Vidroplano
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Dicas para vender e instalar soluções acústicas

23/04/2020 - 10h01

Como visto na reportagem “As contribuições do vidro para a saúde das pessoas” (para lê-la, clique aqui), um dos principais benefícios que o vidro pode oferecer é o conforto acústico, importante diferencial em grandes centros urbanos. Assim, fica a pergunta: sua vidraçaria sabe como escolher, vender e instalar sistemas de atenuação sonora para que eles apresentem o desempenho esperado? Nas próximas páginas, confira algumas dicas para esse trabalho.

Ao alcance dos seus negócios
Engana-se quem pensa que apenas grandes empresas são capazes de trabalhar com soluções acústicas. “Pequenas vidraçarias também podem se beneficiar desse mercado, basta buscar informação e capacitar-se”, afirma Edison Claro de Moraes, diretor da Atenua Som e vice-presidente de Relações com o Mercado da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica (ProAcústica).

Marcos Holtz, sócio-diretor da Harmonia Acústica e vice-presidente de Atividades Técnicas da ProAcústica, observa que essas soluções passam por vários tipos de abordagem. “Algumas exigem investimento em pesquisa, como o desenvolvimento de novos perfis e vedações, mais baratos e mais eficientes. Outras abrangem estratégias simples e acessíveis, como um trabalho muito bem executado, no esquadro e sem frestas. Olhando dessa maneira, se o sistema escolhido for de qualidade e a mão de obra for qualificada, pode-se dizer que é possível, sim, obter bom isolamento acústico com instaladores de menor porte”, avalia Holtz.

Por dentro das normas
Para Edison Moraes, as normas técnicas são uma fonte essencial de informações para o vidraceiro que pretende se especializar nesse tipo de trabalho. “Nelas estão determinados os níveis de ruído adequados para cada ambiente, facilitando a caracterização das obras.” Três se destacam:

NBR 10151 – Acústica – Medição e avaliação de níveis de pressão sonora em áreas habitadas – Aplicação de uso geral

NBR 10152 – Acústica – Níveis de pressão sonora em ambientes internos a edificações

NBR 15575 – Edificações habitacionais – Desempenho

É possível conhecer mais sobre as determinações delas e outras informações importantes sobre o tema por meio de atividades de capacitação presenciais ou a distância. A Universidade do Som, ligada à Atenua Som, por exemplo, oferece cursos específicos para os profissionais, com duração de um a três dias e aulas práticas no laboratório da entidade.

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É necessário contratar um especialista?
Segundo Edison, se o vidraceiro está capacitado, ele tem condições de avaliar, especificar e instalar vidros de proteção acústica.

Holtz, por sua vez, vê a tarefa do fornecedor de caixilhos como o responsável pela devida caracterização do índice de redução sonora ponderado (Rw) do caixilho com o vidro instalado. “Cabe aos projetistas, na fase de especificação da obra, definir o Rw — índice de laboratório que quantifica o isolamento acústico — dos caixilhos”, explica.

Nesse sentido, deve haver um gerenciamento do projeto para integrar os fornecedores e pensar no resultado global. Se o vidraceiro ficou somente com a parte da aplicação dos vidros, seu papel é seguir rigorosamente a especificação do vidro e fazer um serviço impecável, para que o isolamento projetado se efetive na prática. “Nessa hora, um consultor de acústica experiente dando suporte pode prevenir muitas dores de cabeça”, considera Holtz.

Como convencer o cliente?
Nem sempre o comprador tem conhecimento sobre as vantagens que os sistemas voltados para o isolamento de ruídos externos oferecem. Cabe ao vidraceiro apresentar as informações sobre o assunto — por isso mesmo, vale a pena conferir a série Caixa Acústica, de 2015, desenvolvida pela Abravidro em parceria com Atenua Som e Cebrace (veja mais no final desta reportagem).

Uma boa notícia é que os clientes vêm se tornando mais conscientes em relação ao tema. Segundo Holtz, um estudo da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) levantou o que os clientes levam em conta ao adquirir um imóvel: o item “janelas e paredes com isolamento acústico” teve um grande destaque na pesquisa, aparecendo à frente, inclusive, de “varanda gourmet”. “Portanto, como é algo em que o consumidor enxerga valor, pode ter impacto direto nas vendas”, explica.

Como vender uma solução acústica?
Edison Moraes sugere a seguinte sequência de trabalho a partir do momento da demanda:

1. Avaliação das fontes externas de ruído (trânsito, sirenes etc.) e medição deste com dispositivos como o sonômetro;

2. Definição de Rw necessário, por meio de teste (na própria obra ou em laboratório), para determinar a solução mais adequada;

3. Medições dos vidros e dos vãos das janelas ou portas;

4. Fabricação dos componentes do sistema (vidros, caixilhos, ferragens, materiais de vedação etc.), com base nos testes conduzidos na primeira etapa;

5. Instalação do sistema (veja mais sobre este item logo abaixo).

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Sem espaço para erros
A instalação desse tipo de produto é a parte mais delicada. “Aqui mora o perigo, pois, se for malfeita, vai colocar tudo a perder”, afirma Moraes. Holtz concorda: “O sistema todo é muito sensível e, se qualquer um de seus pontos falhar, mesmo os outros itens executados com perfeição não serão capazes de compensar o erro”.

Por isso, os instaladores dessas janelas e portas precisam ser devidamente treinados e seguir todos os cuidados necessários, incluindo:

– Garantir a integridade do contramarco (contorno preparado para ser chumbado no vão em que será instalada a esquadria);

– Conferir o nível e prumo dos vãos;

– Fazer a vedação perfeita dos vidros e das frestas entre caixilhos, contramarcos e estrutura do vão.

Durante e depois da instalação, é importante ainda “caçar” os ruídos, prestando atenção a cada detalhe do processo e identificando os pontos por onde o som vindo de fora do ambiente pode entrar.

Retrofit acústico: é possível?
As oportunidades de atenuação do barulho não aparecem somente em obras novas. A busca por mudanças em edificações já concluídas, o chamado retrofit, também é grande e uma parte importante do trabalho.

Isso não é fácil: a modificação de fachadas já existentes precisa ser aprovada em reunião de condomínio e moradores podem ser contra a ideia por considerarem que descaracterizaria o edifício.

Há três formas diferentes para o trabalho nesses espaços — o profissional deve definir a mais adequada para atender a necessidade de cada cliente:

1. Trocar o conjunto completo — portas e janelas — por novos produtos com melhor desempenho acústico;

2. Substituir apenas os vidros por peças com melhor desempenho, mantendo a estrutura atual. Para que essa alternativa seja viável, é necessário verificar a performance dos novos vidros em conjunto com os demais elementos do sistema;

3. Adicionar uma janela ou porta sobreposta à existente — nesse caso, a sobreposição precisa ser muito cuidadosa para evitar frestas.

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Vidros acústicos de forma didática
De março a maio de 2015, O Vidroplano trouxe a série Caixa Acústica, publicada na forma de três suplementos encartados na revista. O objetivo da iniciativa foi compartilhar com os profissionais vidreiros de forma didática os conhecimentos apresentados no 6º VidroSom, seminário técnico sobre acústica com vidro, organizado pela Atenua Som e patrocinado pela Cebrace.

A Abravidro, em parceria com as duas empresas, desenvolveu os fascículos da série, cujos temas foram:

1. Março/2015: Conceitos básicos e a evolução do uso do vidro
2. Abril/2015: Exemplos práticos do uso do vidro acústico
3. Maio/2015: Ensaios laboratoriais e normas técnicas

Este texto foi originalmente publicado na edição 568 (abril de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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