Conheça equipamentos para o manuseio de vidros
23/08/2021 - 10h28
Uma das etapas mais delicadas no dia a dia de qualquer vidraçaria é o manuseio dos vidros: por mais resistente que o nosso material possa ser, é preciso muita atenção para levá-lo de um canto ao outro, tanto para garantir a preservação das peças como para a proteção dos profissionais ao carregá-las.
Ter equipamentos adequados ajuda não só a manusear o vidro com segurança, mas também a proporcionar mais agilidade e conforto nessa atividade. A seguir, conheça as principais dificuldades nesse tipo de trabalho apontadas por profissionais do setor e saiba quais soluções as empresas da área apresentam para ajudar a superá-las.
Manuais ou automáticos?
Os equipamentos voltados para o manuseio de vidros em vidraçarias são iguais aos utilizados dentro de processadoras? “Eles são os mesmos em qualquer empresa. O que difere é a capacidade de carga de cada equipamento”, explica Gabriel Alves de Andrade, diretor da Agmaq. “Geralmente, as vidraçarias utilizam os de menor capacidade, enquanto as processadoras e distribuidoras empregam versões para cargas maiores.”
Vidraçarias que comercializam vidros de grandes dimensões costumam usar principalmente equipamentos manuais. Esse é o caso, por exemplo, da Everart, de São Paulo. “Fazemos mais uso de ventosas e carrinhos, pois não trabalhamos com peças ‘jumbo’”, comenta Gisele Muniz, proprietária e CEO da empresa.
Apesar disso, mesmo essas vidraçarias podem precisar em algum momento de equipamentos automáticos. “Nos casos em que o projeto não permite paginação das peças, fazemos o uso de içamento respeitando as normas técnicas e do condomínio”, aponta André Alves, sócio-diretor da Alto da Lapa Vidros, também na capital paulista. Já nas vidraçarias focadas no trabalho de grandes dimensões, soluções automatizadas são indispensáveis para lidar com o tamanho e o peso das cargas.
Obstáculos
Para Ricardo Câmara, diretor e instrutor da Central do Vidraceiro, uma das principais dificuldades diz respeito exatamente ao espaço físico. “A maioria das vidraçarias tem um espaço reduzido e, devido a isso, outros problemas acabam ocorrendo com frequência, como obstáculos no percurso de deslocamento dos vidros, por exemplo”, diz ele.
Nas obras, há o desafio adicional de definir como os vidros poderão ser levados até o vão em que a instalação será feita. “Com a verticalização dos imóveis, a principal dificuldade que enfrentamos é o acesso às garagens e aos elevadores, bem como a movimentação desde as áreas de serviço do apartamento até as sociais”, aponta André, da Alto da Lapa. Gisele, da Everart, acrescenta que muitas vezes os clientes solicitam peças com dimensões maiores do que o espaço do elevador, o que exige o uso de alternativas como o içamento delas pelo lado externo.
Nesse sentido, a atenção com os equipamentos utilizados é fundamental. “Vejo que muitos profissionais ainda manuseiam vidros pesados para fachadas, guarda-corpos ou painéis fixos com ventosas abaixo da especificação técnica necessária. Isso coloca em risco a qualidade final do trabalho e até mesmo expõe os transportadores a acidentes”, alerta Ricardo Câmara. A opinião é compartilhada por Ricardo Costa, diretor-comercial da GlassParts. Diz ele: “Respeitar a capacidade e as indicações de cada modelo de ventosas e demais equipamentos é importante, principalmente para a segurança dos trabalhadores, além de ajudar a reduzir o esforço físico e, com isso, o tempo de manuseio e de instalação dos vidros”.
Comprando e mantendo os equipamentos
Para Yveraldo Gusmão, diretor da GR Gusmão, o vidraceiro deve procurar as fabricantes de equipamentos e pesquisar junto a elas todas as informações técnicas necessárias sobre os produtos. Ronaldo Gomes, vendedor-sênior da Italotec, destaca que os principais fatores a levar em conta na hora de escolher a solução certa são a segurança e a qualidade que ela oferece, além da assistência técnica disponibilizada pela empresa.
