Vidroplano
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ERPs contribuem para gestão das processadoras

05/06/2023 - 11h12

Que o mercado está cada vez mais dinâmico e competitivo, não é segredo para mais ninguém. As empresas, por sua vez — das pequenas às de grande porte —, precisam estar antenadas e trabalhar para responder rapidamente às mudanças sob o risco de se tornar obsoletas se não o fizerem. Por falar em obsoleto, conforme abordado nas matérias anteriores desta série especial, o controle feito de forma manual (papel, lápis, caneta, carimbos e pastas), embora ainda adotado, segue bastante questionável quando diante das possibilidades oferecidas e consagradas no mercado.

Agora que estamos inteirados sobre os benefícios dos softwares para mesa de corte e do e-commerce, é hora de avançarmos para o próximo nível e adentrarmos no universo do Enterprise Resource Planning (ERP), que, em tradução livre para o nosso idioma significa planejamento dos recursos da empresa. Qual a real importância desse sistema para as processadoras? Em quais etapas da produção esses softwares atuam? Quais as ferramentas mais utilizadas no mercado? As respostas para esses e outros pontos estão a seguir.

Os temas da SÉRIE ESPECIAL
Março: Corte
Abril: E-commerce
MAIO: ERP

O novo petróleo
Da compra da matéria-prima ao envio do produto ao cliente, quantas informações são geradas, e por vezes perdidas, ao longo desse processo? Não à toa, os dados são tidos como elementos fundamentais da economia moderna ou, como alguns preferem chamar, o “novo petróleo”. Isso porque, em tese, quem souber fazer bom uso deles e aproveitar todo o seu potencial, tende a colher excelentes frutos.

Para colaborar ativamente com o gerenciamento dessas informações em prol do controle e da produtividade das processadoras, o ERP desponta como um importante aliado, possibilitando o acesso de maneira fácil, integrada e confiável aos dados de uma empresa. A partir do relatório obtido com o software, é possível ter diagnósticos aprofundados sobre distintos pontos – das medidas necessárias para aumento na produtividade à redução efetiva dos custos.

Crédito: A Stockphoto/stock.adobe.com

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Papel demais
De acordo com Cláudio Lúcio da Silva, instrutor técnico da Abravidro, o ERP só foi inserido na indústria vidreira a partir da década de 1990, quando a Saint-Gobain introduziu o SAP (sigla do nome original alemão Systemanalysis Programmentwicklung que, em português, significa desenvolvimento de programas para análise de sistemas) nas unidades do Brasil e da França. Para compreender de forma mais ampla as vantagens entregues por um eficiente sistema ERP nas operações vidreiras, voltaremos no tempo a fim de compreender o panorama dos procedimentos adotados pelas processadoras antes da existência da ferramenta.

“Algumas empresas faziam um controle totalmente manual, no caderno, utilizando muito papel para administrar o pedido, a entrega e o financeiro, ou por planilhas com pouca ou quase nenhuma integração de informações”, afirma Homero Luz, consultor-comercial e de Marketing da ECG Sistemas. De acordo com ele, era comum as empresas estabelecerem uma margem maior nos custos a fim de considerar todos os possíveis equívocos que poderiam ocorrer, como esquecimento ou erros de folga, devido às informações recebidas serem feitas à mão.

Com o tempo, os documentos em papel foram deixados de lado para serem substituídos por suas versões eletrônicas. Porém, embora a praticidade de compartilhar e arquivar esses registros tivesse melhorado, a elaboração de todo o material seguia incerta e trabalhosa. “Era muito complicado padronizar, acompanhar, mensurar e tomar decisões”, afirmam Carlos Santos e José Gonçalves Júnior, respectivamente diretor e gerente de Desenvolvimento da SF Informática. “Os processos eram mais lentos e suscetíveis a erros, a confiabilidade dos dados era baixa; por isso, transformar esses dados em informação ainda era um desafio.”

Solução para todos
Grandes empresas lidam no dia a dia com operações complexas e em grandes volumes, o que, organicamente, gera uma infinidade de dados. Em se tratando delas, um software robusto para dar conta de todos os processos se faz mais do que necessário. No entanto, deixando de lado as grandes corporações, no que diz respeito ao universo das processadoras, de modo geral, é possível haver um controle saudável da avalanche de dados sem o apoio de um software ERP?

Segundo o instrutor técnico Cláudio Lúcio, é possível sim, porém com ressalvas. “Dependendo do tamanho da empresa, pode ser. Principalmente as pequenas e com faturamento também pequeno — mas, com os decorrentes riscos na operação, provenientes de possíveis descontroles na gestão das diversas etapas de entrega de valor.”

De acordo com levantamento feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), as pequenas e microempresas injetam por mês na economia brasileira R$ 35 bilhões; por ano, são R$ 420 bilhões. Por essas e outras, contar com uma boa gestão e ter processos automatizados com ajuda dos ERPs desde o início, enquanto a empresa ainda está em fase de crescimento, são de grande valia.

Crédito: Rochu_2008/stock.adobe.com

Crédito: Rochu_2008/stock.adobe.com

 

Qual a importância do ERP para a empresa?
De acordo com Alexandre Gomes Nascimento, gerente-comercial da Pegasus Corporate, da Softsystem, entre muitos pontos, os ERPs são fundamentais na otimização dos seguintes processos:

  • Eficiência operacional;
  • Visibilidade dos negócios;
  • Tomada de decisões;
  • Conformidade com regulamentações;
  • Comunicação interna e externa.

