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Esquadrias acústicas levam conforto ao cliente

22/11/2021 - 10h36

Em junho deste ano, O Vidroplano publicou uma reportagem sobre a importância do conforto acústico nos ambientes e o papel que o vidro pode desempenhar para alcançá-lo. Esse é um segmento que pode ser bastante interessante para sua vidraçaria explorar – para isso, é necessário conhecer o desempenho dos produtos e os cuidados necessários para sua instalação. A seguir, conheça mais sobre o cenário das esquadrias acústicas no Brasil e algumas soluções disponíveis no mercado.

Conforto na pandemia
A preocupação com o isolamento acústico aumentou nos últimos anos – e a Covid-19 foi um fator relevante para isso. “A pandemia colocou à prova a eficiência das edificações”, afirma Lucínio Abrantes, vice-presidente de Relações Institucionais da Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio (Afeal). “A necessidade de isolamento social por um longo período obrigou as pessoas a conhecer na prática a importância do desempenho do conforto acústico, lumínico, térmico e ergométrico das obras.”

Essa percepção é compartilhada por Eduardo Rosa, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Sistemas, Perfis e Componentes para Esquadrias de PVC (Aspec PVC). “A busca pela melhoria das condições de trabalho em home office tem levado ao aumento na procura por esquadrias com desempenho acústico, tanto pelas construtoras como pelo consumidor final, para trabalhos de retrofit e também novas edificações”, destaca o dirigente.

As normas técnicas são outro fator que vem contribuindo para a maior procura por essas soluções. Uma das mais importantes nesse sentido é a ABNT NBR 15575 — Edificações habitacionais – Desempenho. “Após sua publicação, as construtoras começaram a exigir mais dados técnicos e relatórios de performance das esquadrias, incluindo o desempenho acústico dos sistemas. Além disso, os consumidores passaram a buscar informações detalhadas na hora da compra”, relata Leandro Gonçalves, gerente de Projetos da Divinal Vidros.

 

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Segundo a engenheira civil Fabíola Rago Beltrame, diretora do Instituto Beltrame da Qualidade, Pesquisa e Certificação (Ibelq), os laboratórios do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo, e do Instituto Tecnológico em Desempenho e Construção Civil (itt Performance), no Rio Grande do Sul, já estão certificados para realizar ensaios e avaliar aspectos como ruídos de impacto e desempenho do sistema em campo, enquanto outros pelo Brasil estão a caminho de se tornar aptos para a tarefa.

Para todos os públicos?
Segundo o engenheiro Robson Campos de Souza, gerente-técnico da Associação Brasileira das Indústrias de Portas e Janelas Padronizadas (Abraesp), o mercado de construtoras e incorporadoras (que correspondia a 30% do volume de esquadrias comercializadas antes da pandemia) tem pleno conhecimento e busca atender as exigências previstas pela ABNT NBR 15575. “Já no mercado de revenda, responsável pelos 70% restantes desse volume, o total desconhecimento dessa necessidade por parte do comprador inviabiliza que o lojista recomende o melhor produto, ficando o fator preço como o ponto decisório pela escolha”, lamenta Souza.

“A questão do custo talvez ainda seja o fator que impede o uso de esquadrias acústicas em mais obras populares”, explica Lucínio Abrantes, da Afeal. “Devido ao aumento na procura por esse tipo de esquadria, os fabricantes em geral estão se adequando para atender a demanda, mas são produtos com preços diferenciados.”

Edison Claro de Moraes, diretor-proprietário da Atenua Som e vice-presidente de Relações com o Mercado da ProAcústica, aponta outra dificuldade para a adoção da solução em obras populares: “Acredito que a maior barreira para o uso de soluções acústicas em imóveis de menor custo seja o desconhecimento dos produtos e também dos malefícios da poluição sonora e seus efeitos no corpo humano”.

Moraes destaca que existem soluções disponíveis a preços mais acessíveis (veja algumas delas no item “Soluções acessíveis no mercado”), sendo importante que as empresas responsáveis por obras populares atentem nisso – afinal, ressalta, os problemas causados pela passagem de ruído para dentro do ambiente também atingem os moradores desses espaços.

 

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Etiqueta acústica: avanços e desafios
Uma ferramenta importante para ajudar a identificar se o sistema de vedação atingirá os níveis de desempenho exigidos na ABNT NBR 15575 é a etiqueta acústica, instituída em 2017 por meio de outra norma, a ABNT NBR 10821-4 — Esquadrias para edificações – Requisitos adicionais de desempenho. “Desde então, o desempenho acústico é um item obrigatório que deve ser avaliado e informado pelo fabricante de esquadria ao construtor e ao usuário”, frisa Fabíola Rago. “Alguns fabricantes saíram na frente, submeteram seus produtos a essa avaliação e hoje apresentam a certificação deles no âmbito do Inmetro e do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade (SBAC).”

A diretora do Ibelq lamenta que ainda são poucos os fabricantes que submeteram suas esquadrias, portas e janelas ao teste de desempenho acústico. Segundo ela, um dos motivos para isso é a ainda baixa cobrança por parte dos usuários.

Vale destacar que associações como a Aspec PVC e a Afeal mantêm programas setoriais referentes a seus respectivos materiais vinculados ao Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H). “No caso das esquadrias de PVC, emitimos a cada trimestre um relatório com a lista das empresas participantes, com os índices de desempenho dos perfis avaliados”, revela Eduardo Rosa, da Aspec PVC.

