Vidroplano
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Conheça mais sobre o vidro termoendurecido

19/02/2021 - 16h30

No fim de 2020, foi publicada pela ABNT a norma NBR 16918 — Vidro termoendurecido, elaborada para apresentar os requisitos para o processo de fabricação do produto em questão. Mas você sabe o que é um vidro termoendurecido? Conheça a seguir como ele é feito, quais são suas características e seus atrativos para o mercado vidreiro nacional.

 

Entre o float e o temperado
O termoendurecido é um vidro tratado termicamente para adquirir resistência mecânica superior à do float, podendo ser até duas vezes e meia mais forte. Com isso, ele fica abaixo do temperado, cuja resistência mecânica pode ser até cinco vezes maior que a do vidro comum.

Os termoendurecidos são produzidos em fornos de têmpera, assim como os temperados. A única diferença no processo é a curva de resfriamento no forno de tratamento térmico. Sandro Eduardo Henriques, diretor da Sglass, explica: “A preparação do equipamento para fabricar um termoendurecido se dá na regulagem dos parâmetros do resfriador do forno de têmpera. Isso é imprescindível para alcançar a qualidade desse produto, atingida basicamente pelo resultado de um processo físico”.

Renato Santana, coordenador de Qualidade e lean manufacturing da GlassecViracon, aponta as seguintes etapas para a produção do termoendurecido:

1. Corte;
2. Acabamento de bordas;
3. Lavagem do vidro;
4. Serigrafia/pintura (se requerido);
5. Tratamento térmico para o termoendurecimento;
6. Insulamento ou laminação (ou ambos).

 

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Onde pode ser usado?
Embora o processo produtivo desse tipo de vidro seja semelhante ao do temperado, o termoendurecido não é considerado um vidro de segurança. “Isso acontece porque, embora o termoendurecido tenha maior resistência térmica e mecânica do que o float, se houver impacto humano contra a peça e ela vier a quebrar, seus fragmentos são maiores e mais cortantes, similares aos do vidro comum”, explica Santana.

Por isso, de acordo com as normas, em áreas sujeitas a impacto humano, o termoendurecido só pode ser utilizado quando for parte componente de um laminado.

Alguns exemplos das diferentes situações em que o termoendurecido pode ser utilizado:

 

- Em fachadas:
* Pode ser aplicado, desde que seja acima de 1,10 m em relação ao piso;
* Quando for parte de um laminado de segurança, pode ser empregado em qualquer situação;
* Quando aplicado como spandrel (painel que encobre componentes estruturais da obra, como colunas), pode ser usado normalmente, desde que as bordas estejam encaixilhadas ou coladas para, em caso de quebra, os fragmentos ficarem retidos na estrutura.

 

- Em janelas: pode ser utilizado acima de 1,10 m em relação ao piso – as bordas do vidro devem estar encaixilhadas ou coladas para, em caso de quebra, os fragmentos ficarem retidos na estrutura.

- Em divisórias, boxes ou qualquer outra aplicação sujeita a impacto humano: o termoendurecido só pode ser aplicado se estiver compondo um laminado – nunca na forma monolítica.

 

Potencial na geração de energia
Outro mercado interessante para o uso de vidros termoendurecidos é o de energia solar: o produto pode ser empregado na fabricação de painéis fotovoltaicos. “O painel fotovoltaico compõem-se de diversas ‘camadas’, sendo que a que primeiro tem contato com os raios solares consiste em uma peça de vidro”, descreve Jefferson Martins, engenheiro de Produtos da PKO do Brasil. “Vejo o termoendurecido como um produto interessante para esse mercado devido à sua resistência mecânica, que é superior à de um vidro comum.” Segundo o engenheiro, o vidro termoendurecido também tende a ter um empeno muito menor do que o temperado, o que é uma vantagem, pois esse efeito pode ser prejudicial na montagem dos painéis.

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Ainda no segmento de aproveitamento da luz do Sol, o vidro termoendurecido também pode ser utilizado na face externa de coletores solares, usados para o aquecimento de água. A peça, além de permitir a passagem da radiação solar para dentro do sistema, o protege contra choques térmicos, chuvas de granizo e outros impactos que possam danificá-lo.

De acordo com Martins, como a norma para vidros termoendurecidos é muito recente, ainda há certa desconfiança por parte de empresas do mercado para seu uso. “Creio que, havendo o devido esclarecimento, a utilização desse produto tende a ser muito maior”, ressalta.

laminado

 

Normalizando o termoendurecido
A norma NBR 16918 — Vidro termoendurecido foi publicada no dia 12 de novembro de 2020 pela ABNT. O documento foi elaborado pela comissão de estudos do Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37), sediado na Abravidro.

A norma apresenta as características dos termoendurecidos, entre elas a tensão máxima admissível, tolerâncias permitidas para os aspectos dimensionais, defeitos visuais, empenamento total e local e comportamento de quebra. Os ensaios do produto também estão estabelecidos, incluindo os de fragmentação, avaliação de defeitos e medição de empenamento.

As empresas associadas à Abravidro receberam um exemplar da norma no próprio mês de novembro para completar sua biblioteca.

Este texto foi originalmente publicado na edição 578 (fevereiro de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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