Vidroplano
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Vidro em edificações: você tem teto de vidro?

21/03/2016 - 16h07

Este texto foi originalmente publicado na edição 519 (março de 2016) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista clicando aqui

O leitor de O Vidroplano que acompanha nossas reportagens sobre arquitetura e construção civil já notou a forte tendência, que não é recente, de uso do vidro em edificações. Nosso material está nas fachadas, nos pisos e em elementos estruturais. Agora, devemos começar também a olhar pra cima para procurá-lo: coberturas envidraçadas oferecem segurança e diferencial estético único, ganhando espaço em projetos ao redor do País.

A equipe da revista conversou com profissionais do setor sobre os segredos dessas estruturas e os repassa nesta edição: qual é o vidro certo a ser usado e como especificá-lo, além de dicas para instalação e manutenção e de cases espalhados pelo País.

As vantagens
SEGURANÇA — Por serem feitas com vidros de segurança (saiba mais no quadro da pág. 46), as coberturas garantem totalmente a integridade física das pessoas que estão embaixo da estrutura;

VIDA ÚTIL DO VIDRO — O produto instalado corretamente mantém suas características mesmo após anos de uso e de exposição às mais variadas condições climáticas;

LEVEZA — Comparados com os materiais usados em uma laje convencional, os vidros podem significar uma estrutura mais leve;

TRANSPARÊNCIA — Estudos psicológicos comprovam que as pessoas se sentem (e trabalham) melhor em ambientes iluminados naturalmente ou integrados com o meio externo. “As coberturas de vidro são em geral utilizadas quando o ambiente requer iluminação natural zenital, ou seja, uma iluminação bem-distribuída e vinda da parte superior do ambiente”, analisa Tito Lívio, professor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie;

ECONOMIA DE ENERGIA ELÉTRICA — Com a luz natural, a eletricidade se faz menos necessária;

INTEGRAÇÃO COM O AMBIENTE EXTERNO — Oferecem a sensação de maior amplitude ao espaço;

CONFORTO TÉRMICO E ACÚSTICO — Dependendo da especificação do vidro, o material pode trazer proteção contra raios ultravioleta (UV) e barrar barulhos vindos de fora do ambiente.

Hora de especificar: como fazer?
A estrutura não deve ser pensada como algo independente do restante da construção. “A cobertura de vidro deverá estar integrada à obra desde o início da concepção do projeto”, afirma a gerente de Produtos da Vivix, Viviane Moscoso.

Se a cobertura for um retrofit, ou seja, uma atualização ou reforma da obra, o projeto original deverá ser alterado e os ajustes, aprovados pelos engenheiros responsáveis. Na hora de pensar a estrutura, deve-se atentar aos seguintes pontos:

Escolhendo o vidro
Lamartiny Gomes, gerente de Produtos da Guardian, relembra a questão mais básica da especificação: “Primeiro, deve-se ter em mente qual o uso do local abaixo da cobertura”. Com os diferentes tipos de vidro existentes, a escolha pode ser baseada nos níveis de transmissão luminosa desejados e nas cores das peças — lembrando sempre que deverá ser laminado ou aramado.

Determinando a dimensão das peças
O dimensionamento da chapa, no que tange às suas dimensões de largura e comprimento, tem influência direta no aproveitamento do produto no processo de corte. Uma possível área não aproveitada é normalmente incluída no preço final do metro quadrado a ser vendido. “Por meio de um trabalho forte junto a projetistas, é possível reduzir drasticamente o preço final”, comenta Remy Dufrayer, gerente de Desenvolvimento de Mercado da Cebrace.

Cálculo da espessura do vidro
Essencial para a segurança do conjunto, o cálculo é determinado por uma combinação de fatores, como dimensão das peças, número de apoios e esforços a que essas peças serão submetidas (pressão do vento, por exemplo). Isso vai depender, claro, de projeto para projeto. Porém, existem ferramentas para facilitar a vida dos profissionais do setor. A Cebrace, por exemplo, possui um software em seu site Que faz o cálculo. Ele está disponível no seguinte endereço: www.cebrace.com.br/#!/simulador/calculo-de-espessura.

Inclinação
“A falta de inclinação pode comprometer o desempenho e a durabilidade do vidro por questões relacionadas ao acúmulo de sujeira e umidade”, explica o gerentede Projetos da Divinal Vidros, Leandro Gonçalves Pedroso. Projetos com vidros autolimpantes também precisam de inclinação. “Consideramos um mínimo de 3% para evitar problemas”, revela José Guilherme Aceto, diretor da Avec Design.

Qual vidro deve ser usado?
Direto e reto: segundo a NBR 7199 — Projeto, execução e aplicações de vidros na construção civil, sempre que o produto for aplicado
em coberturas, ele deve ser laminado ou aramado. No caso dos laminados, em uma possível quebra ou trinca (durante uma chuva de granizo extremamente intensa, por exemplo), os cacos ficam retidos em sua estrutura e não se espalham pelo ambiente. Normas estrangeiras, que não são obrigatórias no Brasil, vão ainda mais longe: a americana ASTM determina o uso de vidros com espessura mínima de 10 mm e PVB duplo (0,76 mm de espessura).

