Vidroplano
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Conheça mais sobre vidros serigrafados

27/09/2021 - 10h24

Desde o momento em que passar mais tempo em casa por conta da pandemia virou o “novo normal”, O Vidroplano vem chamando a atenção para as possibilidades abertas para nosso material. Na busca por residências e ambientes de trabalho mais confortáveis, integrados e seguros, o vidro apresenta-se como a aposta certeira para arquitetos, designers e decoradores de interiores.

Este mês a revista conversou com fabricantes de maquinários e processadoras com o objetivo de expor a situação atual de um produto que se encaixa nesse conceito de versatilidade, oferecendo as mais diversas possibilidades de aplicação: os vidros serigrafados. Nas próximas páginas, entenda como é o trabalho com eles e conheça as tendências atuais, assim como a situação do mercado desses itens.

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Conceito
Serigrafia é o termo usado para se referir às diversas técnicas de pintura e impressão de imagens ou padrões em peças de vidro. Para trabalhos envolvendo construção civil e decoração, as mais usadas são:

Telas: a mais simples e antiga de todas. Aplica-se a tinta por meio de uma tela de tecido sintético. Pode ser manual, com um operador responsável por espalhar a tinta usando uma espécie de rodo, ou automática. Com ela, é possível criar formas e desenhos de mais de uma cor;

Digital: feita por impressoras que espalham microgotas de tinta sobre a superfície do vidro. É o processo mais tecnológico existente, pois pode imprimir imagens em alta resolução e reproduzir texturas com fidelidade, além de, dependendo do tipo de maquinário, ser totalmente automatizado;

Pintura com rolo: um sistema automático de cilindros espalha a tinta de forma contínua sobre uma das faces da chapa. Indicado para aplicações chapadas e monocromáticas;

Sistema de pistolas: um operador manuseia uma pistola, ligada a um compressor de ar, para pintar as peças. Também é indicado para aplicações chapadas e monocromáticas.

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Em crescimento?
De acordo com as fontes consultadas para esta reportagem, a demanda por vidros serigrafados vem crescendo nos últimos anos – e pode aumentar mais ainda, dadas as novas tendências surgidas com a pandemia. “Houve uma crescente e significativa procura pelo conhecimento da tecnologia e pela aplicação, tanto para os serigrafados comuns como para a impressão digital”, analisa Márcio Marcon Takara, consultor técnico comercial da processadora Brazilglass.

A demanda por esses produtos em nosso país e também no continente é atestada pelas empresas que atuam no setor. “A América do Sul é mais impactada por esses vidros do que a América do Norte, especialmente no setor de arquitetura”, comenta Yariv Ninyo, gerente de Desenvolvimento de Negócios da israelense Dip-Tech, empresa que pertence ao grupo estadunidense Ferro. “No Brasil, esse mercado é muito ativo no segmento automotivo e, em geral, nossos clientes não estão passando por um momento de desaceleração.”

No entanto, assim como em relação a outras soluções de valor agregado, o conhecimento sobre as características e benefícios dos materiais precisa chegar aos potenciais consumidores. Somente assim seu uso terá crescimento constante. “Infelizmente, o produto ainda é desconhecido por alguns arquitetos, justamente nosso público-alvo”, revela Hugo Taboas, gerente-geral da beneficiadora Saint-Germain Vidros. “Mesmo assim, o fato de termos realizado obras importantes junto a parceiros nos últimos tempos, como o VLT Carioca e o Cine Leblon, no Rio de Janeiro, nos dá uma boa perspectiva para o futuro.”

Tendências contemporâneas
Takara menciona que há maior procura, por parte de arquitetos, de vidros impressos digitalmente, inclusive para estruturas de grande porte como fachadas. “Já para a decoração interna, designers de móveis gostam de impressão e de peças pintadas a rolo, cuja aplicação deixa o ambiente muito mais charmoso e sofisticado, porém leve e agradável, conforme o desejo do cliente.”

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Artistas plásticos também se interessam pela impressão, pois podem reproduzir seus trabalhos em chapas de nosso material, garantindo que os detalhes das obras sejam bem definidos, graças à alta resolução das imagens. “Estamos desenvolvendo novos projetos em conjunto com esses profissionais. O resultado de um deles faz parte da 34ª Bienal de São Paulo”, revela. A obra à qual Takara faz referência, criada pela artista plástica Regina Silveira, é um labirinto de placas envidraçadas “furadas” por tiros, mas que, na verdade, ganharam um padrão impresso que simula vidros estilhaçados. A instalação é uma crítica à violência sufocante das metrópoles.

