Vidroplano
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Conheça os papéis do vidro na medicina

25/04/2022 - 18h27

Ao longo dos anos, O Vidroplano já fez algumas matérias sobre o uso de vidros e espelhos em ambientes hospitalares, ressaltando os benefícios que os materiais oferecem a tais espaços – facilidade de limpeza, capacidade de permitir integração com áreas restritas, proteção contra raio X etc. Chegou a hora, então, de abordar o tema por outro ponto de vista: como o vidro atua dentro da medicina, nos ajudando a curar doenças? A seguir, mostramos os diversos papeis desempenhados pelo produto nesse segmento – de frascos para remédios até solução para o combate ao câncer.

Embalagem perfeita
A aplicação mais óbvia de nosso material nesse campo são frascos para remédios. O vidro oco, usado para essa função, conta com várias características que o tornam ideal para embalar medicamentos de forma segura, ajudando, inclusive, a preservar as propriedades desses produtos.

- Força: ao contrário de embalagens de perfume, por exemplo, as de remédios têm dureza superior, sendo próprias para o transporte das fábricas a farmácias, hospitais e postos de saúde;

- Não reagente: por ser um material não poroso, não reage quimicamente com o conteúdo, ao contrário de alguns tipos de plástico;

- 100% reciclável: as embalagens podem ser recicladas infinitamente sem perda na qualidade;

- Resistência à temperatura: o vidro não se deforma quando exposto a temperaturas extremas. Isso facilita seu uso por parte de organizações de ajuda humanitária mesmo em países muito frios ou quentes;

- Facilmente esterilizável: por conseguir encarar altas temperaturas, os frascos podem ser esterilizados para destruir germes e bactérias;

- Proteção contra raios ultravioleta: a tradicional cor âmbar das embalagens garante a proteção do conteúdo contra esses raios, os quais podem modificar a qualidade e eficácia dos remédios.

Ao todo, existem quatro vidros fabricados para esse setor:

- Borossilicato: é quimicamente inerte (ou seja, não reage com outros materiais) e altamente resistente, sendo capaz de comportar ácidos e bases cáusticas;

- Sódico-cálcico de uso geral: obtido a partir da adição de sódio e cálcio à sílica, usado para medicações de uso oral ou tópico (na pele);

- Sódico-cálcico comum: igual ao anterior, mas com maior resistência química;

- Sódico-cálcico com superfície tratada: igual ao anterior, mas com revestimento de enxofre, o que garante ainda mais resistência química e impede qualquer alteração na composição dos remédios que possa ser causada por mudanças na temperatura externa.

Atacando a doença
Mais do que proteger medicamentos, nosso material também atua ativamente no combate a enfermidades graves. Existe um tratamento bastante utilizado nos últimos anos contra câncer de fígado chamado radioembolização. Desenvolvido pela americana Universidade de Ciências e Tecnologia do Missouri, consiste em um processo avançado, seguro e efetivo, aplicado em fígados com tumores únicos ou multifocais.

Microesferas de vidro, com 1/3 do diâmetro de um fio de cabelo humano, são carregadas com o elemento radioisótopo Y90. Em seguida, são inseridas, via cateter, no local do tumor. Uma vez ali, sua radiação destrói o tecido maligno, sem gerar danos nos tecidos saudáveis.

Crédito: neznamov1984/stock.adobe.com

Crédito: neznamov1984/stock.adobe.com

 

Outras possíveis aplicações dessas microesferas incluem tratamento de câncer no rim, cérebro e próstata.

Visão corrigida, dentes perfeitos e injeções
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 35 milhões de pessoas contam com algum tipo de deficiência visual no Brasil. Por isso mesmo, um dos mais populares usos do vidro na medicina está nas lentes de óculos. Elas podem ser cilíndricas, côncavas ou convexas – cada uma indicada para corrigir um problema diferente, incluindo miopia, hipermetropia e astigmatismo, dificuldades para enxergar de longe, de perto e de longe e perto, respectivamente.

Crédito: Flamingo Images/stock.adobe.com

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Aparelhos ortodônticos também ganharam um toque de nosso material nas últimas décadas. Tradicionalmente feitos de metal, existe agora uma solução mais neutra do ponto de vista estético: os braquetes (aquela estrutura colada no dente) passaram a ser produzidos com porcelana monocristalina e fibra de vidro. Ficam praticamente invisíveis. Vale citar ainda outro uso do produto na odontologia, dessa vez no campo da restauração dental.

E não podemos nos esquecer da aplicação de medicamentos por meio de seringas de vidro. Usadas em diversos procedimentos clínicos, garantem segurança nos processos sem oferecer risco de reações alérgicas ou mesmo interações químicas com os remédios. Há poucas semanas, a Schott investiu mais de 70 milhões de euros em uma fábrica na Hungria para atender a demanda por itens desse tipo – as vacinas contra a Covid-19 são aplicadas assim em vários locais do mundo. Houve, inclusive, escassez de ampolas, também feitas com nosso material, para o armazenamento das vacinas. Felizmente, a indústria se recuperou a tempo.

Por isso, não tenha dúvida: vidro salva vidas! (E leia a seção “Ano Internacional do Vidro” para conhecer duas soluções envolvendo o produto que prometem revolucionar a medicina).

Crédito da imagem: iuriimotov/stock.adobe.com

Crédito da imagem: iuriimotov/stock.adobe.com

 

Crédito da imagem de abertura: New Africa/stock.adobe.com

Este texto foi originalmente publicado na edição 592 (abril de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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