Vidroplano
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Tecnologia aplicada ao vidro

20/04/2016 - 18h36

Este texto foi originalmente publicado na edição 520 (abril de 2016) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista clicando aqui

A tecnologia do setor vidreiro impressiona até mesmo os visitantes mais assíduos nas feiras internacionais — a evolução dos maquinários é constante. No Brasil, o mercado tem buscado acompanhar esse salto produtivo proporcionado pela modernidade dos equipamentos. Com isso em mente, O Vidroplano “sujou os sapatos”, como se diz em jargão jornalístico: saiu da redação e foi a campo para visitar processadoras com o intuito de conhecer algumas soluções que contribuem para o serviço dessas empresas — as linhas automáticas e integradas para o pré-processamento do vidro.

Solução para o desenvolvimento
Nos últimos anos, a capacidade brasileira para a fabricação de nossa principal matéria-prima, o vidro float, cresceu muito. Nessa mesma tendência, a indústria nacional de transformação investiu fortemente em alta tecnologia para o processamento, tornando-se apta a oferecer aos clientes finais vidros que proporcionam altos níveis de segurança e conforto aos usuários.

Portanto, estão em funcionamento no Brasil maquinários com total automatização nas tarefas de pré-processamento, aquelas realizadas antes da têmpera: corte, lapidação, furação, recorte e lavagem. Nessas linhas mais modernas, não há funcionários manuseando o vidro na maior parte das operações e o contato humano diretamente com o produto é mínimo, diminuindo também o risco de acidentes.

Outra característica importante desse tipo de linha é integrar os processos. As peças se movimentam por meio de sistemas com ventosas ou roletes, passando por todas as fases sem necessidade de ser transportada por carrinhos ou carregada por funcionários. Como consequência, a produtividade aumenta bastante.

Estudos de caso
Como o objetivo desta reportagem é revelar as vantagens dessas linhas para o beneficiamento do vidro, nossa equipe conferiu in loco o funcionamento de três empresas. Nas próximas páginas, conheça as soluções presentes em três processadoras brasileiras: Divinal Vidros (Belo Horizonte), TTR Vidros (Três Rios, RJ) e Viminas (Serra, ES).

PLC: o cérebro das linhas automáticas e integradas
Todas as máquinas são comandadas por Controladores Lógicos Programáveis (também conhecidos pela sigla PLC). No início de um turno de trabalho, a empresa alimenta os PLCs com informações sobre os vidros a serem pré-processados — incluindo dimensões, espessuras e até os tipos de furação e recortes a serem feitos. Esses dados são transformados em códigos de barras impressos em etiquetas posteriormente coladas às peças. As máquinas, então, fazem a leitura desses códigos por meio de sensores e se adaptam ao formato das peças para realizar o trabalho.

Máquinas diferentes falando a mesma língua
“A automação aplicada em algumas empresas brasileiras faz jus ao que há de mais avançado no mercado mundial”, afirma Ézio Cabib, diretor da Bottero do Brasil, braço local da tradicional fabricante italiana. A tecnologia presente por aqui vem da Europa, principalmente de países especializados na produção desse tipo de maquinário, como a Alemanha e a Itália.

Wagner Hubmann, representante da Forvet no Brasil, enfatiza que linhas automáticas e integradas reduzem o custo de produção. “Hoje, o investimento em tecnologia tem crescido muito, tanto pela busca de qualidade no produto final como pela falta de mão de obra qualificada.”

Como será visto nos exemplos a seguir, as processadoras podem montar linhas com máquinas de fornecedores diferentes. Nesses casos, o responsável pela programação da linha deve ser habilidoso o bastante para fazer os PLCs de cada equipamento se comunicar sem interferência. “As empresas que vendem os maquinários também precisam colaborar entre si para que não ocorram falhas”, explica Frank Jacobi, representante comercial no Brasil da alemã Benteler.

Outra fornecedora desse tipo de maquinário no País é a italiana Forel, representada em território nacional pela Glaston. O grupo finlandês já forneceu lapidadoras e lavadoras para a Divinal. “A procura por linhas integradas, que diminuem a mão de obra física, tem crescido no Brasil nos últimos cinco anos”, afirma Moreno Magon, vice-presidente de Vendas e Serviços da Glaston South America.

Diferença entre as linhas
Existem dois tipos de linhas de pré-processamento:
• Para vidros de engenharia — Focada na produção de vidros utilizados na arquitetura e construção civil, esse tipo de linha pode ou não ter seção de corte integrada, conforme será visto nos cases a seguir. Suporta peças de variados tamanhos e espessuras.
 Para vidros de boxe — Semelhante à linha de engenharia, possui uma mudança fundamental: robôs com ventosas alimentam as lapidadoras, pois o vidro tem formato padrão. O robô, portanto, garante que a produção seja ágil e ininterrupta. No entanto, uma linha de engenharia também pode ter robôs de movimentação, como acontece na Divinal, por exemplo.

