Vidroplano
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Os segredos por trás das fachadas

29/01/2018 - 17h51

Fachada envidraçada não é tudo igual. Existem diferentes sistemas para construí-las, cada um indicado para um tipo de projeto específico, com base nas dimensões da estrutura, ancoragem do vidro e aspecto estético pretendido pelo arquiteto.

Nas próximas páginas, O Vidroplano apresenta as características dos sistemas de fachada, incluindo dicas para especificação e vidros que podem ser aplicados neles.

Escolhendo a fachada

A fachada precisa ser compatível com o sistema construtivo da edificação. Por isso, deve ser pensada desde o início do projeto

A fachada precisa ser compatível com o sistema construtivo da edificação. Por isso, deve ser pensada desde o início do projeto

Como em outros trabalhos com nosso material, não existe receita pronta para se aplicar às fachadas. Cada projeto precisa ser analisado individualmente — o que funciona para uma obra pode não ser o ideal para outra.

Luiz Barbosa, gerente técnico de Vendas da Vivix, aponta fatores que devem ser levados em conta:

– Porte do projeto;
– Compatibilidade entre o sistema de fixação das esquadrias e o sistema construtivo estrutural da edificação — ou seja, a fachada deve ser pensada desde o início;
– Tempo para execução;
– Espaço de trabalho no canteiro de obras.

Somente após analisar isso tudo, será possível escolher umas das opções disponíveis listadas nesta reportagem.

Quais vidros devem ser usados?
Não há uma norma técnica própria para fachada envidraçada. Porém, como confirma Clélia Bassetto, analista de Normalização da Abravidro, a NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações estabelece as regras para a utilização do vidro nessas estruturas.

Vários fatores básicos influenciam o tipo de vidro correto a ser aplicado, como os requisitos de projeto e de execução, e não devem, sob hipótese alguma, ser ignorados. “Principalmente por aspectos de segurança do usuário e desempenho da peça”, explica Evandro Bustamante, engenheiro de Aplicação da Cebrace.

O spider (veja mais sobre ele abaixo) é o único sistema de fachada que exige uso de um vidro específico, o temperado, pois precisa de mais resistência mecânica já que as peças são furadas.

Os tipos de fachada mais usados no Brasil
Grid (cortina)

grid- Principal característica — A estrutura que recebe o vidro fica aparente: quem olha pelo lado de fora, vê linhas verticais e horizontais marcando toda a obra.
Indicação — Ambientes térreos e empreendimentos pequenos.
Grid2- Como é feita a instalação? — A estrutura de alumínio (formada por colunas e travessas) é ancorada na própria edificação (os vidros são presos externamente por meio de um perfil).
Cuidados durante a instalação — Por ser realizada pela área externa da obra, é necessário o uso de balancins em todas as fases.


Spider

Spider- Principal característica — Luiz Cláudio Rezende, consultor técnico da Viminas, explica: “O envidraçamento é exterior, o que permite a fixação dos vidros à estrutura por intermédio de ferragens especiais articuladas, dispensando o uso de caixilhos de alumínio”. Essas ferragens são semelhantes a uma aranha — daí vem o nome, em inglês, spider.
Indicação — Utilizado principalmente no fechamento dos lobbies de prédios, pode ser aplicado em qualquer área da edificação.
Spider2- Como é feita a instalação? — Necessita de uma estrutura robusta, pois a fixação das peças é pontual, por meio de furos, e não pelas bordas. A vedação é feita na união das peças de vidro, tanto na vertical, como na horizontal.
Cuidados durante a instalação — É importante garantir que os elementos de fixação estejam adequados ao peso do próprio vidro. Devem ser avaliados ainda o prumo e o alinhamento de toda a estrutura — isso evitará quebras causadas por tensões, as quais também podem gerar delaminação nas peças laminadas.

 

Stick (pele de vidro)
-stick Principal característica — O vidro é colado sobre os perfis de alumínio, escondendo toda a estrutura que a sustenta. Isso permite um envidraçamento com menos elementos metálicos aparentes. “O sistema se destaca ainda por facilitar uma eventual troca de vidro”, explica o consultor Antônio Cardoso, sócio-fundador da AC&D Consultoria.

