Vidroplano
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Esquadrias de ontem, hoje e amanhã

18/08/2017 - 20h04

Não foi só o vidro que se desenvolveu e agregou funções ao longo dos anos. As esquadrias, parceiras inseparáveis do material, também se transformaram. Produzidas com novas matérias-primas, ganharam tecnologias que oferecem conforto térmico e acústico, sendo encaradas como elemento estético de uma obra.

Para entender essa evolução, conheça, a seguir, soluções antigas e modernas em esquadrias, tendências atuais e o futuro desses produtos, além de identificar o papel do vidro nesse desenvolvimento.

Ontem: um passeio pela história das esquadrias
ontem3Período colonial (séc. 16 a 19) — No Brasil, portas e janelas eram, geralmente, de madeira e fechadas com uma espécie de tranca chamada taramela

Revolução Industrial (séc. 19) — Surgem novos métodos de produção em escala. No final desse século, a extração do alumínio foi simplificada. Isso tornou o material perfeito para a indústria, graças à sua resistência e maleabilidade

Início do séc. 20 — Esquadrias de aço eram muito utilizadas nessa época. Porém, eram pesadas e enferrujavam com facilidade

Década de 1920 — O grupo americano Alcoa colocou no mercado as primeiras esquadrias residenciais feitas de alumínio. Eram leves e tinham custo acessível

Década de 1950 — A Pilkington desenvolveu o processo de produção do vidro float. A partir daí, o setor vidreiro incentiva os avanços no mercado de esquadrias

A partir da década de 1960 — Surgem diversos tipos de produto, incluindo sistemas para fachadas totalmente envidraçadas, como o cortina, stick e grid. Mais recentemente, o sistema unitizado permitiu um design clean e minimalista

A partir da década de 1980 — Esquadrias de PVC começaram a ser usadas no País (no princípio, apenas em edifícios com necessidade de desempenho). O material se difundiu aos poucos, sendo cada vez mais aplicado

Nos últimos anos — A evolução também ocorreu nas ferragens e acessórios, como a criação de gaxetas para fixação e vedação do vidro (substituindo a massa de vidraceiro) e a disponibilização de maior variedade de cores

 

Hoje: as tendências do mercado
O mercado desses produtos possue uma divisão básica: “Costuma-se separar as linhas de esquadrias em duas classificações principais: residencial e comercial”, descreve Kléber Vinícius Paulino, técnico em Projetos da Brazilglass. O que se aplica a um segmento pode perfeitamente ser usado também no outro — as esquadrias minimalistas, por exemplo, são aplicadas tanto em casas de alto padrão como em fachadas de prédios. Por isso, veja a seguir as principais tendências atuais:

padronizadasEsquadrias padronizadas — “Muitos consumidores preferem a comodidade de adquirir um produto pronto para ser instalado”, comenta Alberto Gomes Ruiz, gerente nacional de Vendas Segmento Varejo da Sasazaki. Esse tipo de esquadria vem de fábrica com pintura especial e é disponível em diversas medidas, acabamentos, acessórios e tipos de vidro. A Sasazaki oferece, entre outros, janelas e portas com o Sistema de Proteção Acústica Sound Block (foto), que garante nível A de eficiência em conforto acústico.

grandesvãosPara grandes vãos — Já existem esquadrias que suportam chapas de vidros enormes, incluindo as jumbo. O segredo é utilizar o peso do nosso material a seu favor, fazendo-o atuar como elemento estrutural. A linha de portas de correr Max Slider (foto), de PVC, da Weiku, por exemplo, pode ser instalada em vãos com até 4,5 m de altura;

Acústicas — O vidro não atua sozinho para barrar o barulho. Sem a esquadria, não há conforto acústico. Por isso, o desenvolvimento e acústicapesquisa de soluções nesse sentido cresceram. “Isso é a resposta para os níveis crescentes de exigência dos usuários, colocando nosso país em alinhamento tecnológico com as nações mais desenvolvidas”, destaca Aparecido Bonifácio, gerente-industrial da Atenua Som. A empresa possui soluções para janelas e portas antirruídos (foto). Recentemente, foi lançada a janela de sobreposição FIT, com função antirruído e fabricada sob medida para ser instalada do lado de dentro do ambiente;

Minimalismo — “Esse conceito tem perfis menos aparentes”, explica Gustavo Morales minimalistaCampos, diretor-comercial da Schüco. “Por ficarem embutidos na estrutura, proporcionam ganho de visibilidade entre ambientes, livres de interferências visuais”. As fachadas unitizadas são o exemplo mais comum. Funcionam quase como blocos de montar: primeiro, são instaladas as ancoragens que irão suportar os quadros de alumínio e, em seguida, são encaixados os módulos com vidro. Vale citar ainda outros produtos, como o sistema panorâmico ASS 39 PD (foto), da Schüco, e os caixilhos de correr, da suíça Vitrocsa, que usa vidros insulados.

