Vidroplano
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Vidro é usado nos para-brisas de aviões

21/12/2021 - 09h47

Este mês, fazemos a estreia da “Aqui tem vidro!”, seção que terá a função de revelar curiosidades pouco conhecidas sobre aplicações diferenciadas de nosso material. Para começar, um uso bastante único: para-brisas de avião. Você sabe como eles são feitos? A seguir, confira como a resistência do vidro oferece segurança aos ocupantes dos voos.

Condições extremas
A comparação pode parecer estranha, mas, do ponto de vista estrutural, um avião se parece muito com um submarino: os dois são produzidos para suportar condições extremas. Num voo comercial comum, a 40 mil pés de altitude, um jato enfrenta temperaturas externas de até 50 ºC negativos. Já um submarino, a apenas 100 m de profundidade, precisa encarar a pressão de cerca de 10 atm (atmosferas) – ou seja, o peso equivalente a 10 atm terrestres.

Portanto, se os materiais usados em ambos não forem de qualidade, a chance de um acidente aumenta. No caso das aeronaves, os desafios são ainda maiores, pois voam a velocidades altíssimas, perto dos 1.000 km por hora, fazendo com que pássaros ou objetos voadores se tornem uma ameaça em caso de choque. Se uma janela, por exemplo, quebrar-se, ocorre o efeito chamado despressurização: o ar interno do avião, que é mantido a uma pressão estável para que possamos respirar sem sofrer com a altitude, “vaza” para fora de uma vez. “A abertura vira um aspirador de pó, sugando tudo que está dentro”, comenta o engenheiro aeroespacial e ex-tenente da Força Aérea Brasileira Shailon Ian para uma reportagem do blog Todos a Bordo, do UOL.

Por isso mesmo, a durabilidade se torna um quesito-chave para as janelas. Daí vem a escolha pelo vidro para o fechamento das cabines dos pilotos.

Tecnologia em prol da segurança
Os para-brisas de aviões comerciais de grande porte são formados por laminados especiais, contendo quatro materiais diferentes:

– Três peças de temperados;

– Dois interlayers de PVBs, unindo essas peças;

– Um filme de aquecimento antigelo, que evita a formação de camadas de gelo sobre o vidro no lado externo do conjunto;

– Um filme antiembaçante, à base de polietileno, para diminuir o embaçamento causado pela diferença de temperatura entre o cockpit e o exterior.

 

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Imagem: KissShot/stock.adobe.com

 

 

O especialista em aviação Lito Sousa, supervisor internacional de Manutenção da United Airlines e dono do canal Aviões e Músicas no YouTube, revela um segredo curioso sobre essas estruturas. “As camadas internas aquecem o para-brisa antes da decolagem a um nível em que os vidros externos chegam a ficar maleáveis – não que se possa ver isso a olho nu ou ao toque”, detalha. “Essa flexibilidade das chapas ajuda a aumentar a resistência do painel em caso de colisão com pássaros, evitando estilhaçamento.” Além disso, a peça do lado externo recebe uma camada de proteção hidrofóbica contra chuva, para evitar o acúmulo de água e sujeira.

 

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Imagem: Cesar/stock.adobe.com

 

 

Seja na terra, seja no ar, nosso material estará lá para gerar conforto e proteção.

E as janelas dos passageiros?
Saindo da cabine de comando, as demais janelas da aeronave (aquelas que ficam nas fileiras de assentos dos passageiros) não têm vidro: são de acrílico ultrarresistente e podem suportar até 33% a mais de força da diferença de pressão entre o lado de dentro e de fora do avião. Seu formato arredondado ajuda a distribuir essa resistência por toda sua extensão, já que janelas quadradas, com cantos, geram pontos de tensão que podem levar a rachaduras na fuselagem.

 

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Imagem: antonpedko/stock.adobe.com

 

 

Ao todo, essas janelas são feitas por três painéis de acrílico. O externo e o interno estão instalados na fuselagem, de forma a “selar” o avião. Já o painel intermediário conta com um pequeno furo na parte inferior – e esse buraquinho também tem a função de equilibrar a pressão do ar.

Crédito da imagem de abertura: Kawee/stock.adobe.com

Este texto foi originalmente publicado na edição 588 (dezembro de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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