Vidroplano
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Conheça a logística das usinas de base

22/11/2022 - 15h43

Quem trabalha com o processamento de vidros sabe como é importante para os seus negócios que a matéria-prima encomendada chegue com a qualidade intacta e dentro do prazo. Para garantir que essas necessidades sejam atendidas, as fabricantes de nosso material no Brasil contam com setores de logística responsáveis pela organização e planejamento da entrega dos produtos – e também pelo transporte propriamente dito deles, é claro.

Quer saber mais sobre como funciona esse processo nas fabricantes de vidro e os avanços que essas empresas vêm implementando em sua logística? O Vidroplano apresenta essas e outras informações a seguir.

Como é feita?
Cada fabricante conta com particularidades no seu processo de logística, mas a atividade como um todo traz semelhanças.

Francisco Conte, diretor de Operações da Vivix, afirma que a empresa olha com muita atenção a jornada de cada encomenda. Segundo ele, o pedido é acompanhado por meio de um sistema interno e várias áreas têm visibilidade dessa jornada. “Assim que o pedido é emitido, nós começamos os preparativos para atender, para que, quando o produto efetivamente chegar à nossa expedição, já estejamos prontos para faturá-lo da forma mais rápida e providenciar seu transporte até o nosso cliente no menor tempo possível”, comenta.

Na Guardian, tudo começa quando o cliente entra em contato com o setor de atendimento. Ali a necessidade e o prazo de entrega são verificados. “Após a inclusão do pedido em nosso sistema, a Guardian organiza as datas de carregamento. Na data agendada, o caminhão é apresentado e a carga é carregada para o início do transporte”, detalha o analista-sênior de Logística, Adriano Santos.

No caso da AGC, Fernando Pereira (engenheiro de Assistência Técnica) e Antônio Carlos (gerente de Logística) explicam que, após a confirmação do pedido junto ao time de Customer Service (serviço ao consumidor), é feito o agendamento na grade de carregamento com até 10 horas de antecedência, de forma que a fabricante tenha tempo hábil para montar o pedido e atender o cliente no horário programado. Após a montagem dos pedidos e a finalização do carregamento, o veículo segue para pesagem e conferência na balança e é então liberado para viagem.

Evolução constante
Santos, da Guardian, destaca que, com as transformações frequentes pelas quais o trabalho de logística passa, as empresas precisam ter cada vez mais flexibilidade e agilidade para buscar as melhores soluções. “Os tipos de embalagem, veículos e até mesmo o processo de gerenciamento da informação avançaram nos últimos anos, e nós trabalhamos continuamente para trazer isso para nosso atendimento”, aponta.

Pereira e Antônio Carlos, da AGC, observam que a modernização dos processos de logística tem tido grande efeito na redução de acidentes durante o transporte do vidro, além de permitir o monitoramento das cargas. Novas medidas de segurança foram sendo implementadas na empresa com a evolução das tecnologias, como a utilização de grampos para o travamento do cavalete no barrote do caminhão e freios para evitar o movimento da carga. Melhorias realizadas nas embalagens e nos veículos também contribuíram para manter a integridade dos produtos até o seu destino final.

A Vivix tem avaliado constantemente seu serviço de entrega, expedição e monitoramento de encomendas por meio de pesquisas realizadas mensalmente com os consumidores, com o objetivo de fazer evoluir seus processos ao longo do tempo. “As cargas são agendadas para retirada de acordo com a conveniência dos clientes e dos nossos parceiros transportadores”, ressalta Francisco Conte.

Empilhando a carga
Parte do processo de logística envolve o acondicionamento e a embalagem das chapas em uma estrutura para protegê-las de riscos e avarias durante o transporte. Mas qual seria a melhor opção nesse sentido?

