Vidroplano
Vidroplano

Janelas para o mundo animal

19/09/2016 - 13h16

Responda rápido: você já visitou um zoológico ou aquário? Muito provavelmente, a resposta é “sim”. Esses espaços reúnem educação, lazer e contato com a natureza, permitindo conhecer de perto animais de várias partes do mundo, seus hábitos e origens.

Crianças e adultos ficam fascinados a cada visita, mas o encontro entre humanos e animais também pode parecer distante e triste, com barras de ferro e grades protetoras dando ao ambiente o aspecto de uma prisão. Felizmente, esses espaços estão aos poucos ganhando uma cara nova e acessível, sem deixar de lado a segurança — cortesia do vidro, como era de se esperar.

Zoológicos: transparência com proteção para todos
Walmir Lopes, diretor-administrativo e proprietário da beneficiadora e laminadora Resinal, destaca que os visores de vidro em zoológicos já são bastante usados. “Aqui no Brasil, essa prática ainda é relativamente nova, mas vem crescendo”, observa.

Para o oceanógrafo Ricardo Cardoso, diretor-técnico do Aquário de São Paulo (que também conta com áreas para animais terrestres), o uso de visores de vidro é uma alternativa para substituir barras ou telas nas jaulas: “Eles permitem conforto acústico e são barreiras físicas mas não visuais, trazendo maior proximidade entre os animais e visitantes sem risco para ambos.”

Isso ficou claro com um vídeo que ganhou atenção no mundo inteiro este ano (você pode assistir a ele na versão mobile da revista). Pois é, trata-se de um leão dócil no Chiba Zoological Park, no Japão (saiba mais sobre ele abaixo), filmado no momento em que tentou saltar sobre uma criança para brincar com ela. O impacto do animal poderia ter machucado o garotinho, mas o visor de vidro não só bloqueou sua passagem como não sofreu uma única trinca. Isso comprovou para o mundo que esse zoológico pode ser visitado tranquilamente — todos estão protegidos pelo vidro.

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SOLUÇÃO DE PESO PARA VIDROS DE PESO: Onças-pintadas, primatas, leões-marinhos e serpentes: esses são apenas alguns dos habitantes do Zoológico de São Paulo (São Paulo) separados dos corredores do local apenas por visores de vidro. A Resinal foi responsável pelo fornecimento das peças (laminadas ou laminadas temperadas), especificadas em conjunto com o departamento responsável do zoológico, e as instalou em parceria com a Antovan, empresa de esquadrias. “O transporte e a instalação foram difíceis por conta do peso de cerca de 390 kg por peça de vidro”, conta Walmir Lopes, da Resinal — esse obstáculo foi vencido com o uso de um caminhão munck para transportar as peças até os caixilhos.

 

Aquários: visibilidade sem riscos
Em grandes aquários e oceanários, a responsabilidade dos visores não é só impedir a passagem dos animais, mas também suportar toda a pressão feita pelo volume de água contido nessas estruturas.

O vidro não é o único material que pode ser usado para visores, mas quem apostar nele vai encontrar uma série de vantagens: “O vidro, além de durável, é mais resistente ao surgimento de riscos em sua superfície e não amarela com o tempo, como o acrílico”, explica Remy Dufrayer, gerente de Desenvolvimento de Mercado da Cebrace.

Quanto aos habitantes deles, uma curiosidade: engana-se quem pensa que eles não percebem a mudança de casa. “Logo que introduzidos em um aquário, os peixes podem tentar nadar ‘através’ do vidro, ou ficar incomodados com a presença de pessoas olhando pelo lado de fora”, conta Thiago Carvalho, biólogo da Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte. Com o tempo, eles se adaptam ao novo ambiente, mas Carvalho alerta que a ajuda dos visitantes é fundamental para isso: atitudes como bater nos vidros ou tirar fotos com flash causam estresse aos animais.

CONSCIENTIZAR PARA CONSERVAR: O Aquário da Bacia do Rio São Francisco (Belo Horizonte), inaugurado por iniciativa da Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte, é o lugar certo para pesquisar e conhecer mais sobre as espécies da bacia, como a pirambeba, cascudo e surubim, além de mostrar a importância da conservação e revitalização do rio São Francisco. São 22 tanques com um total de 1 milhão de litros d’água. Os peixes são vistos através de 42 visores de vidro trilaminados temperados, com espessuras de até 40 mm. Os visores foram instalados pela Avec Design, empresa que também projetou e providenciou todos os seus componentes, dos vidros às interlayers para laminação. A Avec superou a ameaça de vazamentos com sua tecnologia de vidro encapsulado em silicone (VES) e a dificuldade de transporte dos vidros (alguns com até 3 x 2 m e mais de 1/2 t) com o uso de ventosa capaz de suportar até 1.000 kg. A resistência dos visores é reforçada pelas camadas de SentryGlas Plus, da Kuraray, entre as peças de vidro.

