Confira dicas para a fixação de vidros com cola UV
21/10/2020 - 10h09
A fixação de peças de vidro com colas de secagem ultravioleta (UV) é bastante conhecida pelo nosso setor. É bem provável que sua vidraçaria já trabalhe com esses produtos — mas você sabe a melhor forma de utilizá-la, incluindo as condições em que os vidros precisam estar e os cuidados que devem ser tomados para manter a qualidade da colagem sem que as peças descolem? A seguir, O Vidroplano apresenta os pontos a serem levados em conta – antes, durante e depois desse trabalho – para que o resultado final apresente a durabilidade esperada.
Diferenciais
Margô Grimberg, diretora da Colatech, aponta as colas UV como ideais para serviços que necessitem de transparência, resistência e limpeza. “Esse produto trouxe facilidade na execução de projetos para vários segmentos, como os de decoração, mobiliário, joalheria e até automotivo”, comenta. Para ela, um dos maiores benefícios dessa colagem é que, ao contrário da realizada com silicone, não escurece com o tempo. Matheus Primo, sócio da processadora Primo Vidros e diretor-criativo da marca de design de móveis com vidro Glass11, concorda: “Além da ótima aderência, é encantador termos uma cola que não aparece, é poético”.
A simplicidade na aplicação do produto é outra vantagem. “A cola UV é muito prática, rápida e segura para uma colagem em que se prioriza a estética, pois a não utilização de qualquer outro tipo de suporte valoriza o design do trabalho, deixando um aspecto clean e de amplitude no ambiente, móveis e objetos colados”, explica Ricardo Costa, diretor-comercial da GlassParts.
Vale ainda destacar a durabilidade desses trabalhos. Segundo Nelson Libonatti, diretor-geral da Glass Vetro, se bem-feito, seguindo as recomendações do fabricante do produto, a fixação pode se manter indefinidamente. “Eu mesmo tenho peças com mais de 25 anos em perfeitas condições”, revela.
Restrições
Embora as colas UV proporcionem resistência, há casos em que não devem ser usadas. Matheus Primo ressalta a impossibilidade de aplicá-las em áreas externas, por exemplo. Já no caso de vidros coloridos, ele diz: “Podemos colar qualquer cor de vidro, desde que a coloração esteja na massa dele. Vidros pintados não podem ser fixados com colas UV, já que elas são específicas para a adesão direta de massa vítrea com massa vítrea, ou de vidros com materiais como aço inox e madeira”.
Costa acrescenta: “Nas colagens do tipo vidro/metal, o metal não deve ter qualquer tipo de tratamento em sua superfície, como cromação e anodização, entre outros”. Ele recomenda a colagem de nosso material em alumínio usinado ou aço inox.
Libonatti orienta ainda que o vidraceiro nunca use esse produto em aquários, pois a água causa descolamento — além disso, a cola UV pode matar os peixes.
Equipamentos para proteção
Como todo trabalho realizado por vidraceiros, esses serviços exigem certos equipamentos de proteção individual (EPIs):
– Luvas;
– Óculos para proteção contra os raios ultravioleta;
– Máscaras faciais.
Há também os equipamentos utilizados para facilitar a execução:
– Pano (que não solte fiapos);
– Álcool isopropílico;
– Bicos aplicadores (para dosar a quantidade da cola);
– Ventosas retas e anguladas com ajustes;
– Gabarito (pode ser de madeira, para cada modelo de colagem);
– Esquadros grandes e pequenos;
– Lâmpada ultravioleta.
Essa última é um elemento fundamental. Por isso, atenção para sua aquisição. “Há inúmeros tipos de lâmpada no mercado, mas nem todos geram raios em intensidade suficiente para a cura perfeita e profunda da cola. Esse fator pode levar a colagens incorretas e inseguras e até mesmo à quebra da peça”, observa Margô, da Colatech. É aconselhável que o vidraceiro procure informações com os fabricantes ou distribuidores das colas sobre a lâmpada certa para o produto deles.