Para a processadora Speed Temper, o futuro está exatamente nos vidros com impressão. Mesmo assim, outras técnicas continuam fazendo sucesso. “Os serigrafados com tela também seguem em alta, principalmente as chapas na cor branca”, aponta Camilo Poltronieri Pereira da Silva, operador dos maquinários de serigrafia da empresa. A busca pela estética clean e sóbria parece estar por trás desse movimento.

Em âmbito mundial, a principal tendência não está na aplicação em si, mas no processo produtivo. Ninyo, da Dip-Tech, acredita que o setor de beneficiamento de vidro está no caminho certo para colocar a impressão digital dentro das grandes linhas de produção. Para ele, a serigrafia pode se tornar, em breve, uma parte integrada do portfólio de produtos das empresas, não mais uma solução tratada como algo separado. “Como o impacto da Covid-19 ainda é sentido na maioria das regiões, a decisão de investimento em máquinas é lenta; porém, o interesse de nossos clientes e possíveis compradores por tecnologia ainda é alto.”

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Desafios no processamento
Para os interessados em trabalhar com serigrafia, vale ficar de olho em algumas necessidades básicas para a produção. Os vidros extra clear, com baixo teor de ferro, são menos “esverdeados” do que o float comum – por isso, são uma opção para garantir máxima fidelidade às cores escolhidas pelo cliente, já que não altera a tonalidade da tinta aplicada.

De forma a garantir a qualidade final dos produtos, o ambiente da processadora precisa estar controlado em relação a:

– Temperatura;

– Pressão;

– Umidade relativa do ar; e

– Higienização.

“Como o material é sensível, a limpeza é fundamental no processo”, explica Taboas, da Saint-Germain Vidros. “Os desafios são grandes nesse sentido. O ideal é contar com uma sala limpa e uma lavadora que use água desmineralizada.” Conhecimento técnico para as aplicações também é necessário, seja para o manuseio dos equipamentos eletrônicos, como as impressoras, ou para a aplicação das técnicas manuais – no controle dos níveis de opacidade das tintas, por exemplo.

Uma grande questão durante o processo é como manter os mesmos tons das cores em peças diferentes. Segundo o instrutor técnico da Abravidro, Cláudio Lúcio da Silva, além de mão de obra qualificada e equipamentos adequados, deve-se fazer a serigrafia em vidros do mesmo fabricante – preferencialmente de um único lote de fabricação. É importante também aplicar a tinta do mesmo lado das chapas em todos os vidros, seja do lado “ar” ou do lado “estanho”.

Importante reforçar que, assim como para qualquer outra etapa do beneficiamento, a escolha das máquinas e impressoras deve sempre levar em conta a capacidade produtiva da empresa e o tipo de cliente que atende.

De olho no futuro
Como já comentado, a impressão em uma linha de produção única e contínua será cada vez mais comum nos próximos anos – tudo coordenado pelos conceitos da Indústria 4.0, permitindo a comunicação entre os equipamentos, assim como o controle em tempo real de diferentes parâmetros, como o consumo de tinta. Isso se tornará realidade à medida que as soluções em maquinários fiquem mais acessíveis a todos.

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As tintas também passam por mudanças: a nanotecnologia promete revolucionar a serigrafia, já que, de acordo com as fabricantes, tem melhor fixação no vidro. Mas o ponto principal para o futuro talvez seja a velocidade de trabalho. “As novas gerações de impressoras incorporam poderosos motores que garantem um processo mais rápido, sem comprometer a qualidade e confiabilidade”, comenta Ninyo, da Dip-Tech.

Qual o mercado para serigrafados?
Independentemente da técnica aplicada, esses vidros são usados nas mais diversas aplicações em diferentes setores:

Arquitetura e decoração de interiores: fachadas, divisórias, revestimentos de paredes, pisos, escadas etc.;

Moveleiro: tampos de mesa, portas de armários etc.;

Linha branca: cooktops, fornos, refrigeradores, micro-ondas etc.;

Automotivo: marcação de retículas e banda negra etc.

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Qualificação aprovada
A Especialização Técnica Abravidro tem um módulo de serigrafia focado em aprofundar a qualificação da empresa nessa área. Assim como os demais módulos do treinamento, esse é ministrado pelo instrutor técnico da Abravidro, Cláudio Lúcio da Silva, reconhecidamente um dos maiores especialistas do Brasil na área de transformação de vidros. Entre as disciplinas abordadas, estão:

– A serigrafia técnica do vidro

– O processo de serigrafia em vidro: tipos de pintura para vidro

– Elementos da serigrafia silk-screen

– A física no processo de impressão do vidro

– Parâmetros de processo

– Qualidade da serigrafia

– Rotina para resolução de problemas

Este texto foi originalmente publicado na edição 585 (setembro de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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