CONSCIENTIZAR PARA CONSERVAR: O Aquário da Bacia do Rio São Francisco (Belo Horizonte), inaugurado por iniciativa da Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte, é o lugar certo para pesquisar e conhecer mais sobre as espécies da bacia, como a pirambeba, cascudo e surubim, além de mostrar a importância da conservação e revitalização do rio São Francisco. São 22 tanques com um total de 1 milhão de litros d’água. Os peixes são vistos através de 42 visores de vidro trilaminados temperados, com espessuras de até 40 mm. Os visores foram instalados pela Avec Design, empresa que também projetou e providenciou todos os seus componentes, dos vidros às interlayers para laminação. A Avec superou a ameaça de vazamentos com sua tecnologia de vidro encapsulado em silicone (VES) e a dificuldade de transporte dos vidros (alguns com até 3 x 2 m e mais de 1/2 t) com o uso de ventosa capaz de suportar até 1.000 kg. A resistência dos visores é reforçada pelas camadas de SentryGlas Plus, da Kuraray, entre as peças de vidro.

 

Da escolha à manutenção: todo cuidado é pouco!
Que o vidro pode garantir a proteção necessária em zoológicos e aquários, já está claro. Porém, esse tipo de aplicação não abre margem para qualquer tipo de erro, por menor que seja. Por isso, fique atento.

Tipo de vidro
Clélia Bassetto, consultora de Normalização da Abravidro, aponta que a NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações define que os vidros para isolamento de jaulas precisam ser, no mínimo, laminados de segurança ou insulados compostos por laminados. No caso de aquários, Vanessa Santos, especialista de especificação de projetos da Kuraray para a América Latina, acrescenta que o ideal é a instalação de multilaminados.

Especificação
Remy Dufrayer, da Cebrace, apresenta as seguintes orientações:

  • Para zoológicos: os vidros devem suportar uma carga de, no mínimo, o dobro do peso do animal e considerar as dimensões físicas dele;
  • Para aquários: devem ser consideradas as dimensões do visor, a coluna d’água (pressão constante) e o número de apoios.

‘Software’ ajuda na escolha do vidro
A Cebrace oferece um programa gratuito de computador para o cálculo da espessura de vidros para aquários. Acesse: www.cebrace.com.br/CalculoEspessura/#/visorpiscina/primeiro-passo

VITRINAS PARA ESPÉCIES DO BRASIL E DO MUNDO: Considerado o maior aquário da América do Sul, o Aquário de São Paulo (São Paulo) conta com cerca de 3 mil exemplares representando centenas de espécies de peixes e outros animais de ambientes de várias partes do Brasil e do mundo. O local conta com visores de vidro laminados e multilaminados (que, juntos, correspondem a uma área de cerca de 300 m²), processados pela Cyberglass e instalados pela Avec Design — para o manuseio das peças (algumas das quais chegavam a 360 kg), foram usadas ventosas especiais, enquanto a tecnologia de VES foi aplicada em todas as bordas dos vidros.

VITRINAS PARA ESPÉCIES DO BRASIL E DO MUNDO: Considerado o maior aquário da América do Sul, o Aquário de São Paulo (São Paulo) conta com cerca de 3 mil exemplares representando centenas de espécies de peixes e outros animais de ambientes de várias partes do Brasil e do mundo. O local conta com visores de vidro laminados e multilaminados (que, juntos, correspondem a uma área de cerca de 300 m²), processados pela Cyberglass e instalados pela Avec Design — para o manuseio das peças (algumas das quais chegavam a 360 kg), foram usadas ventosas especiais, enquanto a tecnologia de VES foi aplicada em todas as bordas dos vidros.

 

Vedação
“Não há receita consagrada para a vedação de aquários: é necessário muito cuidado, testes e uso de materiais compatíveis”, observa José Guilherme Aceto, diretor da Avec Design. Algumas dicas para essa etapa são:

  • A espessura mínima para a aplicação do silicone é de 3 mm, indica Emerson da Silva, responsável pelo departamento financeiro da Silva Selantes;
  • Para aquários, o ideal é que os vidros sejam encaixilhados e bem-protegidos, para evitar contato das bordas com a água e a delaminação das peças — Aceto lembra que nenhuma fabricante de silicones selantes garante a durabilidade de juntas em contato permanente com a água;
  • O silicone não deve possuir antifungos — segundo Emerson, da Silva Selantes, eles podem liberar toxinas durante seu processo de cura capazes de matar os peixes.

