Vidroplano
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Pisos de vidro: pode andar em cima à vontade

16/06/2015 - 13h57

Aprenda os segredos da especificação e instalação de pisos de vidro, estruturas que oferecem segurança e beleza estética a projetos arquitetônicos

O vidro está em todos os cantos de prédios, casas e obras públicas atualmente — inclusive, no chão. Pisos de vidro não são novidade, mas a atual tecnologia da indústria vidreira permite inovadoras aplicações, garantindo total segurança a quem anda por cima deles. Por não serem estruturas simples, devem ser especificadas e instaladas corretamente. Nas próximas páginas, confira os segredos dos pisos envidraçados e conheça exemplos de sua aplicação ao redor do mundo.

Flutuando no ar
Pisos de vidro são elementos extremamente contemporâneos. Seus benefícios estéticos estão alinhados à atual tendência arquitetônica clean e minimalista, voltada à integração entre ambientes. “Um piso de vidro é sempre um trunfo para o aproveitamento da luz nos pavimentos inferiores”, explica o arquiteto Fábio Turri, da Étimo Engenharia. Ele, que já assinou algumas obras onde o vidro foi usado como piso, lembra ainda a importância da questão sensorial e visual relacionada ao produto. “O vidro tem uma imagem frágil perante o público leigo. Revelar as propriedades de resistência do material causa entusiasmo, agregando valor ao espaço”, salienta o arquiteto.

Marcela Calabre, responsável pelo Marketing da Saint-Gobain Glass, destaca que o uso de vidros com texturas diferenciadas, como os acidados e impressos, tem crescido nos últimos tempos. “Conquistaram arquitetos e decoradores, os quais passaram a integrá-los em áreas nobres. Além disso, o vidro impresso gera privacidade e sua textura contribui para a segurança devido à superfície áspera.”

Impenetrável
Não existe norma técnica específica para pisos envidraçados no País, nem mesmo no exterior. “No entanto, a NBR 7199 — Projeto, execução e aplicações de vidros na construção civil cita que pisos ou passagens sobre vãos devem receber laminados”, explica o gerente-técnico da Abravidro, Silvio Bueno de Carvalho. Com isso, a segurança é totalmente garantida. “Essa composição evita que pessoas e objetos ultrapassem o vão”, complementa o gerente de Desenvolvimento de Mercado da Cebrace, Remy Dufrayer. O diretor da Avec Design, José Guilherme Aceto, recomenda o uso de interlayers estruturais nesses laminados, pois eles “possuem altíssima adesão entre as placas, promovendo a ‘soldagem’ entre elas e impedindo totalmente colapsos por quebra”.

Cuidados ao especificar
A especificação está diretamente ligada ao tipo de projeto. Um local destinado à passagem de pessoas é diferente de outro voltado à exposição de objetos pesados como automóveis e mobiliários. “É preciso verificar qual será a carga que o piso deve suportar, o que refletirá diretamente na espessura do vidro”, afirma a responsável pelo Marketing da T2G Technical Glass Group, Mariana Amos. Eventualidades, como a queda de um objeto pesado ou a pressão do vento, caso a instalação seja em uma passarela externa, também devem ser levadas em conta.

A placa de vidro deve suportar, em média, entre 300 a 500 kg/m², dependendo do uso, obviamente. Ferramentas podem ajudar no processo de especificação: a Cebrace possui em seu site um software com fórmulas, baseado em normas estrangeiras como a francesa DTU-39, escrita para a aplicação do vidro na construção civil. No software, para se chegar à espessura correta, deve ser indicada a natureza do local, o tipo de carga ao qual o piso será submetido e as tensões às quais o pavimento estará sujeito.

Outros fatores também têm importância. Em alguns casos, são aplicados vidros impressos ou películas antiderrapantes para que o piso não fique escorregadio. A serigrafia pode ser usada para preservar a privacidade de andares superiores, por exemplo.

Instalação

Assim como na especificação, não existe receita pronta para se instalar esses itens. Um projeto pode demandar o simples uso do material como revestimento. No entanto, o foco desta reportagem está nas estruturas mais complexas, que atraem a atenção por sua beleza e ousadia. Nelas, o vidro pode ser:

– Apoiado pelas bordas, com a ajuda de bases metálicas e calços de borracha. Dessa forma, ele fica elevado, permitindo o uso de iluminação por baixo das placas;

– Engastado (preso por apenas um lado por encaixe ou furos);

– Parafusado ou com fixações pontuais, em dois ou mais lados da peça.

 

Importante lembrar que, se for necessário furar a placa, deve-se usar vidro temperado laminado.

Existe ainda a tecnologia chamada Vidro Encapsulado em Silicone (VES), utilizada pela Avec Design, que consiste na aplicação de um perfil de borracha de silicone extrudado no perímetro da placa. Assim, a borda se torna elástica e flexível.

