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Fórum Fachada Glazing discute envidraçamento em fachadas

22/04/2021 - 12h14

O portal Canal do Serralheiro realizou, de 22 a 26 de março, o Fachada Glazing – Fórum de Tecnologias e Produção de Fachadas. O objetivo da iniciativa, que teve a Abravidro entre seus apoiadores, foi oferecer conteúdo técnico aos profissionais das indústrias de esquadrias, assim como a arquitetos e engenheiros.

Ao abrir o fórum, no dia 22, o professor Alexandre Araújo, fundador do portal, enfatizou que a busca pela inovação deve ser constante – e aquele que ficar estagnado está fadado ao fracasso. Confira a seguir o resumo das principais palestras do evento.

Evolução nos sistemas e projetos
Antônio B. Cardoso, sócio da AC&D Consultoria em Alumínio e Participações, falou sobre fachadas-cortina unitizadas. A chegada desse sistema ao País, nos anos 2000, foi um marco para a construção civil nacional: entre as diversas vantagens que ele traz, Cardoso listou: possibilidade de se acompanhar a produção dos módulos, o que garante maior controle em relação ao desempenho da estrutura; maior velocidade na entrega da obra; mais facilidade na vedação e na identificação de pontos de falhas; e maior segurança para o profissional na obra, uma vez que toda a operação com o sistema é feita do lado interno e no apoio da laje.

A evolução das fachadas também foi abordada pelo engenheiro Arimatéia Nonatto, gerente de Engenharia & Produtos da Engen-Up. Nonatto abordou o conceito de sistemas inteligentes, incluindo o vidro, aplicados na arquitetura para a melhoria da qualidade de vida, apontando novos conceitos ecológicos, entre eles a arquitetura biomimética – que busca soluções sustentáveis na natureza, tentando compreender as normas que a regem – e a arquiborescência, cujo propósito central é transformar a cidade em um grande ecossistema natural. Foram apresentados ainda projetos e obras de diversas partes do mundo nas quais esses conceitos já vêm sendo aplicados.

Controle solar
Fernando Westphal, professor e pesquisador do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), comentou sobre o uso de vidros de controle solar e as atuais tendências do produto para empreendimentos residenciais e comerciais. Para ele, que também é engenheiro, os ambientes de trabalho valorizam aberturas cada vez maiores, integrando os escritórios com o exterior da edificação. Da mesma forma, em residências, preza-se a entrada de luz natural, essencial para a higiene e saúde dos moradores.

Porém, para que isso tudo seja possível, é importante levar em conta a necessidade de redução nos ganhos de calor em edificações. Nesse sentido, Westphal explicou o processo de fabricação dos vidros de controle solar: um revestimento metálico, aplicado em uma das faces da peça, funciona como um filtro para a radiação solar. Pela diversidade de revestimentos e funções existentes no mercado, é essencial que o especificador sempre avalie os níveis de fator solar (relacionado à quantidade de calor que atravessa o vidro) e transmissão luminosa (a porcentagem de luz que passa pelo vidro e chega ao interior do ambiente) de cada item a fim de verificar qual deles melhor atende as necessidades da obra – segundo o Manual Técnico do Vidro Plano para Edificações, da Abividro, existem 114 tipos do produto fabricados no Brasil. O palestrante falou ainda sobre a recente revisão do texto da norma NBR 15575 — Edificações habitacionais – Desempenho e mudanças que a nova versão traz, como a incorporação da classificação da esquadria (vidro + perfil) de acordo com as três zonas climáticas brasileiras identificadas na NBR 10821 — Esquadrias para edificações.

Duas palestras tiveram no conteúdo a aplicação dos vidros de controle solar na construção civil — a da arquiteta Betânia Danelon, gestora nacional da equipe de gerentes técnicos da Guardian, e a do engenheiro Nilson Viana, coordenador de Mercado da Cebrace. Em ambas as apresentações, apontou-se que, quanto mais refletivo o vidro, maior é o controle tanto na passagem de calor para dentro do ambiente quanto na entrada da iluminação natural — apesar disso, o mercado já conta com vidros de alto desempenho, que proporcionam conforto térmico mesmo com aspecto visual mais transparente, com baixa reflexão. Além disso, a cor do produto e sua composição (monolítico, laminado, insulado etc.) também interferem no desempenho. Betânia destacou as funções desempenhadas pelo vidro nas fachadas — vedação, estética e desempenho — e a importância de um bom trabalho multidisciplinar entre os diferentes profissionais envolvidos na obra desde o projeto até a instalação, a fim de que o glazing apresente o resultado esperado.

