Vidroplano
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Atenção: vidro em movimento!

22/10/2018 - 09h00

A quebra de um vidro ou espelho antes de sua instalação representa uma bela dor de cabeça para o vidraceiro: é necessário repor a peça perdida, esperar sua entrega e levá-la novamente ao local da obra. O cliente pode se aborrecer com o contratempo, o que o levará a procurar outra vidraçaria para futuras demandas. Por fim, pessoas podem ferir-se em consequência dos erros no transporte do nosso material. Por isso, é fundamental ter todo cuidado na hora dessa tarefa.

Nas próximas páginas, O Vidroplano apresenta os procedimentos necessários para garantir a proteção e a integridade da carga.

Do estoque ao veículo
Muitos problemas podem ser evitados já na saída da vidraçaria. “O vidraceiro, frequentemente, precisa transportar produtos diferentes, como temperados, espelhos e perfis, sendo que cada um deles exige acomodações, amarrações e proteções apropriadas”, explica Gabriel Batista, diretor do Grupo Setor Vidreiro. “Tomar os cuidados específicos para cada peça contribui muito para que elas não sofram danos no percurso até o local da obra.”

A capacitação dos profissionais para executar esse trabalho também é importante para garantir sua integridade. A vidraçaria paulistana Everart empenha-se a fundo nesse objetivo. “Nossos funcionários envolvidos nas atividades de manuseio e transporte de carga recebem treinamentos e orientações para trabalhar sempre dentro da legislação trabalhista e segurança do trabalho, como capacitações na NR-35 [Trabalho em altura] e em primeiros socorros”, comenta Gisele Muniz, sócia-proprietária da empresa.

Marco Souza, gerente-comercial da processadora Personal Glass, observa que os cuidados necessários para essa tarefa em uma vidraçaria são os mesmos presentes nas beneficiadoras. “A diferença é que, por manusear uma quantidade muito maior de vidros por dia, as processadoras possuem mais recursos para facilitar o transporte, como pontes móveis para transportes de chapas e peças grandes”, conta.

Dicas para a acomodação

nova- Antes de manusear as peças, é fundamental que os funcionários estejam usando equipamentos de segurança individual (EPIs):
* Luvas e mangotes anticorte;
* Botas;
* Óculos de segurança;
* Capacete (caso os vidros sejam erguidos acima da altura da cabeça dos carregadores);
– Verifique o estado de conservação do cavalete, especialmente em relação aos seus calços de borracha;
– Veja se a carroceria está limpa, sem materiais pontiagudos (como pregos) ou furos que possam permitir a entrada de detritos;
– Os vidros devem ser transportados na vertical (nunca deitados);
– Atenção com a inclinação das chapas: a norma NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações indica que elas devem ser apoiadas no cavalete com inclinação de 4º a 6º (graus) em relação à vertical;
– Não “misture” os vidros: coloque as peças de um mesmo tipo juntas e faça a fixação delas de acordo com o que o material permite (temperados, por exemplo, suportam amarrações mais firmes, enquanto peças apenas lapidadas podem quebrar se sofrerem muito esforço);
– Ao transportar produtos com dimensões diferentes, coloque sempre os maiores atrás e os menores na frente;
– Utilize intercalários (materiais de proteção, como plástico-bolha ou espuma) entre uma peça e outra, bem como em suas pontas;
– Em caso de chuva ou outras condições desfavoráveis, cubra as peças com uma lona (mesmo em dias claros, vale a pena usá-la sempre que possível).

Corda ou cinta?
A Resolução Nº 552 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que entrou em vigor este ano, tem, entre suas determinações, a proibição do uso de cordas para amarrar cargas à carroceria do veículo. Dessa forma, a fixação do cavalete deve ser feita com cintas têxteis, presas a pontos de amarração na parte metálica da carroceria ou no próprio chassi. Além disso, se a carroceria do veículo for aberta e houver espaço entre a carga e as guardas laterais, as cintas só podem ser presas a pontos de fixação que estejam do lado interno.

Já na hora de amarrar os vidros nos cavaletes, ou prender lonas de proteção sobre a carga, o uso das cordas está liberado! Só não deixe de verificar se elas estão bem-conservadas.

