Expositores da Glasstec investem em transparência, aparência e dinamismo
23/09/2016 - 22h11
Hoje, 23 de setembro, pode ser o último dia da Glasstec 2016, mas isso não significa que as novidades conferidas por Celina Araújo nesta sexta-feira são as menos interessantes da feira. Pelo contrário: este foi o dia em que a editora de O Vidroplano constatou os rumos que o futuro do vidro deve seguir, do aumento da transparência das peças e de tudo o que as envolvem (como silicones, selantes, espaçadores etc.) à variedade de cores e tratamentos aos quais elas podem ser submetidas para proporcionar designs cada vez mais clean e sofisticados.
Mais do que isso, porém, as empresas começam a pesquisar formas de disponibilizar vidros dinâmicos, que se adaptam às necessidades do cliente. Confiram abaixo as novidades visitadas na mais importante mostra mundial do vidro!
A Bohle chamou bastante a atenção pelas diversas soluções apresentadas em seu espaço. Uma delas foi um conjunto instalado de porta de vidro temperado monolítico que isolava o som de maneira surpreendente. Isso se deu graças a várias soluções da empresa para evitar frestas, desde perfis especiais até o adesivo especial para a junção de peças de vidro Duplocoll. Veja mais sobre o conjunto no vídeo. Um sistema para portas deslizantes também se destacou (os modelos suportam pesos diferentes: 50, 80 e 150 kg). Havia ainda muitos equipamentos e ferramentas para vidraceiros. As opções eram tantas que fizemos uma reportagem apenas sobre isso.
A impressão digital em vidros terá uma evolução impressionante este ano no que depender da Dip-Tech: os novos modelos das impressoras da empresa apresentam aumento de velocidade de 70 m² de vidro por hora para mais de 500 m²/h (para impressões monocromáticas) ou 250 m²/h (para impressões com várias cores), bem como resolução expandida de 720 para 1410 dpi. A Dip-Tech lançou ainda novas cores, como tintas mais transparentes, e as máquinas agora têm doze tanques de cores (em vez de seis, como antes). Para o Brasil, a empresa israelense destacou o fornecimento de assistência técnica disponível desde o ano passado e anunciou o lançamento de novas opções de cores no País nos próximos sessenta dias.
A fabricante de selantes Dow Corning trabalhou o conceito de transparência na Glasstec. Em 2016, a primeira obra da empresa com fachada do tipo glazing, em Detroit, EUA, completou quarenta e cinco anos. Após todo esse tempo, a estrutura continua respondendo aos testes de desempenho, demonstrando a importância do selante na construção civil. O destaque do estande era a linha de silicones estruturais com extrema transparência, formada pelos produtos TSSA (para exteriores) e TSSL (para interiores) — esse último foi usado para fixar uma escada com degraus que pareciam flutuar. Também mostraram vidros fixados com spider sem furação: o trabalho era todo feito pelo silicone.
A Durst, empresa de origem italiana e austríaca, fez o lançamento de dois modelos de impressoras digitais para vidro. Um deles possui 1,6 m de largura e outro, 2,5 m — ambas com mesas de até 6 m de comprimento. Os equipamentos fazem impressão com qualidade de 800 dpi, ou seja, altíssima resolução, em vidros de 3 a 19 mm de espessura. Com unidade no Brasil, na cidade de São Paulo, a Durst também produz as tintas usadas em suas máquinas.
Um software novo foi lançado pela Glass Advisor, divisão da multinacional italiana Pellini (que no Brasil é representada por outra divisão sua, a Screenline): ele torna muito mais fácil a simulação energética de vidros e proteção solar em geral para fachadas. Para isso, o programa reúne informações dos vidros de todas as principais fabricantes do setor (atualizadas frequentemente pelas próprias fabricantes), bem como as de interlayers, revestimentos, materiais preenchendo câmaras entre vidros duplos, e até dos modelos e curvaturas de persianas. Dessa forma, é possível simular aplicações combinando produtos de diferentes empresas (bastando saber os nomes deles) e saber o melhor espaço para aplicação dos vidros e as temperaturas externa e interna do sistema de acordo com a estação do ano.