A resposta varia de empresa para empresa. Por muito tempo, o colar era a embalagem mais usada. Contudo, em 2013 a AGC trouxe para o Brasil os cavaletes: a usina considera esse um importante recurso que revolucionou o modo como os blocos de vidros são preparados e carregados, diminuindo o tempo de preparação de carga em quase 50% do tempo em relação aos colares – para Fernando Pereira e Antônio Carlos, essas estruturas também oferecem menor risco de incidentes durante a preparação.

Os cavaletes de fato se popularizaram no Brasil, mas isso não significa que outros equipamentos foram abandonados. De acordo com Santos, a Guardian trabalha hoje com uma série de opções, as quais incluem tanto cavaletes padrão (formato “A”) ou para vidros jumbo (formato “L”) como colares (formato “LI”), todos no modelo retornável. “Temos ainda a opção de utilização de caixas tipo moldura, para envios sem a necessidade do retorno da embalagem”, acrescenta o analista-sênior de Logística da empresa.

No caso da Vivix, os cavaletes são a estrutura utilizada quando o transporte dos vidros é feito pelo modal rodoviário. “O objetivo, além do olhar para o cliente e sua satisfação, é permitir que a carga chegue sem avarias e com a segurança necessária para a operação”, afirma Francisco Conte. Ele destaca haver cuidado e atenção da fabricante com a logística reversa desses materiais, a fim de que possam ser reaproveitados.

Valdimir Silva, gerente-corporativo de Logística da Cebrace, relata que a empresa utiliza dois tipos de cavaletes metálicos, sendo um desmontável para o transporte convencional e outro para o transporte em inloaders. “O cavalete desmontável permite maior aproveitamento na logística reversa, quando retorna vazio dos clientes”, ele explica.

Acompanhamento em tempo real
Entre as evoluções na logística das usinas, uma das mais importantes é a possibilidade de monitoramento da situação da carga, seja pela empresa, seja pelo próprio cliente.

A AGC, por exemplo, conta com um sistema rastreador online para controlar os pedidos. A empresa também faz uso de ferramentas tecnológicas para eleger a melhor definição de rota e realizar o monitoramento da carga dentro da fábrica ou já na estrada, permitindo a entrega dentro do prazo e com total segurança.

O monitoramento das cargas também é um ponto em que a Vivix busca sempre inovar. “Hoje temos o nosso portal Vivix Facilita. Cerca de 70% dos pedidos já são feitos dentro da plataforma, permitindo aos clientes esse acompanhamento de perto da situação da encomenda”, detalha Conte. O diretor de Operações da Vivix acrescenta que essa evolução no controle, com acompanhamentos mais digitais e automatizados, permite cada vez mais visibilidade sobre a jornada do pedido, não só para o cliente, mas também para todos os colaboradores da empresa envolvidos no processo.

A Cebrace também permite acompanhar os processos digitalmente, em tempo real. “Os clientes hoje conseguem visualizar as informações sobre seu pedido por intermédio de aplicativos de e-commerce. Isso se dá, por exemplo, no rastreamento dos veículos para entrega das cargas”, afirma Valdimir.

Na Guardian, a organização da logística é compartilhada com o cliente por meio de e-mails comunicando os status de cada fase da encomenda, desde o pedido até a entrega. Esse controle também está presente durante o transporte propriamente dito. “O monitoramento é realizado por meio do controle de rastreamento nos veículos. Com ele, podemos acompanhar por georreferenciamento a localização do transporte em execução”, explica Adriano Santos.

Pela terra…
Falamos até aqui da organização das encomendas e da embalagem delas – mas como as usinas fazem para levá-las aos clientes?

No Brasil, a malha rodoviária ainda é a principal opção para o transporte de cargas. Com isso, caminhões são os veículos mais utilizados para esse trabalho. Mas há vários tipos de veículo, cada um com capacidade para transportar um determinado limite de peso ou volume – e alguns deles também têm características diferenciadas no acondicionamento das chapas. As usinas costumam contar com vários modelos de veículos, afinal, um caminhão que transporte uma carga acima da sua capacidade irá quebrar, enquanto usar um veículo grande para transportar uma encomenda pequena representa desperdício de recursos.