O papel do vidro

kommerling_foto premidoorComo visto no histórico presente na reportagem, mais adiante, nosso material tem importância no desenvolvimento dos produtos. “A própria evolução da qualidade do vidro trouxe inovações em tipologias diferenciadas para as esquadrias”, afirma Michael Lochner, gerente de Marketing da Weiku. “No caso da acústica, uma janela com vidro de valor agregado, seja laminado ou insulado, possui desempenho superior ao vidro monolítico, mais utilizado no mercado”, aponta Leonardo Arantes, gerente de Produtos do segmento de arquitetura da Guardian. O vidro define:

– A abrangência de aplicação da esquadria;
– O tipo de esquadria a ser utilizado;
– O desempenho no isolamento térmico e acústico;
– A capacidade de comunicação visual entre interior e exterior.

Etiqueta de desempenho: como funciona?
etiqueta-acústica2Em fevereiro deste ano, foi publicada a revisão da norma NBR 10821. O novo texto estabelece o uso obrigatório, a partir deste ano, de uma etiqueta de desempenho acústico para o produto. O desempenho térmico também será avaliado, mas por uma etiqueta de uso opcional.

Como isso pode ajudar o setor? Para Tônia Lima, diretora-comercial da Kömmerling, “além de fazer o mercado desenvolver novos produtos, esse conceito vai criar uma conduta de compra consciente e segura para o consumidor final. Assim, apenas fornecedores comprometidos com a excelência da qualidade vão se firmar”. Isso permitirá ainda a personalização do atendimento, principalmente pelo fato de que as regiões do Brasil exigem especificações técnicas diferentes.

Classificação do desempenho térmico, segundo a NBR 10821:
Categoria A: redução sonora maior ou igual a 30 dB
Categoria B: redução sonora maior ou igual a 24 dB e menor que 30 dB
Categoria C: redução sonora maior ou igual a 18 dB e menor que 24 dB
Categoria D: redução sonora menor que 18 dB

E quanto aos vidraceiros?
ASS 39 PD.NIA tecnologia ofereceu ferramentas a esses profissionais, como softwares para produção e planos de corte.

“Os sistemas de esquadrias permitem que o vidraceiro combine soluções”, revela Paulino, da Brazilglass. A própria empresa começou como vidraçaria há mais de três décadas, transformando-se em fabricante de esquadrias de alumínio anos depois.

“Não podemos dizer que o trabalho ficou fácil, mas mais dinâmico, já que a variedade de tipologias de vidros aumentou”, analisa Lochner, da Weiku. Por isso, cabe ao vidraceiro:

– Conhecer as várias possibilidades do produto com que trabalha;
– Indicar diferentes soluções para o cliente, agregando valor à demanda do consumidor e ao seu próprio trabalho.

Amanhã: o que esperar para o futuro?

Cubo Show: projeto da Atenua Som no Shopping da Bahia, em Salvador, feito de esquadrias acústicas com LEDs.

Cubo Show: projeto da Atenua Som no Shopping da Bahia, em Salvador, feito de esquadrias acústicas com LEDs.

 

A literatura técnica tem grande influência na criação de novas soluções. “As normas mais recentes, principalmente a NBR 15575 — Edificações habitacionais – Desempenho, vieram para melhorar os produtos e devem gerar importantes avanços”, comenta o diretor da Avec Design, José Guilherme Aceto. O texto introduziu o conceito de desempenho para esquadrias, tema aprofundado na NBR 10821 — Esquadrias externas para edificações, revisada recentemente.

De acordo com as empresas consultadas para esta reportagem, as soluções do futuro incluirão:

– Sistemas para permitir a instalação de vidros fotovoltaicos;
– Sistemas de grelhas de ventilação inteligentes para recanalizar o ar quente, não permitindo, assim, que ele entre para o interior da fachada;
– Incrementos tecnológicos que facilitem a vida do indivíduo, como acesso à Internet, controle digital e automação;
– Novas formas, geometrias e volumetria;
– Iluminação em LED, entre outros.

Fale com eles!
Atenua Som — atenuasom.com.br
Avec Design — www.avec.com.br
Brazilglass — www.brazilglass.com.br
Guardian — www.guardianbrasil.com.br
Kömmerling — www.kommerling.com.br
Sasazaki — www.sasazaki.com.br
Schüco — www.schueco.com/web2/br
Vitrocsa — www.vitrocsabrasil.com
Weiku — www.weiku.com.br

Este texto foi originalmente publicado na edição 536 (agosto de 2017) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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