 

Atuação in loco
Para aproveitar de forma plena todos os benefícios que um bom sistema ERP entrega, é fundamental entender suas funcionalidades. Na teoria, o sistema colabora com a administração de todas as etapas da produção. Na prática, ao adotar a ferramenta, os processos são mapeados, bem como definidos os apontamentos, capacidade e turnos, entre outros. Os gestores, por exemplo, podem programar a produção e acompanhar o andamento. Os operadores, por sua vez, podem realizar os apontamentos, além de antever situações. Para ter melhor controle e gestão, um ERP precisa ser totalmente voltado ao ramo vidreiro, atendendo as particularidades desse segmento.

Para interligar tudo, o ERP se integra aos diferentes sistemas e maquinários por meio de interfaces de programação. Estas costumam ser criadas e disponibilizadas pelos fornecedores dos outros sistemas e maquinários. Para os usuários, essa interligação é praticamente imperceptível e geralmente não requer intervenção.

Como existem várias soluções de terceiros no mercado, o ERP precisa estar preparado para se comunicar com elas. “Máquinas que automatizam o processo em geral têm, cada uma delas, sua interface e seus layouts de integração”, afirma Priscila Kimmel, coordenadora-comercial da SystemGlass. De acordo com a profissional, antes de investir em um novo maquinário, a atenção aos detalhes é imprescindível. “É extremamente importante solicitar ao fabricante a possibilidade de integração com a automação de seu ERP, bem como arquivos de comunicação. Assim se garante o desenvolvimento de comunicação entre ERP e máquina de maneira precisa e eficaz.”

O que dizem as fabricantes dos maquinários?

SGlass
“Estruturamos os sistemas das máquinas para que, de forma simples, possam trocar informações com um ERP e trabalhar com os arquivos em um servidor ou nuvem do cliente. Entregamos manuais que auxiliam na integração com os sistemas, assim os softwares ERPs com pouca adequação podem gerar automaticamente os projetos que a máquina irá realizar, bem como obter informações dos trabalhos que já efetuou.”
Kleber Machado, engenheiro

Lisec
“Sabendo que existe uma grande variedade de ERPs usados pelas processadoras, a Lisec possibilita que estes se comuniquem com nossas máquinas por meio de arquivos de transferências (transferfiles), os quais seguem um padrão definido pela Lisec. Esse padrão possibilita que qualquer ERP possa gerar um arquivo que seja lido e interpretado por nossas máquinas. Por meio desses transferfiles, todas as informações necessárias para o seu correto funcionamento são enviadas, automatizando o processo, garantindo agilidade e diminuindo erros oriundos da entrada manual de informações.”
Pedro Kortstee, analista técnico de software

GlassParts
“A integração dos softwares ERP é importante para as processadoras porque ela permite a automatização de muitos processos, o que aumenta a velocidade da coleta de informações e facilita a tomada de decisões. Essa integração dá lugar ainda à análise de informações, rastreabilidade e ao maior controle das operações. Com as informações precisas fornecidas pelo sistema, é possível identificar gargalos e pontos de melhoria na cadeia de produção e logística, ajudando a reduzir desperdícios e melhorando o desempenho geral da empresa.”
Ricardo Costa, diretor-comercial

 

Soluções para o mercado

Software: Grics
Desenvolvedor: SystemGlass
Diferenciais:

  • Ferramenta exclusiva para têmperas, laminadoras, distribuidoras e beneficiadoras de vidros;
  • Acompanha todas as etapas de produção dos vidros;
  • Possui processos totalmente integrados com todos os departamentos;
  • Controla e fornece informações com alta precisão e segurança;
  • Foca na redução de custos, inclusive operacionais, e no aumento da produtividade.

 

Software: Pegasus Corporate
Desenvolvedor: SoftSystem
Diferenciais:

  • Gestão de acesso ao sistema por regras de permissão por grupo de usuários por filial;
  • Automação total em todos os processos;
  • Gestão comercial com controle de política de crédito;
  • Cadastro único de materiais por empresa;
  • Gestão de estoque com controle configurável;
  • Integrações com múltiplas máquinas de furação automática;
  • Gestão contábil e financeira plenas;
  • Integração com e-commerce e-Vidraceiro;
  • Controle de dados precisos e em tempo real.

 

Software: ECG Temper
Desenvolvedor: ECG Sistemas
Diferenciais:

  • ERP específico para têmperas, processadoras e laminadoras;
  • Acesso a vários projetos prontos;
  • Módulo administrativo que inclui gestões comerciais e financeiras;
  • Módulo de produção que permite a geração do DFX das peças de corte;
  • Módulo de controle de entrada e saída dos materiais no almoxarifado;
  • Orçamento pronto com apenas alguns cliques;
  • Promove o controle das atividades de produção de cada peça baseado na leitura de código de barras e emissão de vários relatórios.

 

Software: GlassControl Industrial
Desenvolvedor: SF Informática
Diferenciais:

  • Contempla soluções que vão da aquisição da matéria-prima à entrega;
  • Possui uma vasta base de projetos personalizáveis e expansíveis;
  • Permite o rastreamento dos processos, como lapidação, furação e têmpera;
  • Integração com outros maquinários da produção, como lapidadoras e furadeiras automáticas;
  • Mede o aproveitamento do corte e do forno de têmpera;
  • Contempla todos os recursos administrativos;
  • Transforma dados em informação por meio de relatórios e dashboards personalizáveis e acessíveis online.

 

Erramos
No texto da seção “Especial”, publicado na versão impressa da revista O Vidroplano do mês de abril, o nome correto do software da empresa SystemGlass é WebGlass.

Este texto foi originalmente publicado na edição 605 (maio de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: WrightStudio/stock.adobe.com



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