Vidroplano
Vidroplano

O que é ser ético?

16/12/2019 - 17h50

Quem é?
Luiz Felipe Pondé é filósofo, professor, colunista do jornal Folha de S. Paulo e autor de doze livros, incluindo Filosofia para corajosos, A era do ressentimento e Os 10 mandamentos (+um).

 

Ambientes que parecem incoerentes, sem imaginação ou empatia, acabam gerando falta de ética. O capitalismo vive de confiança e quem é empresário tem de ser otimista

 

Tópicos abordados
O que é: ética pode ser considerada um estudo do comportamento. É uma ciência na contingência: sofre a pressão do ambiente em que a pessoa se insere.

Exposição: com as redes sociais, criar uma narrativa (que nem sempre é verdadeira) sobre si mesmo virou protocolo. A produção de transparência e a falta de privacidade fazem parecer que a ética é algo vindo do exterior do indivíduo, criando-se a necessidade de mecanismos de vigilância. É contra isso que o debate sobre o tema deve existir.

Conceito grego: segundo Aristóteles, a ética está relacionada à virtude. Você só sabe se é honesto se tiver a chance de roubar, ninguém descobrir e mesmo assim não cometer o crime. A virtude cresce em ambiente hostil e quando tornada hábito. Além disso, não existe marketing em ética: é o outro que deve reconhecer a sua virtude.

Atos, ao invés de palavras: ética só existe na prática. Ela se relaciona com outras questões — como perdão, misericórdia, empatia — e se adapta aos valores da sociedade.

Conceito alemão: para o filósofo alemão Immanuel Kant, a ética está associada a regras: a pessoa deve se perguntar se seu modo de agir poderia ser transformado em norma de comportamento. Porém, esse pensamento vai contra a “cordialidade” do brasileiro. Por sermos emotivos, temos a tendência de pensar que certas leis podem ser burladas.

Este texto foi originalmente publicado na edição 564 (dezembro de 2019) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



Newsletter

Cadastre-se aqui para receber nossas newsletters