Os tipos mais utilizados para o transporte das chapas são:

  • Truck — caminhão pesado, com eixo duplo na carroceria, e capacidade média de carga de 12 t;
  • Carreta — composta por cavalo mecânico (com dois eixos) e semirreboque (com três eixos), com capacidade média de 24 t;
  • Carreta “vanderleia” — semelhante à carreta, mas com três eixos no cavalo mecânico e maior espaçamento entre os três eixos do semirreboque, com capacidade média de 36 t;
  • Bitrem — combinação de dois semirreboques, com sete eixos e capacidade média de 38 t;
  • Rodotrem — combinação de dois ou mais semirreboques, com nove eixos e capacidade média de 50 t (para dois semirreboques);
  • Inloader — caminhão com baixo centro de gravidade e ausência de eixos entre as rodas do semirreboque. Sua capacidade média é de 24 t, mas pode ter variações menores (mini-inloader) ou maiores (bi-inloader).

“Trabalhamos com vários tipos de caminhão, mas buscamos sempre atuar com parceiros transportadores que nos ofereçam tecnologia e controle, com veículos pneumáticos e com rastreamento”, informa Santos, da Guardian.

…ou pelo mar
No caso da Vivix, além do transporte rodoviário, a usina também oferece a opção do modal marítimo. Francisco Conte explica que as cargas transportadas pelo mar passam pelo mesmo sistema de monitoramento: após o faturamento, a transportadora contratada envia atualizações diárias de localização, as quais são consolidadas e repassadas aos clientes. “Está sendo implementado o monitoramento de cargas automático, tanto no modal marítimo como no rodoviário, e em breve essa informação estará disponível na webservice para consulta dos nossos clientes.”

A Cebrace também trabalha com essa opção, ressaltando que há destinos em que o transporte rodoviário fica inviável, como em algumas cidades e Estados da Região Norte do País, onde a cabotagem predomina. “Também utilizamos o transporte marítimo para abastecimento de nossos centros de distribuição, que estão estrategicamente localizados em pontos que permitem o melhor atendimento a nossos clientes”, explica Valdimir Silva.

Qual o limite de percurso?
Todas as usinas deram a mesma resposta para essa questão: não há distância máxima para as entregas. A AGC, por exemplo, informa que atende todo o Brasil e alguns países da América do Sul, avaliando o percurso, o tipo de veículo e a tarifa de frete para realizar o transporte de vidro da fábrica até o cliente.

Portanto, quando for fazer seu pedido de vidros, lembre-se da verdadeira viagem que ele faz para chegar com qualidade e segurança à sua processadora.

Investimento na área pelo mundo
Segundo um relatório publicado este ano no portal Research and Markets, o mercado de logística na China é hoje o maior em termos de tamanho no mundo, e provavelmente crescerá ainda mais. Para incentivar essa tendência de crescimento, o governo da China estabeleceu metas claras para o futuro, com investimentos maciços na implementação da Belt and Road Initiative (BRI), plano de governo que consiste em aprimorar a infraestrutura de rotas terrestres e marítimas ligando o país a outros continentes. O relatório cita que, em 2018, as exportações chinesas aumentaram 25%.

No caso da Europa, de acordo com a Mordor Intelligence (empresa especializada em inteligência de mercado), os investimentos em logística no continente subiram para 38,64 bilhões de euros em 2020. Isso é impulsionado pelo enorme crescimento do comércio eletrônico na Europa. No entanto, a consultoria aponta que a falta de compromisso dos governos com o desenvolvimento de portos marítimos ou redes rodoviárias, somada à reconfiguração das cadeias de abastecimento, vêm dificultando o crescimento desse mercado.

Este texto foi originalmente publicado na edição 599 (novembro de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: DZMITRY PALUBIATKA/stock.adobe.com



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