Vidroplano
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Espelhos trazem novas tendências

21/09/2020 - 13h57

Um dos primeiros produtos do nosso setor que vêm à mente quando pensamos em segmentos como arquitetura e design de interiores é o espelho. Sua versatilidade permite desde o uso convencional, em banheiros e penteadeiras, até aplicações amplas e criativas.

Mas, como ocorre com qualquer material, os espelhos também estão sujeitos às novas tendências e necessidades que surgem no mercado, assim como à evolução pela qual o próprio produto precisa passar para atendê-las. Veja a opinião de especificadores e fabricantes sobre o material no Brasil.

Impacto no consumo
A edição 2020 do Panorama Abravidro, único estudo econômico e produtivo sobre a cadeia vidreira nacional, trouxe um dado desanimador em relação aos espelhos: seu consumo no País, no ano passado, registrou queda de 10,8% em relação a 2018, o que equivale a quase 2 milhões de m² a menos.

Esse índice negativo pode ter menos a ver com os espelhos em si e mais com nossa situação econômica. “O ano de 2019 foi muito sacrificado em função da crise, com menos trabalhos e especificações mais simples”, opina o arquiteto Ricardo Melo. A análise dele é compartilhada por Viviane Sequetin, gerente de Marketing da Guardian. “Assim como em outros bens de consumo, a demanda por espelhos depende muito do movimento da construção e das reformas. Com esses segmentos padecendo com o cenário econômico, é normal que alguns produtos, em especial os de maior valor agregado, sofram em momentos em que o consumidor perde poder de compra.”

Seja qual for a causa para essa queda, o setor tem o desafio de aumentar seu uso. Para Viviane Moscoso, gerente de Produto da Vivix, a solução para o problema passa pela qualificação da cadeia vidreira, especialmente com um trabalho mais focado no agente que atende o consumidor final. “O maior conhecimento de cada produto permitirá a ampliação das possibilidades de uso e aplicações dos espelhos na decoração de interiores”, considera.

Matheus Oliveira, do setor de Marketing da AGC, acredita no trabalho de divulgação e promoção para melhorar a demanda. “Devemos ressaltar que, como usina, temos o dever de fomentar ações para promover a categoria e o acesso ao conhecimento do produto por parte de processadores, vidraceiros, arquitetos e decoradores que atuam diretamente no consumidor final”, explica. Para ele, o investimento em campanhas de marketing com foco em informações, tanto destacando os benefícios da aplicação do produto como desmitificando alguns aspectos relacionados ao custo, durabilidade e manutenção, também são fundamentais.

Além do reflexo
Embora os espelhos na cor prata sejam os mais conhecidos, a procura por novas cores vem crescendo – e não só por especificadores, mas pelos próprios usuários finais. “Os prateados já estão ficando um pouco de lado. Hoje, os clientes têm pedido muito os de cor bronze e cinza — e os profissionais também os especificam bastante nos seus projetos”, observa a arquiteta Cristiane Schiavoni.

A designer de interiores Patrícia Pasquini é uma dessas adeptas. “Eu uso bastante espelhos bronze e adoro o aspecto visual deles, pois criam um clima mais aconchegante e ficam discretos no ambiente, sem prejudicar a luminosidade”, comenta.

Espaço Casa Conceito, projetado pelo arquiteto Flávio Moura: uso de espelho Cebrace cinza acentua visual do ambiente

Espaço Casa Conceito, projetado pelo arquiteto Flávio Moura: uso de espelho Cebrace cinza acentua visual do ambiente

 

Vale destacar que todas as usinas de base no Brasil já contam com mais de uma opção de cor para seus produtos. Conheça algumas delas no quadro abaixo:

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Tecnologia de ponta
Outra evolução desse mercado é a inclusão de funções adicionais ao item. “Estive na feira de Milão em 2019 e vi muitos espelhos com efeito jateado e iluminação traseira de LED” conta Patrícia. “Isso chamou muito minha atenção, pois vi uma nova tendência chegando.”

Esse é o caso da linha Olimpo, da Astra, cujos espelhos contêm LEDs e sistema de desembaçamento embutidos, com acionamento touch (ou seja, pelo toque na própria superfície). “Os produtos possuem diferentes tipos de iluminação, podendo ser frontal, lateral ou traseira”, explica Joaquim Coelho, diretor-comercial da empresa, informando ainda que esses modelos têm uma estrutura que afasta o espelho da parede, para que os equipamentos elétricos possam ser alojados.

Essas inovações são interessantes para o setor, mas é preciso que mais pessoas saibam de sua existência. “Para mim, fica a sensação de que falta mais divulgação técnica; por isso, os profissionais da arquitetura e da construção civil, por desconhecimento, especificam pouco”, avalia Cristiane Schiavoni. “A iluminação de LED é mais usada, mas o sistema de desembaçamento não é tão simples de encontrar.”

Em constante evolução
As tendências citadas podem ser as mais evidentes aos olhos, mas existem outros tipos de avanço do espelho. O próprio processo de fabricação dele passa Guardianpor melhorias frequentes, as quais podem ser vistas na qualidade do produto final.