A Kuraray marcou presença na Glasstec como uma empresa unificada pela primeira vez, desde a aquisição da DuPont. A multinacional foi representada pela Trosifol, marca que reúne todos os seus produtos dedicados ao setor vidreiro. O destaque foi para as duas películas estruturais, a SentryGlas e a Trosifol Extra Stiff: “Cada uma delas tem propriedades diferentes e é voltada para aplicações específicas”, explica Johanna Krauthauf, responsável pela área de Comunicação da Kuraray. Películas para outras finalidades, como controle solar e decoração (caso da película imprimível SentryGlas Expressions), também foram apresentadas.
O forno de têmpera Cyclone, com tecnologia avançada de convecção e economia no gasto de energia, foi um dos principais produtos da chinesa Landglass — a empresa também apresentou sua linha de maquinários para vidros insulados.
Os italianos da Movetro — a empresa tem unidade no Brasil, com fábrica em Caxias do Sul (RS) e escritório na região metropolitana de Florianópolis — lançou uma carregadora automática para mesas de corte com dez ou mais carrinhos. Compacta, ela ocupa menos espaço no chão de fábrica e, de acordo com a empresa, não exige um investimento grande: pode-se iniciar com uma formatação básica e, com o tempo, fazer upgrades.
Dentre os lançamentos da OmniDecor, esteve o vidro gravado DecorFlou Design Stripes (animação acima), com ampla gama de texturas e padrões, que pode ser usado em divisórias ou fechamentos de escritórios para proporcionar privacidade sem isolá-lo completamente do espaço externo e da passagem de luz. Outra novidade é o DecorGem, vidro esmaltado temperável, disponível em diversas opções de cores — algumas delas inovadoras e exclusivas da empresa.
Leopoldo Castiella, diretor da Cebrace, marcou presença no estande da Pilkington (uma das empresas que compõem a joint venture nacional). Ele apresentou o trabalho da Pilkington na busca pelo vidro do futuro, que terá propriedades dinâmicas e não estáticas — ou seja, será capaz de se relacionar a tecnologias de outros setores e se adaptar ao comportamento da fachada ao longo do dia, em vez de permanecer imutável após receber seu revestimento. Algumas iniciativas nessa linha incluem a Privacy Solution (laminado com cristal líquido e capaz de manter quase 100% de transparência quando ativado para permitir a passagem de luz) e o desenvolvimento de vidros capazes de gerar energia elétrica para aplicação em janelas ou fachadas, sem precisar de integração a módulos fotovoltaicos: “Isso é revolucionário, porque se você consegue gerar onde tem o consumo, todo o custo de transmissão e distribuição é reduzido, assim como as perdas de energia, e ainda é possível devolver o excedente de energia para a rede”, avalia.
A holandesa Prodim sempre chama atenção em suas participações na Glass South America por seus equipamentos digitais para medições de moldes e vãos em geral. Segundo Genilson Muniz, representante exclusivo da companhia no Brasil (a empresa tem mais de sessenta equipamentos por aqui), a Prodim trabalha com três modelos básicos. O 7CS é para o uso nas fábricas, para a medição de moldes. O 8CS, além de medir moldes em trabalhos internos, pode fazer medições externas de vãos, aferindo também nível e prumo. Existe ainda um equipamento voltado para a indústria automobilística, que faz inclusive a medição de vidros curvos. Todos os dados coletados por podem ser enviados para um maquinário digital, para os devidos trabalhos de processamento.
Representada no Brasil pela Vetro Máquinas, a espanhola Pujol mostrou a linha de laminação Pujol 100, que trabalha com PVB, EVA e SentryGlass, película de segurança da Kuraray. Lançada em 2010, segue sendo um dos carros-chefes da empresa. Além de, segundo a empresa, consumir menos energia elétrica por m² de vidro laminado produzido do que um autoclave, ocupa uma área menor. Na produção com PVB, se destaca por dispensar a refrigeração do PVB antes do processo de laminação. Já na produção em EVA, o destaque é o ciclo com sistema de cura rápida, que chega aos 1000 m² por dia. A linha está presente no Brasil, no pátio fabril da Cristalglass, do Rio Grande do Sul.
A tecnologia da Schott sempre impressiona — e nesta edição da feira não foi diferente. O Ultra-Thin Glass, vidro ultrafino, possui espessuras de 25 e 210 microns (sendo que 100 microns equivalem a apenas 0,1 mm) e está disponível em folhas ou rolos. O produto é dobrável e pode ser aplicado em telas OLED e sensores de impressão digital, entre outros. O Borofloat, vidro borossilicato, também estava lá. Esse tipo de vidro tem como característica a excelente resistência térmica e química.
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