Mãos na massa: os cuidados com a instalação
– Sempre faça a medição in loco — nunca tire um pedido de vidro sem ir até o local verificar se as medidas estão realmente corretas e se há como instalar o vidro através dos vãos existentes. Também veja qual maquinário e quantas pessoas serão necessários para instalar, por onde o vidro entra e por onde ele sobe etc.;
– Os esforços da estrutura não devem ser transmitidos ao vidro. “O contato entre o produto e as partes fixas deve ser intermediado por um corpo mais mole”, comenta Remy Dufrayer, da Cebrace. Materiais como EPDM (borracha de etileno-propileno) são indicados: devem ser instalados em espaços apropriados nos perfis, fazendo com que o vidro não encoste em elementos duros do conjunto;
– Folgas para dilatação do vidro e dos perfis são necessárias. No entanto, o tamanho delas vai depender do sistema construtivo utilizado. O coeficiente de dilatação linear do vidro é pequeno. Aço e alumínio dilatam muito mais e são, em grande parte dos casos, os culpados pela quebra espontânea do nosso material, ao “esmagar” o vidro.
– Testar e se certificar se todas as ancoragens mecânicas estão corretas e se não existem fraturas em pilares ou pontos de fixação.

Vedação: sua garantia é fundamental!
Um dos principais problemas em coberturas de vidro é a falta de estanquidade à água causada pela aplicação malfeita dos selantes. Por isso, alguns cuidados básicos devem ser tomados para evitar que o problema aconteça. Preencha todo o perímetro da peça, de forma a evitar acúmulo de sujeira e umidade quando o conjunto estiver pronto. Sistemas structural glazing, formados por vidros pré-colados em quadros com silicone estrutural, são uma solução recomendada para esse tipo de estrutura.

Limpeza: fundamental para as propriedades do vidro
O projeto de cobertura precisa prever pontos para serem fixados cintos de segurança e cabos usados pelos profissionais responsáveis pela limpeza. Água e sabão neutro bastam para remover impurezas. A periodicidade da tarefa vai depender da condição dos vidros. “Mas não deve ser um período muito longo. Após um ou dois anos sem limpeza, o vidro pode oxidar, perdendo o brilho”, revela José Guilherme Aceto, da Avec Design.

A estrutura que suporta o vidro não pode ser esquecida. “Se for de aço inox, é aconselhável usar apenas água”, explica João Rett, membro do Departamento Técnico da Glass Vetro.

Uma solução para aumentar a vida útil do material é a aplicação de revestimentos para proteção. A Abrasipa, por exemplo, possui o Enduro Shield, com nanotecnologia que cria uma película na superfície envidraçada, diminuindo a necessidade de limpeza sem fazê-la perder sua textura natural.

Outra possibilidade é o uso de vidros autolimpantes. Um exemplar no mercado nacional é o Bioclean, da Cebrace.

Mais algumas dicas de manutenção:
• Verificar a integridade dos apoios do vidro;
• Se a cobertura estiver localizada em regiões costeiras, buscar peças estruturais
com tratamento superficial contra oxidação;
• Dar atenção especial às borrachas de vedação, trocando aquelas que ficarem
ressequidas com o tempo para evitar vazamentos.

Conheça cases de coberturas de vidros

Shopping Flamboyant (Goiânia, GO)
Um dos mais importantes centros comerciais da capital de Goiás passou por expansão em 2014, tendo ganhado uma solução engenhosa para suas coberturas. O projeto desenvolvido pela Avec Design conta com vidros Habitat, da Cebrace, com função de proteção solar. Sobre as placas do produto, aplicaram-se telas de tecido pré-tensionado microperfuradas e motorizadas. Nos momentos de alta incidência do Sol, as telas são fechadas. Ao todo, são 2.900 m² de vidros instalados com sistema uniglazing de quadros pré-fabricados.

Shopping Metropolitano Barra (Rio de Janeiro)
Localizada na Barra da Tijuca, Zona Oeste carioca, a obra possui uma cobertura envidraçada que se destaca de longe: impossível não notar a enorme estrutura — parece uma nave espacial prestes a decolar. Um dos desafios do projeto era evitar que se criasse um efeito estufa no interior do shopping. Por isso, utilizou-se o vidro de controle solar SunGuard SNL 37, da Guardian.

Boulevard Shopping (Vila Velha, ES)
A aplicação de vidro no Boulevard Shopping prima pela beleza visual. Algumas placas dos laminados de Cool Lite com float incolor, fornecidos pela Cebrace e processados pela Viminas, ganharam PVBs opacos. Outras, PVBs comuns. Na hora da instalação, foram posicionadas de forma parecida a um tabuleiro de xadrez. Por ter vidros de controle solar, a estrutura barra o forte calor da região.

Shopping JK Iguatemi (São Paulo)
O luxuoso centro comercial na Zona Sul da cidade conta com especificação robusta: insulados de laminados 36 mm (com vidro de controle solar). No total, 3 mil m² do material fazem parte da estrutura. Na foto abaixo, é possível ver todo o trabalho para se instalar as peças, com 130 kg cada: um pórtico rolante, com ventosa basculante, as levantava. O projeto é da Avec Design.

Fábrica da Cebrace — unidade Barra Velha (Barra Velha, SC)
Por que não usar vidro em uma fábrica de vidro? A guarita da unidade fabril da Cebrace em Santa Catarina, localizada logo na entrada do empreendimento, possui cobertura com float incolor laminado (4 + 4 mm), instalado pela Vidrosistemas e elaborado pela Pilkington Brasil. “O objetivo foi criar um projeto limpo e sem caixilhos, com fixações de aço inox de uma forma atípica, somente com tirantes e cabos de aço”, explica Angelo Arruda, engenheiro e sócio-proprietário da Vidrosistemas.

Fale com eles!
Abrasipa — www.abrasipa.com.br
Avec Design — www.avec.com.br
Cebrace — www.cebrace.com.br
Divinal Vidros — www.divinalvidros.com.br
Glass Vetro — www.glassvetro.com.br
Guardian — www.guardianbrasil.com.br
Mackenzie — portal.mackenzie.br
Pilkington — www.pilkington.com/en/br
Vidrosistemas — www.vidrosistemas.com.br
Viminas — viminas.com.br
Vivix — vivixvidrosplanos.com.br



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