Já o Programa de Qualidade das Esquadrias Certificadas da Abraesp (Qualiesc) identifica em seu site os fabricantes com esquadrias detentoras de Certificado de Conformidade emitido por um Organismo de Certificação de Produto (OCP), acreditado pelo Inmetro. “Esse programa tem abrangência nacional e permite, entre outros resultados, que as esquadrias que estejam em conformidade com a ABNT NBR 10821 em relação ao desempenho acústico sejam reconhecidas e identificadas pelos consumidores e usuários, independentemente dos locais de produção e comercialização”, informa Robson Souza.

Soluções acessíveis no mercado
Os sistemas mostrados abaixo não trabalham com um único tipo ou espessura de vidro: a especificação varia de acordo com a intensidade e o tipo do ruído a ser isolado. Por exemplo, laminados costumam ser melhores contra ruídos de baixas frequências, enquanto insulados têm desempenho superior para bloquear ruídos de altas frequências.

 

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LINHA SLIM
Fabricante: Atenua Som
Material: alumínio
Diferenciais:
– Custo mais baixo em relação a outras esquadrias acústicas no mercado;
– Disponível também como modelo de sobrepor para janelas de correr;
– Ótimo desempenho acústico, principalmente para ruídos de alta frequência (trânsito, buzinas, música alta);
– Treinamento de venda e instalação oferecido pela Atenua Som para o trabalho com o produto.

LINHA SMART PLUS
Fabricante: Espaço Smart
Material: PVC
Diferenciais:
– Custo mais acessível, com atenuação acústica de até 35 dB;
– Feita com o sistema de perfis e reforços de aço produzidos pela Kömmerling, com opções nas cores branca, preta e amadeirada;
– Perfis um pouco menos robustos que os usuais de PVC, proporcionando maior entrada de luz e menor interferência estética nos projetos;
– Possibilidade de uso com vidros insulados e de esquadrias deslizantes com até 2,5 m de altura.

ESQUADRIAS ACÚSTICAS
Fabricante: Silence Acústica
Material: alumínio
Diferenciais:
– Possibilidade de contato direto junto à fabricante para a elaboração do sistema dentro da margem de custo e da necessidade de isolamento acústico do cliente;
– Fornecidas completas e com os insumos a serem usados na instalação, como silicone e parafusos.

 

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Qual o melhor material?
“Existe uma polêmica muito grande nesse mercado a respeito de qual é o melhor material em desempenho acústico: o PVC, o alumínio, o aço ou a madeira?”, relata Edison Moraes, da Atenua Som. De fato, esse assunto foi bastante debatido durante o evento “Conversa Franca VidroSom”, realizado em setembro.

Eduardo Rosa destaca que as esquadrias de PVC em geral possuem baixa transmissão acústica e também térmica. “A percepção desse desempenho tem levado ao aumento do interesse de especificadores e consumidores por esses produtos”, afirma. Moraes observa que o PVC também leva vantagem em relação às vedações.

Por outro lado, Abrantes, da Afeal, aponta que o processo de extrusão do alumínio permite a execução de detalhes nos perfis que contribuem para a estanquidade acústica e em relação ao ar e à água. “O material também oferece alta durabilidade, dispensando a necessidade de reparos periódicos para evitar corrosão ou deterioração, além de possuir diversas opções de cores e texturas”, acrescenta.

Moraes explica que o peso de materiais como o alumínio ou o aço contribui para o isolamento de ruídos devido à chamada “Lei da Massa”: segundo essa lei, quanto mais grosso o material, menor será sua vibração quando receber um som em sua superfície e, dessa forma, menor a chance de transmitir esse som. No caso da madeira, como há diversos tipos dela usados em esquadrias, sua densidade e seu desempenho acústico podem variar bastante.

Então, qual é a opção ideal? Segundo o diretor-proprietário da Atenua Som, essa não é a pergunta que deve ser feita. “Como os aspectos construtivos são predominantes para que tenhamos um bom desempenho, o mais importante é a qualidade do fabricante, não o material do perfil a ser usado”, explica.

E mais: todos os materiais que compõem o sistema precisam ter uma boa performance acústica – principalmente os vidros, os quais devem ser, de preferência, insulados e/ou laminados. Fernando Andreatta, gerente de Produtos da Espaço Smart, acrescenta: “A esquadria está sempre inserida em um contexto, por isso, em primeiro lugar, deve ser feita uma análise crítica do ambiente em que a peça será instalada”.

Preservando a qualidade do produto
Para sua vidraçaria trabalhar com esquadrias acústicas, é importante ter em mente que não basta adquirir um produto com alto desempenho – é preciso cuidar bem dele:

Antes do uso: Segundo Thomas Massami, gerente-comercial da Silence Acústica, o produto deve estar bem embalado até o momento de sua instalação, para não comprometer o acabamento ou causar o surgimento de frestas ou folgas no sistema;

No transporte: recomenda-se que as esquadrias sejam acondicionadas na carroceria do veículo de forma que garanta sua estabilidade durante o traslado;

Na instalação: Andreatta, da Espaço Smart, alerta que o vidraceiro precisa garantir que todas as juntas entre a esquadria e o vão em que ela for aplicada sejam completamente seladas, eliminando completamente qualquer fresta por onde o ruído externo pode passar.

Este texto foi originalmente publicado na edição 587 (novembro de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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