Vidroplano
Vidroplano

Vidros inteligentes trazem oportunidades

25/04/2022 - 18h26

Quem já visitou feiras vidreiras do porte de uma Glass South America, ou mostras de arquitetura como a Casa Cor, provavelmente já se deparou com aplicações de vidros que ora estão transparentes, ora estão opacos. Trata-se dos vidros polarizados, também conhecidos como vidros inteligentes. Essa capacidade de passar de um estado a outro torna o produto uma solução extremamente interessante para diferentes segmentos. Nas próximas páginas, conheça mais sobre a tecnologia por trás do material e as oportunidades que ele oferece.

Crédito: Divulgação MDV

Crédito: Divulgação MDV

 

Como é feito?
Esse produto, que representa o equilíbrio entre a privacidade e a entrada de luz nos ambientes, “consiste num polímero de cristal líquido microencapsulado em vidro”, explica Georgios Fotopoulos, fundador da MDV Glass Vidros Inteligentes. “É importante destacar que a mágica da transformação acontece em função do processo produtivo: a laminação de dois vidros com um filme de LCD [cristal líquido] com polímeros dispersos”, aponta a arquiteta Fernanda Quintas, supervisora de Marketing e Especificação Técnica da PKO do Brasil.

Quando uma voltagem é aplicada, as moléculas se organizam em uma direção específica, tornando o vidro incolor – isso permite a passagem de luz através da peça. Ao se desligar o dispositivo, as moléculas voltam à sua condição original, deixando-o translúcido novamente.

Fotopoulos destaca que a produção não envolve uma laminação convencional. “Cada peça é montada individualmente, com uma determinada carga elétrica e requer um tempo muito maior para fabricar cada m².” Primeiro é dado um tratamento no filme de cristal líquido e montam-se os terminais elétricos. Somente após testes de acionamento, esse filme é inserido entre as duas lâminas de vidro e submetido à laminação.

Crédito: Divulgação MDV

Crédito: Divulgação MDV

 

Todos os insumos utilizados na produção do vidro polarizado – como aglutinantes, condutores e a própria película de LCD – são importados, com exceção das lâminas de vidro. “Muito cuidado com as películas inteligentes oferecidas no mercado para aplicação sobre peças de vidro. Elas prometem a mesma funcionalidade, mas têm problemas de acabamento e delaminação com muita frequência”, alerta Fábio Saliba, diretor-comercial da Intelliglass.

Atrativos
O produto pode proporcionar tanto privacidade como integração visual. Mas ele também oferece outros atrativos, destaca a arquiteta Fernanda Quintas:

– Uso racional dos espaços;

– Ambientes versáteis e tecnológicos;

– Facilidade de limpeza e manutenção;

– Alta durabilidade;

– Possibilidade de projeção de imagens quando o vidro está desligado;

– Bloqueio de até 99,6% da radiação ultravioleta, reduzindo danos à pele, móveis e tecidos, incluindo estofados, tapetes e cortinas.

Crédito: Divulgação Intelliglass

Crédito: Divulgação Intelliglass

 

O produto também traz proteção térmica e acústica, segurança (por se tratar de um laminado, os fragmentos se mantêm presos ao interlayer em caso de quebra) e pode, quando em estado opaco, ser usado como quadro branco.

Mercado e oportunidades
Qual é a situação do produto no Brasil? Segundo Michael Lochner, gestor-comercial e de Marketing da Weiku do Brasil, a procura tem aumentado bastante. “Essa solução oferece uma ótima opção para privacidade e, por ter o vidro como principal matéria-prima, torna-se um produto de fácil aplicação e limpeza, além de ser altamente durável e sem necessidade de manutenção”, avalia. “Todas essas vantagens chamam a atenção do público em geral, que busca cada vez mais praticidade e modernidade para seus projetos.”

“Observamos uma curva ascendente acentuada. Hoje, há divisórias, portas, janelas e até barcos que já saem de fábrica com o nosso produto”, conta Saliba, da Intelliglass. Fotopoulos, da MDV, também vê aumento na procura por esses vidros, mas ressalta: “Alguns fatores limitam o crescimento mais acelerado. Por ainda serem caros para a realidade de nossa economia, são mais populares entre clientes corporativos”.

