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O Vidroplano analisa números do Panorama Abravidro 2021

21/06/2021 - 10h33

A edição 2021 do Panorama Abravidro, o único estudo econômico e produtivo sobre a produção vidreira nacional, foi publicada no mês passado – e, embora O Vidroplano de maio tenha analisado diversos indicadores, vale voltar ao documento para nos debruçarmos sobre outros dados relevantes ali presentes.

Na seção “Termômetro”, por exemplo, os processadores respondentes revelam suas expectativas para o ano corrente. Além disso, para entender a importância da produtividade para nossas empresas, retomamos os números desse setor, os quais cresceram e alcançaram o segundo melhor nível da série histórica.

Confiança em alta
O crescimento no faturamento (12%) e na produção (14,4%) em 2020 deixou as processadoras brasileiras mais esperançosas para o restante deste ano. A principal prova disso: 62% dos respondentes acreditam que o aumento do faturamento também ocorrerá em 2021. Esse é o melhor número da série histórica. E quem projeta queda nesse indicador agora representa uma fatia significativamente menor – apenas 15%, contra 26% em 2020.

Isso se reflete na perspectiva de estabilidade do emprego no setor vidreiro. Após um aumento de 5% nas contratações, 55% das empresas consideram que fecharão este ano com o mesmo número de funcionários. Ao mesmo tempo, diminuíram pela metade os que acham que terão de reduzir suas equipes: de 24%, em 2020, para 12%, em 2021.

Esse movimento de alta no otimismo começa a ser visto na construção civil nacional como um todo. O Índice de Confiança da Construção (ICST), do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), subiu 2,2 pontos em maio, a primeira alta do ano, chegando a 87,2 pontos. O Índice de Situação Atual (ISA-CST), que mede como estão os negócios feitos no momento, subiu 1,2 ponto, interrompendo quatro meses de quedas.

Porém, ainda é cedo para comemorar um início de retomada, conforme analisa a coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre, Ana Maria Castelo, em entrevista ao site do órgão: “O índice de confiança continua em nível inferior ao patamar alcançado no final do ano passado e ainda sinaliza a predominância de um pessimismo entre as empresas. E a alta de preços dos insumos permanece como uma limitação cada vez maior, dificultando a continuidade e realização de novos negócios”. O custo de matérias-primas, de fato, segue como grande entrave. Ainda em pesquisa do FGV Ibre, 40% das empresas consultadas citam esse fator como uma limitação à melhoria dos negócios, atrás somente da demanda insuficiente, com 50%. “Vale notar que a consequência imediata disso é o encarecimento do investimento, o que torna mais lenta e difícil a recuperação da economia”, observa Ana.

Demanda, dívidas e investimentos
O financiamento imobiliário cresceu quase 60% no ano passado na comparação com 2019. No total, cerca de R$ 120 bilhões disponíveis para esse segmento. Para 2021, a previsão é de crescimento ainda maior: estima-se crédito de R$ 160 bilhões. Isso é um bom sinal para a construção civil, já que a baixa demanda é uma reclamação atual do mercado – o que irá refletir positivamente também em nosso setor.

Voltando ao Panorama Abravidro, outra boa notícia vem de lá: o endividamento das empresas vidreiras está sob controle. Mais de 60% dos respondentes classificam seu grau de endividamento como “baixo ou inexistente”, sendo apenas 9% a considerá-lo “alto e preocupante”. O estudo mostra que, mesmo com as dificuldades geradas pela pandemia, foi possível trabalhar em um ambiente financeiro saudável.

Com dívidas menores, é possível investir. Das empresas consultadas, 20% pretendem fazer investimentos considerados de grande porte – aumento de 7% em relação a 2020. O número das que não planejam qualquer investimento caiu mais de 2/3 em dois anos: de 30%, em 2019, para 9%, em 2021. Outra consequência do otimismo citado anteriormente.

Produtividade
Além de ter contratado mais gente, o setor trabalhou de forma mais eficiente: o nível de produtividade cresceu 8,7% em 2020, o segundo melhor nível da série histórica. Esse indicador é medido de forma simples, calculando a produção em m² de vidros feita por funcionário ao longo de um mês. Ano passado viu o número chegar a 174,6 m², contra 160,6 m² em 2019, aumento considerável de quase 15 m².

Qual a explicação para isso? Segundo Cláudio Lúcio da Silva, instrutor técnico da Abravidro, reconhecido como um dos maiores especialistas no Brasil na área de transformação de nosso material, o aumento na produtividade vidreira se deu por conta do aquecimento da construção – ainda falta uma ação consciente para a melhoria da gestão do sistema produtivo para que esse crescimento possa atingir o mercado inteiro.

Curiosamente, a produtividade da indústria de transformação brasileira como um todo teve um movimento inverso, com queda durante a pandemia. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), esse índice recuou 0,6% na comparação de 2020 com 2019. A pesquisa mostra ainda que o volume de bens produzidos caiu 4,6%, assim como as horas trabalhadas (4,1%).

Então, o que o setor vidreiro deve fazer para manter esse indicador em alta? “O caminho é a profissionalização, com as empresas se capacitando para desenvolver uma gestão profissional adequada e mais assertiva do sistema de entrega de valor ao cliente”, opina Cláudio Lúcio. “O paradigma atual utilizado ainda não é o adequado, principalmente para tempos de crise. O futuro não dá para ser previsto, mas, sim, preparado. Com empresas preparadas, é possível crescer exponencialmente em momentos como os em que vivemos.”

Este texto foi originalmente publicado na edição 582 (junho de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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