Vidroplano
Vidroplano

Os perigos por trás de uma estratégia campeã

19/07/2019 - 14h27

Escrito por Diego Andreasi

“Parabéns pra você” é a canção oficial de aniversários. Com mais de cem anos de idade, ela está firmemente enraizada como padrão na mente das pessoas.

Existem rituais que ninguém tem coragem de questionar. Afinal, por que se dar ao trabalho de fazer uma festa e não cantar a tradicional canção?

Isso também acontece com as empresas. Pense na Kodak. Só nos Estados Unidos, em 1976, vendia 85% das câmeras e 90% dos filmes. Para que se preocupar com algo novo? Contudo, duas décadas depois, as câmeras digitais apareceram com força. A Kodak até tentou sobreviver, mas seu nome não era mais sinônimo de fotografia. Faliu em 2012.

Outro exemplo é a Dell, que se tornou uma das maiores fabricantes de notebooks do mundo com base na venda direta e produção sob demanda. Pouco depois, HP e Lenovo retomaram suas fatias de mercado e a Dell perdeu a liderança.

Talvez essas empresas pudessem ter escolhido uma abordagem diferente. Se lançassem um projeto inovador a cada ano, pode ser que, ao final de uma década, esse esforço constante e consistente tivesse criado dezenas de vencedores, garantindo um crescimento estável.

Porém, provavelmente o que as pessoas envolvidas nesses casos visualizaram foi algo parecido com a canção “Parabéns pra você”: sucesso para sempre.

Para o guru do marketing Seth Godin, se o ambiente competitivo continuasse sempre o mesmo, a estratégia campeã continuaria sendo campeã. Mas hoje, no entanto, como as regras mudam tanto, os modelos não duram muito tempo.

Isso o fez concluir que mais cedo ou mais tarde, o que sempre deu certo deixa de funcionar. Seja pelo fato da concorrência o alcançar, a tecnologia mudar ou o fundador se aposentar. E quando isso acontece, ou a empresa tem tempo e coragem de sobra para tentar encontrar uma saída, ou se extingue.

Então, se você é dono ou preside alguma companhia, é importante entender que faz parte do seu trabalho organizar a empresa para pular a bordo de uma estratégia que seja campeã agora e, ao mesmo tempo, preparar sua equipe para evoluir com frequência suficiente para encontrar a próxima estratégia antes que a de hoje desapareça.

Diego Andreasi é gerente de incubadora tecnológica, professor, consultor de negócios para PMEs e palestrante

Este texto foi originalmente publicado na edição 559 (julho de 2019) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



Newsletter

Cadastre-se aqui para receber nossas newsletters