Os aprendizados da crise — Parte 2
18/02/2016 - 12h19
Este texto foi originalmente publicado na edição 518 (fevereiro de 2016) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista clicando aqui
Em junho do ano passado, compartilhei por aqui algumas experiências que tiveram bons resultados em diminuição de custos e ganhos de eficiência, num processo iniciado com a pressão da crise. Oito meses depois, vemos que a atividade econômica não dá sinais de retomada e nosso grande desafio é nos adequarmos à nova realidade.
Confesso que, tanto como gestor do meu negócio ou como presidente da Abravidro, nunca fiz tantas reflexões sobre o mercado, principalmente com a profundidade exigida atualmente. Antes da crise, eu operava — e grande parte dos transformadores de vidro também — com um foco absoluto: o mercado. Um modelo adotado pela própria origem de muitas das nossas empresas — uma vidraçaria que cresceu, investiu e se tornou processadora de vidros.
Em nosso horizonte de crescimento, a prioridade sempre foi ampliação. O principal objetivo era aumentar as vendas continuamente e adquirir novos equipamentos para obter maior capacidade de produção — ou essas ações em ordem inversa. Dessa forma, nosso principal indicador de performance era o volume de matéria-prima consumida em toneladas ou a quantidade de m² vendidos, numa conta simples de, quanto maior, melhor.
Velhos e bons tempos de bonança, que, pelo menos em curto e médio prazos, acabaram. Nos novos tempos, o volume deixou de ser preponderante — o indicador mais monitorado é… rentabilidade! Algo que, às vezes, surpreendentemente pode ser melhorado com redução de volume, numa mudança de cultura e paradigmas. Planejar não é mais apenas definir metas, negociar com fornecedores e acompanhar os resultados. De certa forma, precisamos reaprender a trabalhar, debruçando-nos com muito mais atenção em cada ponto, do portfólio de produtos aos pequenos detalhes do processo fabril.
Agora é o momento de repensar o nosso negócio, resgatando o que ficou para trás naquela sede expansionista do passado. E então descobriremos várias pequenas oportunidades, as quais, juntas, devem fazer a diferença. Ah, mas se isso tivesse sido feito cinco anos atrás? Certamente os resultados teriam sido maiores na época das vacas gordas, mas nunca é tarde para aprimorar a nossa gestão e nos tornar ainda mais eficientes e rentáveis.
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