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Indústria eletrônica: a situação e as perspectivas do setor vidreiro

21/09/2020 - 13h41

Com a pandemia do coronavírus, muitas pessoas em quarentena têm nos aparelhos eletrônicos a principal janela de contato com outras pessoas e com o mundo. O Vidroplano conversou com empresas que fabricam vidros especiais para dispositivos como celulares e tablets a fim de conhecer mais sobre a situação do material nessas aplicações no Brasil.

Produção externa
Embora diversas empresas que fabricam vidros para a indústria eletrônica tenham não são gerados em território nacional. “A produção do Grupo AGC está baseada na Ásia, com fábricas no Japão, China, Coreia e Tailândia, além de uma unidade de produção nos Estados Unidos”, conta Maria Luiza Ciorlia, gerente de Marketing da AGC Brasil. Da mesma forma, os vidros da Schott para esse segmento são feitos na Alemanha, enquanto os do grupo Nippon Sheet Glass Co (NSG), do qual a Pilkington faz parte, vêm de plantas do Japão e de outros países asiáticos.

Ao que parece, esse cenário não deve mudar tão cedo: segundo Higaki Tetsuya, gerente de Comunicações Corporativas da NSG, não há planos de fabricar os produtos no Brasil. “Investimentos futuros ficariam dependentes da demanda de nossos clientes”, explica. Fernanda Roveri, engenheira de Vendas da Schott, faz análise semelhante: “Como a maioria das empresas fabricantes de eletrônicos está localizada no exterior e os produtos delas já vêm montados ao País, ainda não há perspectiva de produção local”.

Apesar disso, algumas empresas não descartam iniciativas para o mercado nacional. “Acompanhamos os diversos segmentos com nossa equipe regional e nos mantemos sempre atentos, caso alguma oportunidade apareça”, aponta Glória Cardoso, gerente de Marketing e Vendas da Pilkington Brasil.

Queda e subida
Assim como a maior parte dos negócios no mundo, esse mercado também sentiu o impacto do coronavírus. “O volume de vidros para tablets apresentou queda significativa no primeiro trimestre de 2020, devido ao lockdown”, comenta Tetsuya, da NSG. No entanto, ele observa que o setor apresentou recuperação no segundo trimestre.

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A AGC não identificou até o momento crescimento significativo nesse segmento em função da pandemia, mas Maria Luiza ressalta: “Acreditamos que esse período terá um forte impacto na percepção dos consumidores sobre a funcionalidade e sustentabilidade de suas casas, gerando condições para que, no futuro, possamos ver mudanças importantes no padrão de consumo de vidros em geral”.

Novas tecnologias
Assim como a indústria de dispositivos eletrônicos como um todo, os vidros para essa aplicação estão em constante evolução. A Schott, por exemplo, vem focando no desenvolvimento de peças ao mesmo tempo resistentes, ultrafinas e flexíveis. A NSG, por sua vez, tem como principal novidade o Glanova, vidro reforçado quimicamente
para telas touch.

Um aspecto interessante desses vidros é que seu uso não precisa ser restrito a eletrônicos. “O segmento tem várias subdivisões e, no Brasil, estamos atentos especificamente ao uso da tecnologia desenvolvida para aplicação na construção civil, os chamados smart glasses, vidros inteligentes”, explica Maria Luiza. O Halio, da AGC, é um exemplo: uma solução eletrocrômica que permite controlar a passagem de luz e calor por meio de um controle remoto ou aplicativo no celular. Essas inovações demandam certo tempo de maturação para que possam ser assimiladas e então especificadas pelos arquitetos, mas podem tornar o futuro do nosso material na construção civil mais inteligente, integrado e sustentável.

Aplicação em construção civil do Halio, vidro eletrocrômico da AGC que permite bloqueio de até 99,9% da luz em até 3 minutos

Aplicação em construção civil do Halio, vidro eletrocrômico da AGC que permite bloqueio de até 99,9% da luz em até 3 minutos

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 573 (setembro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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