“Houve crescimento tecnológico ao longo dos anos e, certamente, a fabricação dos espelhos também se aprimorou”, afirma Rafael Matoshima, coordenador do Mercado de Interiores da Cebrace. Ele acrescenta que, também no beneficiamento das peças, já existe maior entendimento e preocupação nos processos produtivos devido aos cuidados que devem ser tomados com os espelhos até chegar ao consumidor final.

“Nossa linha de fabricação de espelhos em Guaratinguetá [interior de São Paulo] recebeu a instalação de um scanner que monitora a aplicação da camada de prata, rejeitando qualquer imperfeição na aplicação e garantindo a reflexão perfeita”, comenta Matheus Oliveira, da AGC. A empresa também desenvolveu outro sistema de monitoramento, dessa vez para a viscosidade da tinta utilizada na pintura do fundo do espelho, para maior controle e uniformidade da camada protetora.

Viviane, da Guardian, destaca o Guardian Evolution como uma inovação nesse segmento. “Investimos para desenvolver uma fórmula inovadora para a camada de proteção da prata, com um nível de resistência e durabilidade superior, tanto em relação a riscos como à oxidação.” Entre os benefícios desse avanço, Viviane cita a maior facilidade no manuseio das peças por beneficiadores e vidraceiros e, por isso, a qualidade mais alta do produto oferecido para o consumidor.

Viviane Moscoso aponta que a Vivix investe frequentemente em tecnologias na linha de produção para aumentar ainda mais a durabilidade em relação à resistência da tinta e corrosão de bordo. “Essas melhorias são comprovadas por meio dos nossos rigorosos testes laboratoriais realizados diariamente, sempre na busca contínua por evolução e satisfação dos clientes e do mercado”, afirma.

Aliando transparência e refletividade: projeto da arquiteta Cristiane Schiavoni tem espelhos aplicados em uma divisória de vidro sobre penteadeiras, combinando os atrativos de ambos os materiais

Aliando transparência e refletividade: projeto da arquiteta Cristiane Schiavoni tem espelhos aplicados em uma divisória de vidro sobre penteadeiras, combinando os atrativos de ambos os materiais

 

Oportunidades no pós-pandemia
A pandemia do coronavírus mudou toda a forma de pensar o planejamento na arquitetura e na construção civil – e nosso setor pode se beneficiar disso. “As pessoas estão dando mais valor ao morar e ao cuidar de sua casa. Já tive novas solicitações de projetos considerando o sistema de home office como algo permanente”, aponta Patrícia Pasquini.

De fato, mesmo quando a Covid-19 for superada, as tendências trazidas nesse período não devem ir embora, como a atenção maior para o segmento residencial. E isso pode ser benéfico para o consumo de espelhos. “Acredito que haverá um aumento por conta da demanda, por ser um material que proporciona uma obra limpa, que não precisa entrar com quebra de paredes ou argamassa”, considera Cristiane Schiavoni.

“Cada vez mais o espelho tem saído das aplicações convencionais e tomado espaço como peça decorativa”, observa Rafael Matoshima, da Cebrace. “Vemos uma tendência muito forte de seu uso combinado a outros elementos, como a madeira e o metal, seja em ripas na parede ou complementando móveis.” Segundo Matoshima, a Cebrace acredita que cada vez mais o espelho preencherá os ambientes, garantindo a sensação de mais luminosidade e amplitude, não importa onde for aplicado.

Essa opinião é compartilhada por Ricardo Melo: para ele, como o espelho é um material atemporal, com infinitos recursos, certamente terá seu lugar no pós-pandemia – cabe à cadeia vidreira encontrar e explorar essas oportunidades. “O mercado do produto está se expandindo cada vez mais. Ele se tornou item decorativo, e essa é a abordagem essencial para quem quer se destacar no segmento”, avalia Joaquim Coelho, da Astra.

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Cuidados para preservar a qualidade dos espelhos
– Nunca compre espelhos com riscos na tinta protetora do verso do produto: é ela que protege a camada responsável pelo reflexo das imagens contra a oxidação;

– Para evitar distorção da imagem, além da qualidade do produto, deve ser analisada a espessura do espelho, a qual varia de acordo com seu tamanho: quanto maior, maior a espessura recomendada;

– Em caso de fixação química, o adesivo deve ser aplicado em filetes na vertical, de modo a permitir o fluxo de ar e evitar o acúmulo de umidade no verso da peça;

– Entre o espelho e a base em que será fixado, é necessário haver um vão livre de, pelo menos, 3 mm, para circulação de ar;

– A limpeza deve ser feita primeiro com a remoção da poeira na superfície, com espanador ou pano limpo e macio, seguida pelo uso de um pano limpo e macio embebido em água morna ou álcool. A secagem da face e bordas deve ser feita com um pano seco;

– Ao limpar a parede em que o espelho estiver instalado, nunca jogue água ou produtos de limpeza que possam escorrer por trás do produto;

– No caso de espelhos com funções elétricas (como iluminação, som ou desembaçamento), é importante verificar se o espaço em que ele será instalado conta com um ponto de energia elétrica para a instalação no momento da ligação, com a voltagem indicada pela fabricante do sistema.

Mais orientações podem ser encontradas na norma NBR 15198 — Espelhos de prata – Beneficiamento e instalação.

Este texto foi originalmente publicado na edição 573 (setembro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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