Vidroplano
Vidroplano

Saiba qual o momento ideal para trocar sua lapidadora

22/03/2022 - 14h31

A importância da lapidação para uma peça de vidro só é percebida quando ela está instalada. Seja em tampos de mesa, portas de boxes ou guarda-corpos, o acabamento das bordas ajuda na percepção de valor agregado ao nosso material. Mas isso só será possível se as lapidadoras estiverem em boas condições de uso.

O Vidroplano iniciou no mês passado uma série especial que ajudará as beneficiadoras em um dilema: quais são os sinais de que seus maquinários precisam ser trocados? Nossa redação contatou fabricantes para entender melhor o funcionamento desses equipamentos, além de conversar com um especialista no assunto. Este mês o tema é lapidadora – na sequência, passaremos pelos demais processos até chegar à têmpera, em maio.

Imagem: Amorim Leite

Imagem: Amorim Leite

Os temas da SÉRIE ESPECIAL
– Fevereiro: Mesas de corte
MARÇO: LAPIDADORAS
– Abril: Lavadoras
– Maio: Fornos de têmpera

Boas práticas garantem bom desempenho
Assim como apontado no mês passado, na 1ª parte do especial, vale sempre reforçar a principal orientação de Cláudio Lúcio da Silva, instrutor técnico da Abravidro, para as processadoras interessadas em adquirir maquinários: características como tipo, tamanho, capacidade e acessórios dos equipamentos não devem estar de acordo com o porte da empresa, mas sim com o tipo de produção dela – ou seja, quais mercados ela atende, quais vidros produz.

Imagem: Amorim Leite

Imagem: Amorim Leite

Voltando às lapidadoras, a correta definição dos parâmetros técnicos do processo de lapidação está entre as principais questões em relação à conservação dessas máquinas. “A falta de calibragem e regulagens pode levar a desgastes, assim como a falta de um sistema de manutenção prescritiva (que analisa as condições de funcionamento da máquina) e preventiva (que busca estar próximo das condições de fábrica), sendo realizada apenas a chamada manutenção corretiva (consertar algo já quebrado), geralmente feita de forma emergencial e onerosa para a empresa”, explica Cláudio, reconhecido como uma das maiores autoridades em transformação de vidro em nosso país.

Uma ação muito danosa é acelerar o trabalho das lapidadoras sem atender os pressupostos acima, como se isso pudesse resolver problemas no desempenho causados por mau uso. Cláudio alerta: “Aumentar a velocidade, sem atuar primeiro nos demais problemas, apenas faz aumentar as perdas, o retrabalho e as quebras, além, claro, da degradação dos componentes”.

Para evitar tudo isso, a processadora precisa investir tempo para a criação de procedimentos operacionais padrão – a serem seguidos durante todas as etapas do beneficiamento – e também de um sistema profissional de gestão industrial. Somente assim será possível atingir boa performance e preservar os bens ao mesmo tempo.

Comprar nova ou reformar a antiga?
A obsolescência dos componentes é um dos primeiros fatores a serem levados em conta – apesar de lapidadoras serem equipamentos robustos, como afirma Ricardo Costa, diretor-comercial da GlassParts: “Geralmente essas máquinas têm vida útil muito boa, mesmo sendo muito exigidas na produção. Mas, para isso se tornar realidade, é necessário realizar as devidas manutenções e ter os devidos cuidados”.

E mesmo se alguma peça estiver avariada, a reforma surge como opção válida. “Quando a máquina tem poucos anos de existência, o upgrade deve ser suficiente. Porém, equipamentos mais antigos podem não ser compatíveis com tecnologias recentes”, aponta Mauro Faccio, gerente-regional de Vendas da Bottero. Os componentes mecânicos de uma lapidadora duram mais tempo do que os eletrônicos. Sistemas operacionais e softwares, por exemplo, têm ciclo de vida menor e precisam ser atualizados mais vezes.

Na prática, as máquinas duram bastante tempo. “Em se tratando da obsolescência tecnológica no mercado vidreiro, ela ocorre em um período relativamente maior do que em outros setores”, explica Cláudio Lúcio. O problema, como já mostrado, está nas boas práticas de uso. “A conservação tem papel importante: como mencionado, a ausência de preservação obriga o empresário a trocar seus equipamentos em curto prazo, de três a cinco anos”. Caso sejam cuidados corretamente, podem passar bastante desse tempo.

Imagem: Thiago Borges

Imagem: Thiago Borges

Avaliando a lapidadora
Reformar a lapidadora é muito melhor do que perder pedidos e dinheiro. Ricardo Costa, da GlassParts, reforça: “Observamos por diversas vezes clientes com equipamento parado justamente por falta de peças ou devido ao custo alto de manutenção”.

Alguns tópicos devem ser analisados para se saber a real necessidade de reforma ou troca da lapidadora, incluindo a disponibilidade de peças sobressalentes e de atualizações para softwares por parte das fabricantes dos equipamentos, além de outros aspectos, como a otimização das interfaces de controle. “Caso não se possa garantir isso, as processadoras deveriam considerar a aquisição de um equipamento novo”, indica Giorgio Martorell, gerente de Vendas da Lisec para a América Latina.

