Vidroplano
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Como manter vidros e espelhos bem preservados durante o armazenamento?

19/06/2019 - 11h49

Quando pensamos em cuidados com os vidros, é comum considerar o manuseio, transporte e instalação deles. O armazenamento pode ser visto com menos importância — afinal, se as peças estão paradas, não há nada com que se preocupar, certo?

Errado: é necessário estar atento com as condições do espaço onde os produtos serão colocados para impedir diferentes tipos de dano nas peças. O Vidroplano apresenta algumas dicas para garantir que a qualidade dos vidros e espelhos permaneça preservada dentro da sua vidraçaria e no local da obra.

O ambiente ideal
O primeiro passo para manter os materiais intactos é cuidar do espaço voltado para o armazenamento deles. Segundo Edweiss Silva, consultor da Abravidro, o ambiente precisa estar sempre:

– Limpo;
– Ventilado;
– Seco;
– Isolado de produtos químicos;
– Livre de poeira ou material particulado, como grãos de areia ou pó de vidro

Onde colocar?
No local de armazenamento, são necessárias estruturas nas quais os vidros e espelhos serão apoiados. Cavaletes e carrinhos são as mais comuns, embora o mercado conte com soluções mais compactas, como paliteiros e classificadores. “Existe hoje uma necessidade de administrar mais e melhor o armazenamento, pela grande diversidade de produtos e de medidas, mas tudo isso exige muitas vezes espaço físico e facilidade de acesso”, aponta Gabriel Alves de Andrade, diretor da Agmaq. Ronaldo Gomes, gerente de Vendas da Italotec, acrescenta: “Os vidraceiros costumam armazenar pequenas quantidades de vidros, porém em grande variedade de tipos e de espessura. Com isso, torna-se essencial otimizar o espaço.”

Seja qual for o equipamento disponível, a norma NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações define que as peças devem ser apoiadas em material que não danifique suas bordas, como borracha, madeira ou feltro, com inclinação de 4 a 6 graus em relação à vertical.

Separadores: aliados contra riscos

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Também conhecidos como intercalários, esses materiais protegem a superfície e os cantos das chapas, impedindo o surgimento de arranhões ou trincas causados pelo contato direto entre elas ou por materiais particulados como o pó de vidro.

Há uma grande variedade de opções no mercado:

– cantoneiras de papelão;
– perfis de plástico ou polietileno expandido;
– filmes plásticos;
– calços de papelão ondulado, cortiça ou EVA;
– barbante de algodão.

Porém, diversos casos exigem separadores específicos: “Devemos ter cuidado especial com materiais que utilizam cola ou tenham um pH ácido, pois podem causar manchas”, aconselha Edweiss, da Abravidro. Anteo Olivatto Junior, proprietário da C&A Embalagens, recomenda: “É importante que a superfície do vidro não esteja úmida ou com camada de pó no momento da aplicação desses materiais, pois isso compromete a fixação.”

A C&A Embalagens fabrica calços de papelão (utilizados no centro do vidro e nas laterais), separadores emborrachados (aplicados na superfície) e cantoneiras de papelão. No caso dessas últimas, Anteo alerta: “Para espelhos, por exemplo, existe cantoneira específica de 4 mm. Se for utilizada uma com espessura maior, não dará a proteção adequada.”

Casos especiais

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– Para espelhos, a NBR 15198 — Espelhos de prata — Beneficiamento e instalação define como ideal usar materiais que não absorvam umidade, sejam macios e não ataquem as chapas, como espuma de borracha ou fitilho plástico;
– Para vidros de controle solar, a NBR 16673 — Vidros revestidos para controle solar – Requisitos de processamento e manuseio recomenda não escolher como separador nenhum material abrasivo que absorva umidade ou que cause danos à superfície revestida, como jornal, papelão ou produtos à base de silicone.

Evitando a irisação
Um dos grandes inimigos do vidraceiro no armazenamento é a umidade do ambiente: ela pode causar o fenômeno de irisação, um tipo de corrosão na superfície do vidro formando manchas semelhantes a um arco-íris.

“O empilhamento inadequado das peças é o principal fator para as condições de irisação, pois se elas estiverem expostas à umidade, pode haver condensação entre as lâminas, e a água que se forma entre as chapas inicia essa reação química de corrosão”, explica Cláudio Lúcio da Silva, instrutor-técnico da Abravidro.

