Vidroplano
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16º Simpovidro: usinas mostram otimismo e se atentam à sustentabilidade

01/11/2024 - 00h36

Um dos momentos mais aguardados pelos participantes do Simpovidro é a cerimônia de abertura do simpósio, na qual as usinas de vidro com atuação no Brasil discursam sobre assuntos relevantes para o setor. Este ano, na 16ª edição do evento, realizada no Vila Galé Alagoas, AGC, Cebrace, Guardian e Vivix revelaram ao mercado suas visões a respeito do presente e do futuro do segmento.

AGC: foco em agregar valor
O presidente da AGC e diretor-geral de Vidros Arquitetônicos da fabricante para a América do Sul, Isidoro Lopes, comentou que, ao longo de sua história de mais de 117 anos, a multinacional japonesa ajudou a impulsionar a indústria mundial por meio do nosso material. “O vidro é um dos principais negócios da AGC mundialmente. Estamos focados na agregação de valor e nos vidros refletivos para a nossa região”, afirmou.

Para Lopes, o futuro do segmento é de otimismo — e isso vem do fato de que o vidro é cada vez mais protagonista em um mundo que procura soluções inovadoras e sustentáveis: “O material tem papel no combate às mudanças climáticas, trazendo economia e eficiência energética aos edifícios. É nossa responsabilidade como indústria buscar a redução de emissões em toda a produção”. A prova disso está no Projeto Volta, uma parceria tecnológica com a francesa Saint-Gobain para a construção de uma fábrica de fusão híbrida nas instalações da AGC em Barevka, na República Tcheca. A iniciativa prevê a redução de até 75% na emissão de CO2 durante os processos fabris.

Lopes comentou ainda alguns dados de segmentos consumidores de vidro, como a construção civil (que tem expectativa de crescimento na ordem de 3,5% este ano), automotivo (projeção de 10% de crescimento) e o moveleiro (que deve aumentar em 8% o uso de vidro nos móveis), citando o lançamento de produtos, como o vidro refletivo Sunlux Champagne, e ações para expandir a produção de vidros para automóveis. “O mix de produtos em nosso mercado ainda é simples, mas está evoluindo. Se tivermos um pouco de estabilidade, a demanda subirá”, comentou.

Cebrace: perspectivas de mercado
Os dois diretores-executivos da Cebrace, joint-venture entre NSG a Saint-Gobain, falaram durante a cerimônia. Lucas Malfetano, representante da NSG, disse que o Simpovidro sempre é um encontro especial para a empresa, ainda mais este ano, quando a usina completou cinco décadas de existência: “É um privilégio estar aqui com parte do nosso time, representando toda nossa equipe que trabalha para oferecer o melhor produto e serviço possíveis. O reconhecimento é para todos os colaboradores”.

A Cebrace também vê com esperança uma melhora no desempenho do mercado. “Acreditamos em crescimento neste ano e também no próximo. Estou para fazer trinta anos no mercado do vidro e nunca estive tão otimista sobre o potencial do vidro como estou agora. Há muito espaço para aumentar o consumo do material no País, tanto de insulados e vidros de valor agregado para eficiência termoacústica”, aponta Malfetano. A sustentabilidade teve destaque: segundo Lucas, a Cebrace reduziu 20% da emissão de CO2 nas operações. E uma novidade foi revelada: o vidro texturizado 8 mm será relançado para atender a demanda do mercado.

Wiltson Varnier, que representa a Saint-Gobain, estreou no Simpovidro este ano com uma fala cheia de confiança: “Chego em um momento de otimismo. Posso assegurar que na Europa e China o cenário não é esse. Teremos crescimento no mercado brasileiro em 2024 e 2025”.

Para ele, a descarbonização dos processos industriais será uma constante cada vez mais intensa. “Temos a possibilidade de provocar impactos positivos nas indústrias consumidoras: podemos impactar no sentido da descarbonização. O setor automotivo e de construção emitem mais da metade do CO2 do planeta. Estamos engajados em nossas ações e na mobilização de nossos parceiros para o assunto”, comentou.

Guardian: busca por processos automatizados
“O Simpovidro destaca o impacto que geramos para a indústria e para a construção civil”, apontou o diretor-executivo para a América do Sul da Guardian, Renato Poty. Ele fez uma breve análise dos sinais positivos vistos na economia nacional atualmente, como a baixa histórica da taxa de desemprego e a inflação controlada, o que fortalece o poder aquisitivo. Por outro lado, a taxa de juros segue elevada, o que pode comprometer investimentos no Brasil. “Setores de médio e alto padrão sofrem mais com juros elevados”, revelou. Segundo ele, a oferta e a demanda por nossos produtos estão desbalanceadas, com a entrada de importados afetando o valor do vidro no mercado brasileiro. “Nossa aposta é no aumento de 3% na demanda por vidros este ano. Esse número deve se manter entre 2% e 3% em 2025”, indicou.

Segundo Poty, o segmento vidreiro tem um desafio crescente com a falta de mão de obra qualificada — o que pode gerar desequilíbrio nas empresas caso não se invista em tecnologia e na automatização dos processos: “Precisamos avançar na digitalização de nossos negócios. O futuro depende da capacidade de inovar. Espero que este evento inspire nossas ideias e caminhos nesse sentido”.

Poty também comentou a importância do vidro na arquitetura moderna, por valorizar a integração entre ambientes e a entrada de luz natural, conceitos essenciais para tornar as construções mais sustentáveis. Em relação ao tema da sustentabilidade, a Guardian lançou as declarações ambientais de produto, um compromisso em medir e reduzir o impacto de seus vidros no meio ambiente. 

Vivix: investimentos no setor
A Vivix completou dez anos de atividades em 2024, como bem lembrou o presidente da usina, Henrique Lisboa: “Nascemos com o propósito de contribuir com a evolução do mercado e acreditamos que faremos isso em conjunto com a evolução dos clientes”. Entre as iniciativas recentes da empresa para atingir esse objetivo, está o Vivix Facilita, plataforma para trabalho integrado com clientes com diversas funcionalidades.

Segundo Lisboa, as duas áreas prioritárias da Vivix são transformação digital e a agenda ESG. “Recebemos um prêmio da Siemens em inovação. Além disso, nossa agenda é guiada pelos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Investimos 200 milhões de reais em uma usina de geração solar e toda nossa energia consumida será gerada a partir de fontes sustentáveis”, informou.

Em relação ao mercado, confiança é a palavra-chave daqui pra frente. “Nos próximos sete anos devemos crescer 4% ao ano. No mundo o consumo de vidro deve crescer 5%, muito por conta dos vidros para painéis solares”, revela Lisboa. O projeto do segundo forno da usina, já anunciado anteriormente, seguirá assim que as projeções positivas de aumento de consumo de vidro no Brasil começarem a se concretizar. “Seremos responsáveis, não queremos causar nenhum dano com a implementação de uma planta no momento errado. Mas a construção é uma decisão já tomada.”



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