Gabriel Andrade, da Agmaq, destaca que o custo aproximado dos equipamentos de armazenagem e movimentação é de 5% a 10% do valor do material que será manuseado. “O investimento em produtos adequados e de qualidade para qualquer processo que envolva o vidro plano sempre será viável e evitará quebras e acidentes.”
Mas a atenção com essas soluções não acaba na compra: o vidraceiro deve verificar periodicamente a fixação e a vida útil delas para evitar prejuízos durante a tarefa. “Sempre aconselhamos que sejam guardadas em locais secos. Também é importante que o cliente realize a manutenção periódica, conforme indicado nos manuais”, aconselha Gomes, da Italotec.
Firmeza na condução dos vidros
Um dos equipamentos mais usados, principalmente no caso de peças menores, é a ventosa manual, que dá mais estabilidade ao levar as peças de um lugar para outro. “Temos diversos tipos e modelos de ventosa. As mais comuns para essa atividade são as duplas e triplas (foto 1), as quais podem ser de corpo de alumínio ou de ABS. Esse último, por ser mais leve, muitas vezes facilita o manuseio e proporciona maior conforto ao instalador”, informa Ricardo Costa, da GlassParts. A empresa também fornece ventosas a vácuo – capazes de suportar pesos maiores – e outras específicas para colagem UV de vidros (foto 2), com regulagem de ângulos que facilitam o alinhamento correto deles para a aplicação da cola.
Outros equipamentos comercializados pela GlassParts incluem carrinhos compactos, que reduzem o esforço físico e facilitam a movimentação mesmo em espaços menores e com obstáculos, além de equipamentos de proteção individual (EPIs), como luvas e mangotes que podem ser feitos de raspa (couro) ou fio de aço.
Circulação fácil e segura
Carrinhos também são bastante utilizados para a movimentação das peças dentro da vidraçaria. A Agmaq conta com uma linha desses produtos com opções tanto para peças pequenas como grandes, bem como opções desenvolvidas especialmente para movimentação de espelhos. “Todas são projetadas com grau de inclinação correto, nível de empenamento baixíssimo e áreas de contato revestidas com borrachas, evitando a formação de arranhões na superfície do vidro apoiado neles”, explica Gabriel de Andrade.
A Agmaq também oferece cavaletes para armazenagem dos vidros processados que atendem diversas medidas, com os mesmos cuidados presentes nos carrinhos. Segundo Andrade, apesar de esses produtos serem simples na sua forma construtiva, é necessário know-how e um departamento de engenharia para projetá-los, pois, se o vidro não for bem acondicionado, ele pode ser danificado.
Armazenamento com segurança
A GR Gusmão, em parceria com a Loch, fabrica e comercializa soluções para o acondicionamento de peças, como classificadores (foto 1) que proporcionam melhor organização e controle do espaço no armazenamento e facilidade para localização de chapas no momento de uso delas, e cavaletes para vidros de várias dimensões, incluindo peças jumbo (foto 2). “Temos um departamento técnico específico para desenvolver e projetar produtos que possam ser fabricados no Brasil com a mesma qualidade de equipamentos estrangeiros a preços competitivos”, declara Yveraldo.
A empresa também fornece máquinas e equipamentos para a movimentação de cargas, como balancins e ventosas automáticas. “Nos estudos que realizamos para desenvolver esses produtos, buscamos aliar praticidade e segurança para os operários, trazendo equipamentos que facilitem o manuseio do vidro em qualquer dimensão e peso”, complementa o diretor da GR Gusmão.
Ventosas automáticas
Há casos em que são necessários sistemas automáticos com ventosas para erguer vidros maiores e mais pesados. Empresa que oferece soluções nesse sentido, a Italotec conta com diferentes modelos:
- Ventosas modelos V4 (foto 1): capacidade de carga de até 600 kg, com diferenciais de acionamentos automático ou manual;
- Ventosas modelos V6: capacidade de carga de até 900 kg, também com diferenciais de acionamentos automático ou manual;
- Ventosa modelo V8: desenvolvidas para vidros curvos, tem capacidade de carga de até 400 kg, raio mínimo externo de 250 mm e raio interno de 400 mm;
- Ventosa modelo V12 (foto 2): indicada para chapas grandes ou “jumbo”, com acionamento manual e capacidade de carga de até 1.200 kg.