Para Fernanda Quintas, da PKO, há uma série de espaços em que a solução pode ser aplicada, como em salas de reunião e de banho, restaurantes etc. No caso de instalações em hospitais e ambientes da saúde, por exemplo, esse vidro é a solução ideal, pois sua superfície é perfeitamente lisa e não permite o acúmulo de poeira ou resíduos, resultando em melhor higienização dos locais. “Além disso, a possibilidade de manter a estética translúcida ou transparente dispensa o uso de cortinas e persianas, reduzindo o risco de infecções”, explica.

Lochner, da Weiku, concorda: “As aplicações desse produto ficam por conta da criatividade dos clientes — desde que devidamente isolado e com suas bordas protegidas, não há limitações para seu uso”.

Soluções disponíveis

Crédito: Divulgação Intelliglass

Crédito: Divulgação Intelliglass

Uma das soluções no mercado brasileiro é o Intelliglass (Intelligent Glass), da empresa de mesmo nome: esse vidro é produzido no País desde 2007, com garantia de cinco anos. “Hoje estamos na 4ª geração do produto. O Intelliglass tem transparência superior e permite aos clientes escolher as espessuras e formatos, além dos tipos de acionamento: controle remoto, interruptor, smartphone, presença ou automação”, explica Saliba.

 

Crédito: Divulgação

Crédito: Divulgação

O produto da MDV Glass Vidros Inteligentes nessa área é o MDV switch: “Ele oferece o menor haze [efeito leitoso] do mercado e sua laminação é feita em autoclave, o que permite maior durabilidade e melhor acabamento final”, afirma Georgios Fotopoulos. As espessuras variam de 7 a 42 mm (vidros inteligentes blindados), e as peças ainda podem ser compostas por vidros coloridos e de controle solar.

 

 

Crédito: Divulgação PKO do Brasil

Crédito: Divulgação PKO do Brasil

A PKO conta em seu catálogo com o PKO Privacy Glass, fabricado no Brasil há mais de 10 anos. O produto está disponível nas espessuras padrões de 10 e 14 mm e nas cores incolor ou extra clear (ideal para projeção de imagens) – mas não há apenas essas opções. “É possível ainda customizar o Privacy Glass com acabamentos refletivos ou vidros coloridos, e até mesmo produzir outras composições a depender da necessidade do projeto. A exemplo do insulado, também é uma excelente solução para ambientes que necessitam de controle térmico, como saunas”, acrescenta Fernanda Quintas.

 

Crédito: Marketing Weiku do Brasil

Crédito: Marketing Weiku do Brasil

A solução da Weiku do Brasil é o Switchglass. Segundo a empresa, o consumo em kW do produto é bastante reduzido. Sua programação prevê que se mantenha a privacidade em caso de falta de energia ou qualquer tipo de pane do sistema elétrico/eletrônico. “Oferecemos uma equipe de suporte remoto preparada para esclarecer todas as dúvidas, desde o orçamento até a utilização final do material”, destaca Michael Lochner.

 

Cuidados no manuseio
Por se tratar de uma solução tecnológica, o material requer atenção especial desde sua especificação até a instalação. “As medidas fornecidas pelo projeto devem ser precisas, pois esse vidro não é passível de retrabalho”, alerta Fotopoulos, da MDV. Ainda para essa etapa, Fernanda Quintas, da PKO, ressalta a importância de que o dimensionamento do caixilho considere folgas e calços.

O barramento de cobre presente na estrutura deve ficar escondido, para que no perfil não comprometa o visual do conjunto. Para isso, Fotopoulos explica que os perfis devem ter uma alma (parte correspondente à sua altura) suficiente para acomodar a fiação elétrica e conectores.

Fábio Saliba, da Intelliglass, alerta que, como se trata de vidros de valor mais alto, eles devem ser instalados sempre no final das obras, seguindo as orientações do fabricante. Também recomenda que as peças não tenham dimensões acima de 3 x 1,8 m.

Com relação à instalação, Fernanda lista algumas dicas:

– Em caso de possível maldimensionamento do caixilho, deve-se evitar pressão em excesso para encaixe da peça;

– Para a vedação do sistema, utilizar apenas silicone neutro, jamais silicone acético, pois este provoca delaminação.

– Já na instalação em ambientes úmidos como salas de banho, em que a peça estará exposta ao contato direto com a água, todas as bordas do produto devem estar protegidas, garantindo sua total estanquidade e ausência de danos.

Crédito da imagem de abertura: Divulgação PKO do Brasil

Este texto foi originalmente publicado na edição 592 (abril de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



Newsletter

Cadastre-se aqui para receber nossas newsletters