Vidroplano
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18/04/2018 - 11h41

Já passavam das 17 horas da terça-feira, 3 de abril, quando uma notícia caiu como uma bomba no setor vidreiro nacional: a União Brasileira de Vidros (UBV), maior fabricante de vidros impressos do País, com seis décadas de história, encerrava suas atividades. O anúncio foi feito por meio de carta enviada a clientes, assinada pelo presidente da empresa, Sérgio Minerbo — não deixe de ler a entrevista exclusiva de O Vidroplano com Minerbo, na qual ele comenta os motivos que levaram à decisão. Os canais de comunicação da Abravidro foram os primeiros a repercutir o assunto e o portal da associação teve um boom de acessos de pessoas interessadas em saber: como isso aconteceu?

Mercado sem perspectivas
fornoA UBV, fundada por distribuidores de vidros em 1957, atualmente era controlada por três famílias, todas elas com investimentos variados. Desde o ano passado, com os executivos da empresa, os investidores avaliavam com atenção a situação da UBV, levando em consideração o mercado, as condições econômicas e as perspectivas para a construção civil nacional. Isso porque a vida útil do forno se esgotaria em breve, mais precisamente este ano, e algo precisaria ser feito.

Reformar o equipamento para um novo ciclo de dez anos de produção implicava um investimento de R$ 15 a 20 milhões. Inviável, na visão dos controladores. Por isso, foram cogitados dois cenários: realizar a manutenção a quente no forno, para fazê-lo durar mais um ano, ou parar a produção.

Com baixas perspectivas de melhoras no mercado em curto prazo (a empresa considerava necessário um crescimento de 30% no volume de vendas), não se realizaram os reparos. O equipamento parou de funcionar no próprio dia 3, quando começou o processo de drenagem, que terminou alguns dias depois.

Segundo o comunicado, pedidos em carteira e demandas do mercado serão atendidos enquanto houver produtos disponíveis — espera-se que os estoques durem cerca de sessenta dias. Outro assunto abordado: a usina garantiu que os funcionários terão todo o suporte possível nos próximos meses até deixarem a empresa. E isso inclui até um workshop sobre vários temas para ajudar os profissionais na recolocação.

Reflexos da decisão
No dia do anúncio, a usina enviou também uma carta à Abravidro, em que registra o orgulho de ter feito parte, juntamente com as empresas e entidades associadas, da história do desenvolvimento do mercado no Brasil e no mundo. “Temos certeza de que, com a participação da Abravidro, o segmento continuará crescendo e se desenvolvendo”, afirma Minerbo no documento.

A Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (Abividro), à qual a UBV era associada, comentou a notícia por meio de seu superintendente, Lucien Belmonte. “É muito triste ver uma fábrica nacional desse porte, inovadora e batalhadora, chegar ao ponto em que o retorno sobre o investimento não justifica a produção. Produzir em nosso País está ficando cada vez mais inviável”, lamentou.

Agora, o setor conta com apenas um fabricante do produto no Brasil, a Saint-Gobain Glass, que possui capacidade para gerar 180 t/dia do produto. Procurada pela reportagem de O Vidroplano para comentar o assunto, a usina preferiu não se manifestar.

Legado de sessenta anos
simpovidroA UBV foi fundada em 1957. Sua fábrica, localizada no Jardim Guanabara, no extremo Sul da cidade de São Paulo, tinha capacidade nominal de produção de 240 t/dia.

Uma das pioneiras na introdução de chapas espessas e de grandes dimensões no mercado nacional, fornecia aos segmentos de decoração e construção civil, atendendo diferentes tipos de aplicação, como boxes de banheiro, portas, divisórias, esquadrias, engenharia, móveis e molduras. A empresa ainda exportava para locais como México, Paraguai e países da África.

Este texto foi originalmente publicado na edição 544 (abril de 2018) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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