Para conhecer mais sobre o assunto, não deixe de ler a reportagem Mudança no transporte de vidros, publicada na edição de março de 2018 de O Vidroplano.

Prevendo dificuldades
Para Gabriel, do Setor Vidreiro, o vidraceiro também precisa conhecer bem o local da obra antes mesmo de começar o processo de transporte. Por vezes, o que parece fácil se torna muito difícil quando há falta de atenção no momento da medição da obra. “É necessário analisar, entre outros fatores, se os vidros e perfis passam pelos acessos, se o prédio tem estacionamento para carga e descarga e se o pé-direito é alto o bastante para a passagem do vidro.” Também há condomínios em que só é permitido descarregar os materiais com documentação como a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).

Antecipar todas as condições e dificuldades é muito importante para evitar que os trabalhadores tenham de caminhar por muitos metros com peso excessivo, o que pode causar problemas como demora, esgotamento físico, danos aos materiais e até acidentes.

Outro ponto a se considerar é se será necessário fazer o içamento de vidros ou outros componentes do sistema. Em caso positivo, Gabriel reforça que esse trabalho só pode ser feito por profissional capacitado conforme as normas regulamentadoras NR-11 — Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais e NR-35 — Trabalho em altura.

Fora do veículo
GlassaugerO transporte de vidros e espelhos não compreende apenas a locomoção deles dentro do veículo, mas também seu manuseio pelos vidraceiros na vidraçaria e na obra. Rafael Takai, engenheiro de Processos da Guardian, ressalta que a principal atenção nessa etapa é com os equipamentos usados, desde as luvas (que devem estar sempre limpas e ter emborrachamento nas palmas das mãos, para evitar marcas na superfície das peças) até as ventosas (foto ao lado). No caso destas, ele recomenda que o profissional esteja atento ao peso máximo suportado.

“Todo equipamento segue regras e normas de uso próprias”, explica Yveraldo Gusmão, diretor da GR Gusmão. Assim, sempre que adquirir um produto novo, deve-se consultar o vendedor para saber como utilizá-lo e não deixar de verificar se conta com garantia de assistência técnica. Viviane Moscoso, gerente de Produto da Vivix, acrescenta que os vidraceiros precisam estar sempre atentos à manutenção, limpeza e conservação dos seus equipamentos, aumentando assim sua durabilidade e mantendo seu bom funcionamento.

vp_espelhoCuidados especiais para produtos especiais
Além dos procedimentos já listados aqui, para as usinas vidreiras alguns tipos de peça precisam de atenção extra:

- Espelhos — Jonas Sales, coordenador de Engenharia de Aplicação da Cebrace, aponta que a norma NBR 15198 — Espelhos de prata – Beneficiamento e instalação recomenda o uso de intercalários que não absorvam umidade, sejam macios e não agridam sua superfície.
- Vidros serigrafados ou de controle solar — Em ambos os casos, Bruno Bordão, analista técnico de Atendimento ao Cliente da AGC, ressalta que o produto deve ser colocado com a face tratada (seja com pintura ou camada metalizada) voltada para fora do cavalete. Ou seja, sem contato com as borrachas. Além disso, seu manuseio deve ser feito com luvas limpas para evitar marcas.
- Vidros finos — Quanto menor a espessura do vidro, maior deve ser a cautela para seu manuseio e acomodação: evite movimentos bruscos.

vp_gibiPasso a passo… quadrinho a quadrinho
Em 2010, a Abravidro lançou a Campanha de Conscientização para Prevenção de Acidentes de Trabalho nas Empresas Vidreiras. Entre seus materiais, há o gibi Cuidado! Vidro em movimento. A campanha foi desenvolvida com o objetivo de conscientizar o setor sobre todos os procedimentos necessários para manusear e transportar vidros com segurança, mostrando cada passo necessário para colocar nosso material em movimento.

Todos os associados da Abravidro recebem os materiais da campanha (além do gibi, ela inclui cartaz, manual e vídeo de treinamento).

Este texto foi originalmente publicado na edição 550 (outubro de 2018) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.




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