 

DIVINAL VIDROS
Cidade: Belo Horizonte
Quantidade de linhas: duas (uma para vidros de engenharia e uma exclusiva para boxe)
Fornecedor: Bottero (linha de engenharia). Os fornecedores para a linha de boxe não foram revelados

Investimento alto
“É preciso estar disposto a investir, pois nada é barato”, afirma José Antônio Passi, diretor da filial mineira da Divinal Vidros. “Deve-se levar em consideração qual será o retorno do capital investido, o consumo de energia elétrica e as despesas com manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos automatizados”. No entanto, a produção melhora: “Após a automatização, diminuímos as perdas, simplificamos os processos e os prazos de fabricação encurtaram”, revela. Segundo a Bottero, fornecedora dos maquinários para a processadora, a solução da Divinal compõe uma das maiores linhas do tipo no mundo.

Antes e depois

“Em 1996, os processos eram todos manuais. Uma pessoa, por exemplo, cortava o vidro com os famosos cortadores de pontas diamantadas”, relembra Passi. “Hoje, triplicamos a capacidade de produção. Temos agora vidros com acabamento final de melhor qualidade, além de menos sucata gerada no processo”, revela.

Manutenção
Além de equipe de manutenção preventiva própria, a Divinal conta com a presença de técnicos da Bottero para a resolução de eventuais problemas maiores. Para os mais simples, os italianos conseguem verificar a situação das máquinas via acesso remoto.

Como funciona a linha de engenharia
1 — A seção de corte possui alguns diferenciais: o vidro passa primeiro por um sistema de escovas, que retira o pó acumulado de sua superfície, e, depois, por uma etiquetadora automática;
2 — Após o corte, existe ainda o pré-destaque automático, a fim de facilitar o destaque manual. As placas, então, são colocadas em carrinhos e despachadas para a linha integrada;
3 — Na destinada a caixilhos, um robô coloca as placas na lapidadora bilateral;
4 — Na sequência, já seguem para a lavadora, finalizando o processo;
5 — A linha para vidros com furos é semelhante: robôs alimentam a lapidadora bilateral;
6 — A diferença está na etapa seguinte, onde estão duas furadeiras;
7 — O processo final é composto por lavadoras da marca italiana Triulzi.
Outra particularidade: essas duas partes da linha servem como backup uma da outra. A parte de caixilho também pode enviar chapas para as furadeiras em caso de alta demanda por vidros furados, por exemplo, graças à integração entre elas.

Ficha técnica
Corte
• Carregadora bilateral Bottero 630 CBF
• Mesa de corte Bottero 340 BCS EVO com etiquetadora
• Máquina destacadora automática Bottero (eixo “x”)
• Mesa de destaque manual Bottero 101 BBM
Lapidação
• Carregadoras automáticas (robôs) Bottero 672 LDG
• Lapidadoras bilaterais Bottero Titan 220
Furação e lavagem
• Furadeiras Bottero CNC 780DMW
• Lavadoras horizontais Triulzi

 

TTR VIDROS
Cidade: Três Rios (RJ)
Quantidade de linhas: duas (uma exclusiva para vidros de engenharia e outra para engenharia/boxe)
Fornecedor: Benteler e Bottero (máquinas da seção de corte)

Diferencial produtivo
Para Vinícius Marques, diretor da TTR, investir em maquinários é essencial em um mercado competitivo. “Uma linha como essa se torna um diferencial para a empresa que busca soluções eficientes para produção”, alerta. A mão de obra qualificada foi outra preocupação na hora de adquirir as linhas: “Optamos pela automação para nos nivelar por cima”. A escolha da Benteler como fornecedora deu-se, entre outros motivos, pelo fato de a empresa oferecer um curto prazo de payback (quando o lucro obtido se equipara ao investimento inicial).

Antes e depois
“Quando ainda contávamos com máquinas manuais de baixa produtividade, éramos obrigados a terceirizar serviços em momentos de maior demanda”, explica Marques. “Hoje, as linhas produzem mais que o dobro da quantidade de vidro daquela época”. Outra grande vantagem está no ritmo. “Não é preciso parar em momento algum. Isso dá constância e velocidade. Pedidos urgentes, por exemplo, são muito mais simples de serem controlados”, analisa.

Manutenção
Por meio de link remoto, os técnicos da Benteler na Alemanha conseguem acessar as máquinas aqui no Brasil — esse processo é feito para a solução de problemas pontuais. Além disso, a TTR recebe a visita de profissionais da fornecedora uma vez por ano.