 

‘TEM CERTEZA QUE TEM VIDRO AQUI?’: Essa é uma pergunta que pode facilmente ser feita por quem passar pela área dos leões no Detroit Zoo (Royal Oak, Estados Unidos). O efeito é obtido pelo envidraçamento ao redor: são multilaminados compostos por quatro peças de extra clear temperado (cada uma com quase 13 mm de espessura), intercaladas pelas películas estruturais SentryGlas, da Kuraray. Os números impressionam: a muralha de cerca de 73 m de vidro é capaz de resistir ao impacto de um caminhão de 2,5 t a mais de 60 km por hora. Mas, além da segurança, houve também o desafio de impedir que pássaros sobrevoando o local não percebessem os vidros extra clear e se chocassem contra eles — a solução encontrada foi a colocação de desenhos de aves e barras metálicas em partes da muralha.

‘TEM CERTEZA QUE TEM VIDRO AQUI?’: Essa é uma pergunta que pode facilmente ser feita por quem passar pela área dos leões no Detroit Zoo (Royal Oak, Estados Unidos). O efeito é obtido pelo envidraçamento ao redor: são multilaminados compostos por quatro peças de extra clear temperado (cada uma com quase 13 mm de espessura), intercaladas pelas películas estruturais SentryGlas, da Kuraray. Os números impressionam: a muralha de cerca de 73 m de vidro é capaz de resistir ao impacto de um caminhão de 2,5 t a mais de 60 km por hora. Mas, além da segurança, houve também o desafio de impedir que pássaros sobrevoando o local não percebessem os vidros extra clear e se chocassem contra eles — a solução encontrada foi a colocação de desenhos de aves e barras metálicas em partes da muralha.

 

Sistema
Visores de vidro são parte de um conjunto, que também envolve caixilhos, silicones selantes e componentes secundários específicos para cada caso. Nesse sentido, Vanessa Santos, da Kuraray, alerta: “Não adianta se preocupar com o vidro e se esquecer do resto: o sistema inteiro precisa ser eficiente”.

Após a instalação
Por mais segura que a instalação seja, é ideal que as empresas aconselhem os zoológicos e aquários a chamá-las periodicamente para avaliar os sistemas e realizar sua manutenção preventiva.

RESITÊNCIA ATÉ A TERREMOTOS: Para aproximar ao máximo seus visitantes dos animais expostos, como o leão brincalhão que é capa desta edição de O Vidroplano e os recintos das criaturas aquáticas, o Chiba Zoological Park (Chiba, Japão) aplicou visores de laminados temperados 15+15 mm com filme antiestilhaço em diversas de suas áreas de exibição. Houve um trabalho extenso de especificação e instalação das peças, pois era preciso levar em conta não só a possibilidade de impacto dos animais contra o vidro, mas também a de danos causados por terremotos. Outro desafio foi a redução da reflexão de luz para não atrapalhar a visibilidade, problema resolvido com a colocação de tetos nos corredores por onde os visitantes passam.

RESITÊNCIA ATÉ A TERREMOTOS: Para aproximar ao máximo seus visitantes dos animais expostos, como o leão brincalhão que é capa desta edição de O Vidroplano e os recintos das criaturas aquáticas, o Chiba Zoological Park (Chiba, Japão) aplicou visores de laminados temperados 15+15 mm com filme antiestilhaço em diversas de suas áreas de exibição. Houve um trabalho extenso de especificação e instalação das peças, pois era preciso levar em conta não só a possibilidade de impacto dos animais contra o vidro, mas também a de danos causados por terremotos. Outro desafio foi a redução da reflexão de luz para não atrapalhar a visibilidade, problema resolvido com a colocação de tetos nos corredores por onde os visitantes passam.

 

Fale com eles!
Abravidro — www.abravidro.org.br
Aquário de São Paulo — www.aquariodesp.com.br
Avec Design — www.avec.com.br
Cebrace — www.cebrace.com.br
Chiba Zoological Park — www.city.chiba.jp/zoo
Cyberglass — www.cyberglass.com.br
Detroit Zoo — detroitzoo.org
Fundação Parque Zoológico de São Paulo — www.zoologico.com.br
Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte — www.belohorizonte.mg.gov.br/local/atrativo-turistico/artistico-cultural/aquario-da-bacia-dorio-sao-francisco-fundacao-zoo-botan
Kuraray — www.kuraray.com.br
Resinal — www.resinal.com.br
Silva Selantes — www.silvaselantes.com.br

Este texto foi originalmente publicado na edição 525 (setembro de 2016) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista clicando aqui



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