Vidroplano
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A qualquer custo?

21/09/2018 - 10h43

domingosO mercado vidreiro foi surpreendido este mês com mais um aumento da matéria-prima, o terceiro anunciado pelas usinas de base em um intervalo de cinco meses. Nesse período, o valor do nosso material subiu cerca de 40%. Num cenário em que a inflação anual está abaixo de 5% e que a economia segue andando de lado, chama atenção o ritmo acelerado de recuperação de preço que as fabricantes querem impor ao mercado.

Não é segredo que a cadeia vidreira experimentou uma destruição de valor nos últimos anos no Brasil. Porém, sabemos que a economia brasileira ainda está patinando e que a construção civil, responsável por 80% do consumo de vidro em nosso país, amarga quedas sucessivas em seus índices desde 2014.

É por essas e outras que nos perguntamos sobre a responsabilidade das usinas e os altos índices que vêm aplicando em seus aumentos. Depois de uma guerra irresponsável de preços ocorrida em nosso passado recente, é preocupante assistir a essa alavancada nos preços num momento em que nosso mercado ainda está bastante fragilizado.

Um dos principais argumentos é que o vidro é produto fortemente indexado ao dólar, que vem se valorizando a cada dia com a proximidade das eleições e as incertezas que traz. No entanto, outros produtos também vinculados à moeda americana, e que também são insumos da construção civil, como o PVC, o alumínio e o aço, registraram aumentos bem menores no mesmo período.

Essa preocupação será explicitada aos representantes das usinas de base em nossa assembleia, que ocorrerá após o fechamento desta edição da revista, ainda no mês de setembro. Esperamos ouvir explicações razoáveis e um compromisso dessas empresas com a sustentabilidade do mercado vidreiro nacional, para além de sua própria rentabilidade.

José Domingos Seixas
Presidente da Abravidro
seixas@abravidro.org.br

Este texto foi originalmente publicado na edição 549 (setembro de 2018) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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