Vidroplano
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Proteção nos hospitais

18/08/2017 - 17h31

A radiação é uma grande aliada da medicina contemporânea: com ela, é possível realizar uma série de exames — radioterapia, mamografia e tomografia, entre outros. Porém, a exposição excessiva a ela pode causar sérios problemas de saúde, inclusive câncer.

Como, então, usá-la sem colocar os pacientes, médicos e operadores dos equipamentos em perigo? É aí que entram materiais especiais para barrá-la, entre os quais está o vidro plumbífero. A seguir, conheça um pouco mais sobre esse produto e o seu funcionamento.

Diferença vinda de berço
Andreia Santana, especificadora técnica da processadora PKO do Brasil, de Mogi das Cruzes (SP), explica que o plumbífero distingue-se de outros tipos de vidro já em seu processo de fabricação. “Diferente do float, produzido pela flotação [na qual a mistura das matérias-primas é fundida e derramada em uma piscina de estanho líquido], ele é fabricado por meio de estiramento vertical”, diz ela. Nesse processo, a chapa é fisgada por uma longa isca, à qual adere, sendo então esticada verticalmente com o uso de roletes.

Outra mudança na fabricação do vidro plumbífero é a adição do chumbo na massa (daí sua designação: chumbo, em latim, é plumbum). “Pela sua alta densidade, ele é capaz de barrar a radiação”, explica Andreia. Dessa forma, o produto final é transparente o suficiente para garantir a integração visual, ao mesmo tempo que oferece proteção radiológica de alta qualidade para aplicações médicas, técnicas e de pesquisa, com alta eficiência de blindagem contra os raios X.

Plumbífero em biombo: material precisa ser bem-instalado no sitema blindado, para não haver pontos de fuga da radiação

Plumbífero em biombo: material precisa ser bem-instalado no sitema blindado, para não haver pontos de fuga da radiação

Trabalho correto, segurança garantida
Se a especificação ou instalação do plumbífero não forem benfeitas pela empresa de blindagem radiológica, a radiação pode passar de um ambiente para outro. Para Claudemir Lopes, sócio-proprietário do Grupo GRX São Paulo, um dos cuidados fundamentais é garantir que a peça encomendada atenda a norma ABNT NBR IEC 61331 — Dispositivos de proteção contra radiação-X para fins de diagnóstico médico e tenha a espessura correta para a barreira a ser instalada. Essa medida é determinada pelo projeto de radioproteção.

Na instalação e manutenção das peças, fique atento:

– As bordas do vidro precisam estar revestidas pelas blindagens existentes do sistema, sejam elas de chumbo ou de argamassa baritada (mais densa que a comum, especial para proteção radiológica), para que não haja pontos de fuga de radiação;
– A instalação deve ser feita com calços e folgas adequados, como qualquer outro vidro;
– Para a limpeza, use apenas água, um detergente suave e um pano macio — caso seja necessário desinfetá-lo, consulte a fornecedora para saber que produtos podem ser usados;
– Nunca exponha o vidro plumbífero a mudanças de temperatura ou umidade;
– Use apenas selante neutro e substâncias alcalinas durante a instalação;
– Atenção às etiquetas adesivas: elas podem causar descoloração se o adesivo reagir à superfície do vidro;
– Não use produtos abrasivos ou pontiagudos na superfície do material.

Disponibilidade no mercado

Corning Med-S separando ambientes: material americano é beneficiado pela PKO do Brasil no País

Corning Med-S separando ambientes: material americano é beneficiado pela PKO do Brasil no País

O vidro plumbífero ainda não é produzido no Brasil. Apesar disso, a Schott, que conta com unidades no País, tem um produto nessa área, o RD 50, fabricado no exterior. Segundo a empresa, ele pode ser disponibilizado em diferentes versões — incluindo formas curvadas, peças com furações específicas, bordas trabalhadas e serigrafia.

Outros fabricantes de países como Alemanha, China e Estados Unidos também fornecem esse material para empresas brasileiras especializadas em proteção radiológica, como o Grupo GRX São Paulo. “Normalmente, esse produto já é beneficiado antes da importação”, observa Claudemir Lopes.

Em 2017, a PKO firmou parceria com a americana Corning para oferecer seu vidro plumbífero, o Corning Med-X, para pronta entrega em território nacional. “Com isso, os custos para compra foram reduzidos de maneira significativa, além de o produto poder ser fornecido com prazos menores”, afirma Andreia Santana. Com o beneficiamento feito no País, também é possível laminar duas peças para projetos que exijam maior proteção, ou montá-las em unidades insuladas para agregar isolamento térmico e acústico às suas outras qualidades.

Onde usar?

RD 50, da Schott: produto pode ser fornecido curvo, serigrafado e com furações

RD 50, da Schott: produto pode ser fornecido curvo, serigrafado e com furações

Não faltam espaços em que o uso de vidros plumbíferos é necessário. Segundo Jacqueline Nascimento, assistente de Vendas da Schott, as áreas para suas aplicações incluem:

– Janelas de observação e de intercomunicação;
– Vidros hospitalares panorâmicos;
– Paredes de proteção móveis;
– Painéis protetores para sistemas de check-up;
– Painéis protetores nas estações de trabalho de mamografia;
– Salas de raios X ou tomografia;
– Visores para laboratórios;
– Lentes de segurança para óculos de proteção.

Seu uso não é restrito a ambientes hospitalares, veterinários ou odontológicos. Esse vidro é um componente fundamental, por exemplo, em equipamentos de detecção de raios X em aeroportos.

Plumbífero x visor multicristal
Andreia Santana reforça a importância de se escolher o vidro plumbífero para blindagem radiológica em vez dos chamados visores multicristais, feitos unindo diversas peças comuns de vidro. “Como o visor multicristal não é eficiente para blindagem de radiações ionizantes diretas — somente indiretas —, dependendo da posição e distância do equipamento, a radiação vai ultrapassar a barreira”, explica. Além disso, a técnica da PKO lembra que a NBR IEC 61331 estabelece que as placas de vidro para proteção radiológica devem ter transparência maior do que 85% e conter chumbo na proporção de, no mínimo, 22% de sua espessura, condições não atingidas por esses visores.

Fale com eles!
Corning — www.corning.com
GRX São Paulo — www.grxsp.com.br
PKO do Brasil — site.pkodobrasil.com.br
Schott — www.schott.com

Este texto foi originalmente publicado na edição 536 (agosto de 2017) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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