Para impedir que isso aconteça, ele apresenta algumas orientações:

– O local de armazenamento deve ser:
* Coberto;
* Emparedado;
* Com piso;
* Isolado do ambiente externo e de agentes químicos, ambientais e intempéries (como chuvas).
– As peças de vidro devem sempre estar em cavaletes ou carrinhos adequados, revestidos de forração ou emborrachados.
– Nunca deixar os vidros empilhados na horizontal (com uma das faces voltada para baixo), pois isso facilita a irisação e vários outros riscos.

Nas obras

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Frequentemente vidros e espelhos precisam ser armazenados na própria obra, em que as condições do ambiente tendem a ser mais difíceis. “Nos locais onde não há como controlar a umidade, seria preferível não deixar as peças ali e contratar um espaço adequado próximo à obra, tirando-as de lá apenas no momento da instalação”, avalia Cláudio Lúcio. Se isso não for possível, os vidros devem ser totalmente embrulhados em pacotes com lona ou filmes plásticos, juntamente com sacos dessecantes (compostos por uma formulação que atrai e retém as moléculas de água).

Edweiss ressalta que não há uma determinação específica para o tempo que os materiais podem ficar estocados nas obras: “O vidraceiro e o cliente devem definir, de comum acordo, o prazo máximo e as condições das peças.”

Vale observar que, no caso de espelhos, eles não devem ser acondicionados junto a materiais como cimento, cal, cola, gesso etc. Além disso, nada de encostá-los na parede ou em madeiras improvisadas: o uso de cavaletes é obrigatório.

Soluções diferenciadas para o armazenamento

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Os classificadores automáticos da Italotec (foto) têm versões de pequeno porte com sistema pneumático: “Além de ocupar menos espaço na vidraçaria, facilitam a identificação e a separação dos magazines [divisões do classificador em que cada conjunto de vidros é colocado], dando mais agilidade para as atividades na empresa”, afirma Ronaldo Gomes, gerente de Vendas da empresa.

 

Soluções diferenciadas para o armazenamento

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A Agmaq conta com uma linha ampla de paliteiros, classificadores, cavaletes fixos para chapas e peças, e gabinetes para peças padrão (foto). “Projetamos todos esses sistemas utilizando o que existe de mais moderno na engenharia, para oferecer produtos com um custo justo e que tragam total segurança no processo”, explica Gabriel Alves de Andrade, diretor da fabricante.

 

O que dizem as normas
É possível encontrar orientações sobre armazenamento de vidros e espelhos em algumas normas, como a NBR 7199, NBR 15198 e NBR 16673, já citadas na reportagem. Confira:

– Cada unidade de acondicionamento deve identificar o tipo de vidro e suas dimensões, bem como conter símbolos convencionais de manuseio, proteção contra umidade e choques mecânicos;

– Recomenda-se que os vidros sejam empilhados de acordo com seu tipo (ou seja, temperados com temperados, float com float etc.);

– Cada pilha apoiada não deve ultrapassar as seguintes espessuras totais (isto é, somando as de cada peça):
Float, de controle solar ou espelho: 600 mm
Laminado: 600 mm
Temperado: 800 mm
Insulado: 300 mm
Impresso: 300 mm

– Quando as peças tiverem tamanhos diferentes, as suas superfícies e bordas devem ser protegidas de forma que se evitem pontos de pressão entre uma peça e outra;

– O armazenamento e a retirada dos vidros em cavaletes de dois lados devem acontecer de forma alternada entre os lados: coloca-se uma peça de um lado, a peça seguinte do outro lado, e assim sucessivamente, a fim de reduzir os riscos de acidentes;

– Não se deve misturar espelhos beneficiados e peças apenas cortadas, para que possíveis fragmentos destas últimas não contaminem os primeiros;

– Recomenda-se que o revestimento dos vidros de controle solar monolíticos seja protegido por uma embalagem protetora dos resíduos da obra, como poeira, umidade e detritos;

– Após seu processamento, as peças de controle solar devem ser mantidas com separadores até o momento da instalação.

Este texto foi originalmente publicado na edição 558 (junho de 2019) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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