“Esses produtos trazem uma série de benefícios, a começar pela segurança, pois o operador tem o menor contato possível com o vidro”, explica Ronaldo Gomes. “Trazem também qualidade ao colaborador na questão da eliminação do esforço físico, além de aumento na produção por ser um equipamento mais ágil e moderno para movimentação principalmente de chapas grandes.”
Outras soluções da Italotec para vidraçarias são os classificadores, fabricados sob medida para os clientes, e os cavaletes em formato de “A” ou “L”, tanto para armazenamento como para estocagem de peças.
Guindastes em vidraçarias?
Considerando o que já foi comentado sobre as limitações de espaço de muitas vidraçarias, não é estranho dizer que essas empresas podem precisar adquirir guindastes. O mercado já conta com soluções para esses casos. “Temos hoje em nossa linha uma variedade enorme de opções, como miniguindastes ou gruas elétricas movidas a bateria, os quais ajudam justamente no transporte e logística em locais confinados e no momento de carga e descarga”, afirma o engenheiro Jefferson Candeo, CEO da Guindaste Aranha.
Um dos atrativos de vários desses equipamentos é a portabilidade. Candeo explica que eles podem ser facilmente rebatidos, dobrados e desmontados para ser transportados em porta-malas de carros de passeio, veículos utilitários pequenos. Também entram facilmente em elevadores de passageiros ou são transportados por escadas em caso de instalações em pisos superiores ou lajes. Além disso, eles contribuem para a redução de esforço por parte dos profissionais e para a segurança do trabalho, garantindo o içamento de peças a alturas de até 18 m, sem riscos de quebra e acidentes.
Não se esqueça dos EPIs!
Os equipamentos de proteção individual (EPIs) são fundamentais para os diversos trabalhos executados pelos vidraceiros – incluindo a movimentação dos vidros. “Infelizmente, ainda é muito comum encontrar vidraceiros fazendo o manuseio e transporte das peças sem qualquer tipo de EPI. Isso é grave, pois aumenta o risco de acidentes que podem causar ferimentos sérios e até fatais”, ressalta Ricardo Câmara, da Central do Vidraceiro.
Para o manuseio de vidros, Câmara recomenda os seguintes EPIs:
– Luvas anticorte;
– Mangotes anticorte;
– Botas;
– Capacete;
– Óculos de proteção.
Atenção ao amarrar as cargas
A Resolução Nº 552, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), em vigor desde 2018, estabeleceu novas regras para o transporte de carregamentos – incluindo vidros, seja das chapas do fabricante ou distribuidor para os processadores – em veículos rodoviários de carga. Vale sempre a pena repassar o que ela determina:
– A carga deve ser amarrada à carroceria do veículo com cintas têxteis, e não com cordas;
– As cintas têxteis precisam apresentar resistência total à ruptura por tração de, no mínimo, duas vezes o peso da carga. Além disso, seu mecanismo de tensionamento (que mantém a cinta presa e esticada) precisa ser verificado periodicamente durante o trajeto, e reapertado quando necessário;
– Os pontos de amarração devem estar fixados na parte metálica da carroceria ou no próprio chassi, nunca nas partes de madeira da carroceria ou em pontos metálicos na estrutura em questão;
– Se a carroceria do veículo for aberta e houver espaço entre a carga e as guardas laterais, as cintas só podem ser presas a pontos de fixação que estejam do lado interno da carroceria.
Na hora de amarrar os vidros nos cavaletes, ou prender lonas de proteção sobre a carga, o uso das cordas está liberado! Só não deixe de verificar se elas estão bem-conservadas.
Este texto foi originalmente publicado na edição 584 (agosto de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.
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