Manutenção
Segundo Dufrayer, da Cebrace, a manutenção de pisos envidraçados é semelhante à de outras estruturas com o material: limpeza com água e sabão neutro, além de utilizar materiais que não risquem sua superfície. Vistorias anuais, para checar vedação e estrutura, também precisam ser realizadas, conforme salienta Mariana Amos, da T2G. “Em ambientes internos, a vistoria pode ser realizada com menos frequência.”

Uma prática comum consiste em instalar “vidros de sacríficio” na parte de cima dos pisos. Isso garante mais facilidade para troca em caso de quebra.

Fique atento!

Alguns erros básicos podem comprometer a segurança do usuário de pisos de vidro. Atenção aos itens abaixo:

– O cálculo da carga e espessura feito de forma errada causa impacto na resistência do conjunto;
– A instalação deve ser feita por empresas especializadas em estruturas de vidro;
– O contato direto do vidro com materiais rígidos pode causar a quebra das placas. Use sempre calços de borracha;
– Faça vistorias nas interligações do sistema e nas vedações;

Em áreas abertas, com risco de chuva, o material deve receber revestimento antiderrapante.

Arte para se pisar
A ala de Belas-Artes do Brooklyn Museum, em Nova York, Estados Unidos, ganhou pisos envidraçados há quase oito décadas. De 2007 a 2010, o local passou por um extenso projeto de revitalização. O novo piso, feito de laminados triplos, com cerca de 50 mm de espessura, foi colocado em cima do antigo, preservando-o. Na superfície, o vidro ganhou revestimento antiderrapante e películas antirraios ultravioleta.

Vitrina para a história
Em 2008, uma grande reforma modernizou a Praça Tiradentes, em Curitiba. Um dos objetivos da obra era proteger trechos de uma calçada do início do século 20. Por isso, instalaram-se placas de laminados com 22 mm de espessura (1,2 x 1,5 m cada uma) acima desse achado histórico, criando uma vitrina para que o público pudesse vê-lo. Ao todo, foram utilizados cerca de 140 m² de vidro.

Londres vista do alto
A Tower Brigde, ponte localizada em cima do rio Tâmisa, em Londres, conta com uma passarela para pedestres. Dali, é possível ver a capital inglesa a 42 m de altura graças ao piso envidraçado criado pela empresa Glassolutions. Para aguentar o peso dos mais de 600 mil visitantes anuais, instalaram-se laminados insulados formados por sete camadas de vidro, fornecido pela Saint-Gobain Glass. O conjunto tem espessura total de 84 mm.

Vidro esportivo
A empresa alemã ASB Systembau desenvolveu um sistema de pisos para quadras esportivas chamado ASB GlassFloor. O produto consiste em placas de SGG Stapid, laminado de segurança da Saint-Gobain Glass, sustentadas por uma estrutura de pilares de alumínio. Nosso material ganha tratamento para evitar reflexão da luz em sua superfície, além de tecnologia antiderrapante. Sua cor é determinada por uma película aplicada na parte de baixo das placas. Por isso, não desbota. As marcações da quadra, por sua vez, são feitas com iluminação de LED.

Abismo envidraçado
No Tianmen Mountain National Park, localizado na China, existe um posto de observação na montanha que dá nome ao parque. A 1.430 m acima do solo, a estrutura é inteira de vidro. Possui 60 m de extensão e seu piso, com placas de mais de 60 mm de espessura, garante a segurança dos visitantes. É tão impressionante que aparece na capa desta edição de O Vidroplano.

A ‘dama de ferro’ — e de vidro também
Uma reforma ao custo de € 30 milhões, realizada de 2012 ao fim do ano passado, mudou a cara da Torre Eiffel, em Paris, França. Agora, não só o ferro é a principal característica da obra, mas também o vidro. O material foi aplicado no piso do 1º andar e permite ao visitante caminhar sobre a estrutura com a sensação de flutuar a 57 m do chão. Ao todo, utilizaram-se 150 m² de laminados (32 mm de espessura) com interlayer estrutural SentryGlas, da Kuraray.

Paris em miniatura
Ainda na capital francesa, o Museu d’Orsay tem uma curiosa instalação de pisos envidraçados: a estrutura permite que os visitantes vejam uma miniatura da cidade através do vidro.

Fale com eles!

ASB Systembau — asbglassfloor.com

Avec Design — www.avec.com.br

Cebrace — www.cebrace.com.br

Kuraray — www.kuraray.co.jp

Étimo Engenharia — www.etimoengenharia.com.br

Glassolutions — www.glassolutions.co.uk

Saint-Gobain Glass — www.saint-gobain-glass.com.br

T2G — www.t2g.com.br



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