Como funciona a linha de engenharia
Tudo começa com pontes rolantes que levam o vidro até o início da seção de corte.
1 — Uma mesa basculante de carregamento alimenta a mesa de corte;
2 — Depois do destaque manual, as chapas são encaminhadas à lapidação;
3 — Nesse momento, uma mesa móvel pode ser aproximada da área de destaque para facilitar a transferência de peças de grandes dimensões;
4 — A partir daí, a linha se integra totalmente e as chapas passam pela lapidadora bilateral;
5 — Na sequência, seguem para as duas furadeiras com unidade de fresa;
6 — Após a furação e recorte, chegam às lavadoras, finalizando o ciclo.
7 — Se o vidro for caixilho, não passa pela furadeira e vai direto para uma saída especial que contém apenas a lavadora.

Ficha técnica
Corte
• Carregadora bilateral móvel Bottero 630 CBM
• Mesa de corte Bottero 340 BCS
• Mesa de destaque manual Bottero 100 BBM
Lapidação
• Lapidadora bilateral Benteler tecGrinder
Furação e lavagem
• Furadeira Benteler tecDriller
• Lavadora Benteler tecWasher

 

VIMINAS
Cidade: Serra (ES)
Quantidade de linhas: Cinco (três para vidros de engenharia e duas para vidros de boxe)
Fornecedor: Forvet (linhas de engenharia), Bottero (linhas de boxe), Keraglass e Triulzi (lavadoras)

Solução para acompanhar o mercado
As mudanças na relação entre empresas do setor vidreiro e seus clientes levaram a Viminas a optar por uma solução tecnológica. “Nos últimos tempos, a demanda por peças maiores vem aumentando consideravelmente. Além disso, existe a exigência de entrega mais rápida e eficaz”, argumenta o gerente-industrial Luiz Cláudio Rezende, mais conhecido no setor como Juca. Os dois fornecedores das linhas, as italianas Forvet e Bottero, possuem escritórios no Brasil — o que, segundo a processadora, facilita o contato para resolver questões pertinentes como manutenção e reparo.

Antes e depois
“Atualmente, a Viminas consegue pré-processar, em média, 0,8 m² por minuto nas linhas de engenharia. Nas linhas de boxe, faz uma peça (porta ou parte fixa) por minuto”, afirma o gerente-industrial Antônio Carlos Ferreira. Ele recorda que na época dos equipamentos manuais, uma única peça levava em torno de dez minutos para ficar pronta para a têmpera. “Ganha-se em precisão. Outro fator relevante a ser levado em conta é o menor risco para os funcionários, já que, com a automação, demanda-se menos esforço físico”, explica.

Manutenção
A processadora trabalha apenas durante o dia (em dois turnos) — o período noturno é usado para manutenção preventiva realizada por uma equipe própria. Os fornecedores têm contato instantâneo com as máquinas por meio de acesso remoto. Visitas periódicas dos técnicos dessas empresas também são feitas.

Como funciona a linha de engenharia
As três linhas de engenharia possuem leiautes iguais, no formato de reta. O vidro é levado até o início delas por pontes rolantes manuseadas por operadores.
1 — No início, está a seção de corte para vidros tamanho jumbo, com equipamentos da Bottero: carregadora, mesa de corte e mesa de destaque manual;
2 — A chapa chega à lapidadora Chiara MTP8, que trabalha os quatro lados simultaneamente;
3 — Em seguida, a peça segue para a furadeira, com 32 ferramentas montadas em quatro cabeçotes;
4 — O ciclo se fecha com a lavagem e secagem.
Detalhe importante: se o vidro não tiver furos, não para na furadeira: vai direto para a lavadora.

Ficha técnica
Corte
• Carregadora bilateral móvel Bottero 630 CBM
• Mesa de corte Bottero 340 BCS
• Mesa de destaque manual Bottero 101 BBM
Lapidação
• Lapidadora Forvet Chiara MTP8
Furação e lavagem
• Furadeiras Forvet Francesca FC 32M 3300
• Lavadora horizontal Triulzi SYA 1610

Empresa investe em novas máquinas para lapidação
A Viminas instalou, em junho do ano passado, uma linha automatizada de lapidação Turnover, modelo da Schiatti Angelo, que substitui o antigo processo manual. Segundo a empresa, os colaboradores não precisam mais alimentar a máquina com as peças de vidro — e nem mesmo retirá-las na seção de saída. O objetivo era aumentar a velocidade da lapidação dos vidros que não passam pela linha automática.

 

Fale com eles!
Benteler — www.benteler.com
Bottero — www.bottero.com
Divinal Vidros — www.divinalvidros.com.br
Forel — www.forelspa.com
Forvet — www.forvet.it
Glaston — br.glaston.net
Keraglass — www.keraglass.com
Schiatti Angelo — www.schiattiangelosrl.com
Triulzi — www.triulzi.com
TTR Vidros — www.ttrvidros.com.br
Viminas — viminas.com.br



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