Vidroplano
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Maraya Concert Hall destaca-se por fachadas espelhadas

26/10/2023 - 15h04

O deserto é reconhecido por ser um local envolto em mistério. Seu calor ardente é capaz de desorientar aqueles mal preparados para enfrentá-lo – e até mesmo criar ilusões visuais, confundindo ainda mais a mente das pessoas. Pois no Vale Ashar, região desértica em meio a montanhas de arenito na Arábia Saudita, uma construção ergue-se como miragem: o Maraya Concert Hall. A sala de concertos, um verdadeiro desafio arquitetônico e industrial com nosso material, brinca com os arredores, graças às fachadas espelhadas que a camuflam em meio à areia.

 

Andrea Bocelli performs at Maraya

Reflexos
Com design do escritório italiano Gioforma Architects Designers and Artists, o Maraya Concert Hall foi inaugurado em 2019, entrando para o Guiness World Records, o livro dos recordes, como “maior edifício espelhado já construído”. A obra ganhou ainda o prêmio Architizer A+ Awards, em 2020, na categoria Arquitetura e Vidro – tendo sido responsável também por aumentar o interesse de turistas pelo Sítio Arqueológico Al-Hijr, localizado perto dali e certificado como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Além de sala de concertos, o espaço abriga um centro de eventos artísticos e culturais, com estrutura moderna para quinhentos espectadores. Desde sua concepção inicial pela agência do governo saudita Royal Commission for Al Ula, tinha-se em mente o uso de espelhos (inclusive, a palavra árabe maraya significa, justamente, espelho): uma tentativa preliminar de solução espelhada fracassou, pois o exterior contava com folhas gigantes de metal, refletindo uma versão distorcida da região.

Abriu-se, assim, um concurso público para escolher o melhor conceito estético. Segundo o então gerente de Mega Projetos e Parcerias Estratégicas da Guardian, Nabil El Ahmar, as propostas eram variações de vidro prateado altamente refletivo. “O designer queria um espelho de verdade em meio a areia e montanhas, e um edifício mais visível seria uma intrusão ao meio ambiente”. A partir daí, a Guardian assumiu o projeto com a tarefa de desenvolver um material capaz de resistir a condições climáticas extremas.
Mystical Maraya

Prontos para o calor
A luz solar intensa poderia causar oxidação, distorção e descoloração das placas de espelhos convencionais. Por isso, foi criado um novo produto, o UltraMirror, que oferece maior durabilidade devido à presença de um revestimento protetor especial. Ao todo, 9.740 m² desse item foram instalados em todas as fachadas da construção.

A logística para o processamento do material também se tornou um desafio. Espelhos são normalmente produzidos em folhas padrão de float, enviadas a beneficiadores para o corte. Por conta das temperaturas extremas às quais as fachadas estariam expostas, o vidro precisava ser temperado antes de receber o revestimento especial – ou seja, não poderia ser cortado após essa etapa. A solução para o impasse: a Guardian mandava o float bruto para o processador, que cortava no tamanho necessário e despachava de volta para a usina aplicar a camada protetora.

Apesar de todo o trabalho extra, é impossível afirmar que não valeu a pena. Desaparecendo na paisagem para reaparecer depois, conforme o olhar do observador, o Maraya Concert Hall já está entre as clássicas obras feitas com nosso material.

 

Maraya mesmorises all who walk by

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Maraya changes with the weather

Ficha técnica

Projeto: Maraya Concert Hall
Local: Vale Ashar, na Arábia Saudita
Data da conclusão da obra: 2019
Arquitetura: Gioforma Architects Designers and Artists

Este texto foi originalmente publicado na edição 610 (outubro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Créditos das fotos: Divulgação RCU/Maraya Concert Hall



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