Imagem: Amorim Leite

Imagem: Amorim Leite

São vários os cenários nos quais trocar peças não basta, sendo preciso adquirir um maquinário novo em folha. “A maior necessidade de compra está ligada ao aumento de produção”, comenta Mauro Faccio, da Bottero. Para Silvia Villa, do Departamento de Marketing da Schiatti Angelo, empresa representada no Brasil pela GR Gusmão, a processadora deve se questionar a respeito do modelo ideal. “Uma pergunta a ser feita é: ‘quero uma máquina com a mesma performance da atual ou uma que entregue mais produtividade?’” Tudo vai depender do tipo de produção, como já comentado anteriormente. No fim, é importante ouvir uma dica preciosa de Silvia: “É tempo de pensar em uma nova máquina quando a sua não é mais uma fonte de renda, mas sim um custo”.

Critérios para escolher um modelo
De acordo com as fontes consultadas para esta reportagem, aqui estão alguns pontos de relevância no momento de pesquisar as opções oferecidas no mercado:

– Capacidade de integração com os demais processos;

– Flexibilidade do setup entre as peças. “As novas lapidadoras podem trabalhar com vidros de espessuras e formatos diferentes, realizando setups individuais automáticos entre cada peça, sem precisar de trocas de ferramentas nem ajustes manuais”, aponta Giorgio Martorell, da Lisec;

– Necessidade de trabalhar com vidros modelados – nesse caso, uma lapidadora vertical seria uma boa escolha;

– O tamanho dos vidros a serem produzidos;

– A economia de mão de obra gerada com a máquina nova;

– Tipo de acabamento de borda – isso irá variar de acordo com o cliente, pois vidros aparentes precisam de polimento, já os encaixilhados necessitam da chamada “lapidação industrial”;

– Como é o serviço técnico e o suporte remoto oferecido pela fabricante.

Tecnologias imprescindíveis
Atualmente, encontram-se linhas enormes de lapidação, equipadas com robôs para a movimentação do vidro – o que praticamente dispensa o contato humano com nosso material durante o beneficiamento. Embora nem todas as processadoras precisem de soluções de grande porte como essa, existem tecnologias imprescindíveis para uma lapidadora moderna. Confira as principais:

– Carregamento e descarregamento automático;

– Identificação, separação e transferência para linhas dedicadas com ou sem furação/recorte (como linhas para peças de boxes de banheiros, por exemplo);

– Integração com sistemas de gestão (ERP);

– Sistema de compensação para administrar o desgaste dos rebolos;

– Ajuste automático da velocidade de trabalho de acordo com a espessura dos vidros, entre outras.

Retilínea ou bilateral?
As lapidadoras retilíneas verticais (que trabalham em um lado da peça por vez) e as bilaterais (dois lados simultaneamente) são os modelos mais comuns encontrados em processadoras brasileiras. Como escolher?

“Para a produção de vidros com formatos diferentes, e em pequenas quantidades, as linhas retilíneas verticais são as recomendadas”, opina Silvia Villa, da Schiatti Angelo. Já para a produção em série de peças com as mesmas dimensões, as bilaterais são a melhor escolha, sendo indicadas para vidros destinados ao setor moveleiro ou a grandes obras da construção civil. A produtividade é um fator essencial para os maquinários desse tipo.

Soluções do mercado
A seguir, conheça modelos oferecidos por alguns fabricantes de lapidadoras com atuação no Brasil. Todas as empresas citadas contam com soluções para diferentes tipos de produtividade (pequeno e grande porte). Abaixo estão apenas alguns dos equipamentos comercializados por elas.

 

Victralux (Bottero)
– Linha de retilíneas verticais composta por cinco modelos.

Display digital e monitor touch screen permitem regular com precisão a abertura das pinças e controlar constantemente a velocidade de lapidação;

– Guias e rolamentos das pinças protegidos por sistema de guarnições, que evita a infiltração da água de lapidação.

 

GP09/ZM9 (Enkong, distribuída pela GlassParts no Brasil)
– Retilínea vertical para nove rebolos do tipo copo;

– Trabalha vidros de 3 a 25 mm;

Design especial da seção de alimentação controla a quantidade desejada de remoção do vidro sem necessidade de ajustar cada rebolo individualmente.

 

KSD-A (Lisec)
– Linha vertical para trabalho em vidros jumbo (filete e lapidação industrial);

– Configuração flexível permite processar vidros de diferente espessura sem troca nem ajuste das ferramentas;

– Tecnologia LiTEC Slider reconhece e corrige quaisquer imperfeições na borda do vidro.

 

BFP 35 (Schiatti Angelo)
– Bilateral indicada para empresas de produção de tamanho médio a grande;

– Conta com sistema de ajuste independente dos rebolos diamantados e ajuste automático dos de polimento;

– Sistema de refrigeração a água em circuito fechado.

Este texto foi originalmente publicado na edição 591 (março de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



Newsletter

Cadastre-se aqui para receber nossas newsletters