Novas tendências
Crescêncio Petrucci, engenheiro e sócio-fundador da Crescêncio Consultoria, revelou detalhes sobre o projeto do YachtHouse, complexo residencial do Balneário Camboriú (SC), cujo design foi desenvolvido pelo renomado estúdio Pininfarina, famoso por desenhar automóveis de marcas como Ferrari e BMW. A obra, o mais alto prédio residencial da América do Sul, conta com duas torres a serem inauguradas em breve — ambas têm insulados de controle solar em suas fachadas.

O engenheiro Igor Alvim, diretor técnico da QMD Consultoria, abordou a compatibilização de projetos de sistemas de fachadas, apontando a necessidade de que se conciliem as determinações presentes nas normas técnicas, o desejo da arquitetura e as expectativas e o orçamento do cliente. Alvim alertou que o projeto da edificação precisa ter um objetivo bem definido unindo desempenho, vida útil e estética visual. Por fim, comentou que é necessária atenção especial ao transporte das estruturas até o local da obra, assim como aos procedimentos para fixá-las, vedá-las e instalá-las, entre outros aspectos.

Cuidados na instalação
Paulo Gentile, engenheiro e coordenador das áreas de Desenvolvimento de Produto da Construção civil e Centro de Distribuição de Acessórios da Hydro, abordou diagnósticos, causas e prevenção de patologias em fachadas envidraçadas. Entre as principais causas de problemas em edificações, segundo Gentile, estão a instalação errada das ancoragens, com encaixes feitos de forma incorreta ou improvisada, e o travamento das presilhas para fixação. O engenheiro citou ainda como pontos negativos o uso de parafusos de metais diferentes dos especificados no projeto, o que pode levar à sua oxidação, e a usinagem malfeita dos perfis e elementos atrapalhando a vedação do sistema. No caso da vedação, o profissional enfatizou que ela precisa sempre ser vulcanizada nas emendas e o instalador deve estar atento se o silicone utilizado é neutro ou acético, pois há circunstâncias em que somente um tipo pode ser utilizado.

Ainda na área de silicones, Emir Debastiani, engenheiro de Aplicações da Dow, falou sobre a versão estrutural do produto, item responsável por fazer a ligação química entre as peças de vidro e a esquadria de alumínio — o material tem de suportar todas as cargas dinâmicas e deformações à qual a fachada estará submetida, como pressões de vento e variações térmicas. Debastiani alertou ainda que o selante de silicone estrutural deve ter uma série de características comprovadas e certificadas em laboratório, incluindo excelente resistência a raios ultravioleta e a intempéries. Além disso, não pode perder suas características com o passar dos anos. Por sua vez, Renato Barbieri e Fabrice Barriac, da GE Silicones, mencionaram que a substituição de vidro colado com silicone estrutural em fachadas deve sempre levar em conta as orientações da NBR 15737 — Perfis de alumínio e suas ligas com acabamento superficial – Colagem de vidros com selante estrutural.

Na palestra final do evento, Yuri Alvim, diretor de Planejamento da QMD Consultoria, explicou a metodologia do ensaio de estanqueidade à água, feito na obra, no início da instalação, para verificar o desempenho das fachadas. Tanto o ensaio em laboratório como o realizado na construção são essenciais para garantir a estanqueidade do sistema: enquanto o primeiro valida a solução escolhida, o segundo valida sua execução e permite antecipar problemas futuros antes da ocupação do edifício.

 

Outras palestras relevantes do Fachada Glazing

– Luiz Cláudio Rezende (Juca), da Viminas: Vidro para fachadas envidraçadas: como especificar seguindo as recomendações das normas técnicas da ABNT (veja mais sobre essa palestra clicando aqui)

– Gilberto da Silva Fernandes, da Hard: Especificação de sistemas de fixação química e mecânica aplicados em ancoragens de fachadas envidraçadas para melhor custo-benefício

– Hélio Donizetti, da Perfil Alumínio: Como ampliar a área social de uma edificação utilizando abertura de correr em fachadas contínuas de alumínio e vidro

– Luis Carlos Santos, do Grupo Basica (México): Projetos de fachadas envidraçadas em zonas sísmicas e de furacões: estudo de caso das obras Diagonal, na Cidade do México, e Susncapeem Cancún

– Marcos Lemes e Márcio Souza, do Esquadgroup: Diretrizes para utilizar software paramétrico para modelagem, levantamento de materiais e relatórios de produção de fachadas envidraçadas

– Roberto Almeida, da Adere: Aplicação da fita dupla-face em fachada glazing: como melhorar a produtividade de forma mais rápida, limpa e com excelente custo-benefício

Este texto foi originalmente publicado na edição 580 (abril de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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