se eu comprar um monte de placa de acrílico, onde vou dispor isso depois? Assim, optamos por um produto reciclável”, pondera. Mais um ponto positivo para o uso de nosso materialna atual situação.

Vidros com serigrafia tradicional e digital se tornam soluções eficientes para separar ambientes e ainda alterar a estética do escritório

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Mais soluções envidraçadas

- Vidro privativo
O vidro privativo surge como opção ainda mais interessante para escritórios, pois oferece privacidade e interação ao mesmo tempo. Ele é um laminado com filme de cristal líquido: quando se aplica uma corrente elétrica à peça, os polímeros presentes no filme se organizam, permitindo a passagem de luz; ao ser desligada, ficam estáticos, voltando à cor branca translúcida. Salas de reunião ou mesmo divisórias simples, entre baias, poderão levar a solução.

- Revestimentos
Balcões, mesas ou paredes podem ser revestidos, o que irá facilitar a limpeza. Além disso, podem alterar a estética do ambiente, graças à aplicação de chapas coloridas ou com serigrafia (tradicional ou digital).

lousa

 

- Lousas
Servem tanto para o regime de home office, ajudando a organizar projetos e reuniões no espaço destinado ao trabalho dentro de casa, como também nas aulas a distância. Vale lembrar que até mesmo paredes de vidro podem servir como quadros para anotações.

Este texto foi originalmente publicado na edição 571 (julho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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