O passo a passo
Libonatti, da Glass Vetro, lista as etapas do processo de colagem:
1. Verifique quais peças serão fixadas, pois existem modelos de colas específicas para cada tipo de colagem
2. Cheque se as superfícies a serem coladas estão totalmente niveladas
3. Faça a limpeza do local – de preferência, utilize álcool isopropílico ou de elevado grau de pureza
4. Seque bem o local com papel toalha
5. Ligue a lâmpada UV cinco minutos antes de usá-la
6. Ao utilizar lâmpada de até 40 W de potência (encontrada facilmente no mercado), direcione-a para a frente do local a ser colado a uma distância de, aproximadamente, 10 cm
7. Faça a cura inicial por até dez segundos e, em seguida, limpe o excesso de cola
8. Faça o restante da cura, considerando um tempo de um minuto para cada mm de espessura do vidro
9. Verifique se o local colado ficou totalmente transparente, pois isso indica que a colagem foi bem-feita e será duradoura
Cuidados a serem tomados
– Bordas do vidro: “A lapidação do vidro é a grande responsável pela aderência, estética e resistência da colagem”, aponta Matheus Primo, da Glass11. Por isso, é indispensável que a peça tenha passado por uma lapidação impecável do tipo copo (reta);
– Limpeza: Margô ressalta que o vidro precisa estar livre de qualquer tipo de gordura ou umidade em sua superfície;
– Atenção com o excesso de cola: Costa, da GlassParts, alerta que o excesso de cola forma uma película entre os vidros, diminuindo sua resistência;
– Emissão em bom estado: o vidraceiro deve sempre conferir se a lâmpada UV continua vibrante;
– Do lado certo: como todos os vidros têm uma camada de estanho em um dos lados, é recomendável identificar em quais pontos pode ser colado, de preferência no lado oposto ao do estanho (embora seja possível fixar a peça nessa face, ela pode se descolar com o tempo);
– Nada de “achismos”: siga sempre as orientações do fabricante ou distribuidor da cola e os consulte em caso de dúvidas.
Corrigindo erros
Caso seja necessário fazer manutenção, qual o procedimento para remover os resíduos e recolar as peças? Primo explica: “Dependendo do tipo de vidro, a remoção deve ser feita com soprador térmico ou lâminas de estilete. Feito isso, o passo seguinte é repetir o processo de limpeza”.
Margô alerta que, se o vidraceiro perceber que cometeu algum erro, deve limpar o vidro imediatamente antes de ligar a lâmpada UV. “A cola permanece líquida enquanto os raios UV não incidirem sobre ela, ou seja, o profissional vai conseguir remontar a peça. Mas, depois da cura, fica praticamente impossível modificar a colagem.”
Corrigir erros é importante, mas o ideal é preveni-los. “É bom compreender por que a peça descolou-se, para o problema não se repetir. Vários fatores podem causar isso: o corte, a lapidação, o esquadro das junções de colagem, a cola armazenada inadequadamente, a lâmpada muito antiga ou com potência menor do que a necessária, a limpeza inadequada dos vidros… Ficar de olho nesses pontos certamente trará melhorias para o seu trabalho”, aconselha Primo.
Opções no mercado
A GlassParts e a GDS distribuem no Brasil as colas fabricadas na Europa UV Ultraglass 3/21 (para vidro/vidro e vidro/metal, com viscosidade média), 3/23 (vidro/vidro, com baixa viscosidade) e 3/24 (vidro/vidro ou vidro/metal em locais úmidos). Segundo Ricardo Costa, elas seguem os mais rígidos padrões de segurança da certificação ISO 9001, da Comissão Europeia (CE).
A Glass Vetro comercializa há mais de 30 anos no Brasil as UV Loxeal, vindas da Itália. A empresa disponibiliza grande variedade de opções para diferentes tipos de aplicação. A mais recente é a Loxeal UV 3040, para vidro/vidro e vidro/metal, que dispensa a lâmpada UV, podendo ser curada com uma lâmpada branca fria. Outro destaque é a Loxeal UV 3012, a qual permite colar vidro com acrílico.
Já a Colatech trouxe para o País e para a América do Sul, ainda em 1991, as alemãs Good Goods UV 682 (com viscosidade média, usada pela maioria dos clientes da empresa) e 665 (baixa viscosidade). De acordo com Margô Grimberg, ambas atuam bem em qualquer situação, sem serem específicas para algum tipo especial de trabalho.
Pesquisar sobre as características de cada produto e consultar suas fabricantes ou distribuidoras é fundamental. “Os usuários devem começar a solicitar dos produtores as características técnicas das colas que utilizam e também suas fichas de segurança”, orienta Libonatti, da Glass Vetro. “Só assim você poderá ter certeza de que está comprando um produto original e que não irá lhe trazer problemas no futuro. Quando estou ciente daquilo que o produto se propõe fazer, sei se posso ou não utilizá-lo para o que necessito.”
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