Indicação — Obras de pequeno, médio e grande portes.
Stick2- Como é feita a instalação? — Semelhante ao sistema grid, as colunas e travessas são ancoradas na própria edificação. Depois, são fixados os vidros. A diferença está no uso de silicone para colagem e vedação das peças.
Cuidados durante a instalação — É necessário o uso do balancim em todas as fases desse processo, pois a estrutura é montada pelo lado de fora da edificação.

 

Unitizado
unitizada- Principal característica — Composto por módulos completos que se encaixam nas estruturas do projeto. São formados por perfil, colunas, travessas e vidro (nosso material é colado com silicone estrutural ou fita adesiva dupla face desenvolvida especificamente para a colagem de de perfis de alumínio). A montagem desses módulos ocorre já na processadora ou serralheria, pois o controle da atmosfera do ambiente é fundamental para a colagem e vedação;
Indicação — Obras de grande porte e projetos com formas diferenciadas. “Os módulos separados garantem mais liberdade arquitetônica do que os demais sistemas. Com eles, é possível criar com flexibilidade de ângulos e curvas”, justifica Leonardo Arantes, gerente de Produtos da Guardian.
unitizado2- Como é feita a instalação? — Os módulos prontos são içados e encaixados, verticalmente, na fachada, começando pelos pavimentos mais baixos. “Os painéis possuem a altura do pé-direito do pavimento e sua fixação é quase como um jogo de montar. Assim consegue-se fechar grandes vãos da fachada num curto espaço de tempo”, comenta Rodrigo Monteiro, gerente de Projetos da QMD Consultoria;
Cuidados durante a instalação — Os responsáveis pela tarefa ficam dentro da obra. Portanto, não há a necessidade de estarem pendurados por balancins — isso garante mais segurança aos operadores.

 

Outros sistemas aplicados em fachadas
Abaixo, estão técnicas usadas em projetos menores — não serão vistas em prédios de grande porte.

Cable net

Cablenet- O conjunto se dá por meio de cabos de aço tensionados — que podem estar associados a algum outro sistema, como o spider, conectores de aço ou perfis de alumínio;
– Utilizado principalmente no fechamento dos lobbies de prédios, o cable net precisa de cuidados: o local em que será fixado deve ser preparado para suportar o esforço de tensão gerado nos cabos;
– Durante a instalação, primeiro é fixado o elemento estrutural. Em seguida, as peças estruturais e, por fim, o próprio vidro.

Vidro estrutural
Vista interna fech vidro hall 3- Toda a parte estrutural da fachada também é de vidro. Ou seja, as colunas de sustentação são feitas com nosso material (sempre temperado e laminado);
– Especificação deve atender os requisitos do projeto: “Todo o conjunto estrutural, bem como o fechamento, precisam resistir aos esforços de vento, uso e peso próprio”, alerta Rodrigo Monteiro, da QMD Consultoria.

Autoportante
autoportante- O vidro lembra vagamente a letra “u”, pois possui apoios que lhe garantem ficar em pé sem necessidade de outra estrutura;
– Esse sistema é instalado usando perfis de alumínio ou PVC. Porém, apenas duas extremidades do vidro são encaixilhadas.
– Com isso, é a própria peça que oferece a sustentação necessária.

 

 

Os vidraceiros e as fachadas

Unitizado: sistema é um dos mais usados atualmente por permitir mais liberdade arquitetônica do que os demais

Unitizado: sistema é um dos mais usados atualmente por permitir mais liberdade arquitetônica do que os demais

Dos quatro principais sistemas citados nesta reportagem, o grid e o spider podem ser instalados por vidraceiros. Em relação ao unitizado, depende-se do tamanho da vidraçaria e se ela também trabalha como serralheria, já que obras com esse tipo de aplicação são geralmente de grande porte.

O sistema spider possui fixação por intermédio de ferragens especiais articuladas

O sistema spider possui fixação por intermédio de ferragens especiais articuladas

O stick (pele de vidro) é um caso especial, pois envolve o uso de fita acrílica dupla face estrutural ou silicone. “Esses produtos são controlados e rastreados, similar ao que acontece com os antibióticos”, explica Sérgio Koloszuk, diretor-comercial da Alclean. “Para que a venda deles seja realizada, é necessário o acompanhamento de suas fabricantes, pois elas determinam se as obras são viáveis economicamente ou não.” Projetos com menos de 250 m² de vidro são considerados “pequenos” por essas empresas.

Este texto foi originalmente publicado na edição 541 (janeiro de 2018) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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