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16º Simpovidro: Ana Maria Castelo traz dados e perspectivas da construção civil

02/11/2024 - 12h20

A mestre em economia Ana Maria Castelo fez a segunda palestra deste sábado (2) no 16º Simpovidro. Coordenadora de Projetos da Construção na Fundação Getulio Vargas/IBRE desde 2010, sua apresentação teve como foco o tema Perspectivas econômicas para 2025.

Antes de abordar o próximo ano, Ana Maria falou um pouco sobre o desempenho observado em 2024: ela apontou que, este ano, o consumo das famílias representa quase 65% do Produto Interno Bruto (PIB) e que o setor de serviços representa quase 70% da economia nacional. Além disso, a última pesquisa do Boletim Focus, do Banco Central do Brasil (BC), projetava crescimento de mais de 3% no PIB – porém, a inflação também deve crescer, tendo um aumento de 4,55%. Da mesma forma, a taxa Selic foi reajustada para cima, chegando a 11,75%.

Analisando todos esses números, Ana Maria destacou que o País teve um crescimento acima do esperado, e que o mercado de trabalho se encontra forte, com a segunda menor taxa de desemprego da série histórica; por outro lado, observou um aumento das incertezas na questão fiscal. Esse crescimento econômico teve como principais vetores o aumento real do salário mínimo, os pagamentos dos precatórios e o impacto de auxílios sociais turbinados, como o programa Bolsa Família.

A grande pergunta frente a esses dados, para a palestrante, é se esse crescimento seria sustentável – isto é, se há o potencial de crescer sem gerar inflação. “Se a economia cresce sistematicamente, e a inflação fica acima das metas, é porque estamos crescendo acima das possibilidades”, explicou.

 

Análise da construção civil

Ana Maria apresentou dados de um estudo da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) sobre o perfil da cadeia produtiva: as famílias representam 46,8% do destino da oferta industrial, enquanto as construtoras correspondem a 27,2%. “A cadeia da construção representa 6% do PIB; pode parecer pouco, mas isso não significa que ela não seja importante, e sim que os investimentos na construção foram subestimados nos últimos tempos”, ressaltou a palestrante.

Ainda sobre esse estudo, observou-se em 2024 uma retomada das despesas das famílias com obras e reformas; além disso, o mercado de trabalho formal da construção vem crescendo consistentemente: “Cidades de uma maneira geral são palcos para inúmeras obras, mas a continuidade desse movimento depende de novos investimentos e de um mercado imobiliário ativo”, comentou.

Em relação ao volume de vendas no comércio varejista, a taxa acumulada de janeiro a agosto teve alta de 3,5% em 2024. No nosso segmento, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que a produção física de vidros e produtos feitos com nosso material teve alta de 7,3% de janeiro a agosto.

As vendas e lançamentos do mercado imobiliário também tiveram alta este ano, e Ana Maria observou que o Minha Casa, Minha Vida é fundamental para esses números: o programa agora não diz respeito mais somente a moradias de baixa renda, passando a abarcar também a classe média, com famílias com renda de até 8 mil reais.

Por fim, a palestrante falou sobre as “dores do crescimento”. Segundo ela, um dos pontos que levam à discussão da sustentabilidade do atual crescimento é a escassez de mão de obra em relação à demanda; além disso, indicou que os custos da mão de obra estão subindo.

 

Perspectivas para 2025

Em relação ao que esperar para o ano que vem, Ana Maria listou as variáveis que devem ser acompanhadas:

  • No cenário externo: crescimento da China, questões geopolíticas e política econômica americana;
  • No cenário doméstico: políticas monetária e fiscal;
  • Eventos climáticos

Segundo ela, as perspectivas para 2025 incluem crescimento de 2% do PIB; de 3% do PIB da construção; de 2,5% do varejo de materiais; e de 2,8% da indústria de materiais. Ela também indicou quais serão os desafios e as tendências:

  • Atender a demanda por domicílios para diminuir o déficit habitacional
  • Ampliar os investimentos em infraestrutura – o estoque de capital em infra está próximo a 35% do PIB, mas o alvo seria da ordem de 60%
  • Maior participação de profissionais mulheres na construção

“O crescimento sustentado do País passa pela construção. É preciso melhorar a taxa de investimento, pois isso não permite que tenhamos condições de crescer sem pressionar a inflação”, concluiu.

 

Foto: Marcos Santos e Andreia Naomi



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