Vidroplano
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O que são marquises?

01/06/2021 - 11h59

O vidro é um material com inúmeras possibilidades de aplicação na arquitetura e na construção civil. Uma delas é a instalação em marquises, estruturas que talvez não sejam tão populares quando falamos sobre o vidro, mas que são de grande ajuda quando buscamos nos proteger de uma chuva repentina ou outras intempéries – e ainda podem agregar muito valor e beleza às edificações.

A seguir, saiba mais sobre o que caracteriza uma marquise, os tipos de vidro que podem ser utilizados em sua construção e os cuidados no trabalho com elas. Confira ainda alguns exemplos bastante marcantes dessas estruturas.

O que é uma marquise?
“Marquise é uma palavra de origem francesa, cuja definição é ‘saliência em uma edificação para proteção da chuva e do Sol’”, explica José Guilherme Aceto, diretor da Avec Design. Dessa forma, pode-se dizer que a marquise é um tipo de cobertura, mas com características específicas. “Esse termo arquitetônico define a cobertura em balanço, lateralmente aberta, para proteger da chuva em situações diversas, sendo principalmente utilizada sobre portas de acesso”, explica Willmerson Martiniano, diretor-comercial da WR Glass. Elas geralmente são instaladas anexas a uma edificação (isto é, do lado dela), e não sobre ela.

As marquises podem ser feitas de outros materiais. Porém, o vidro é uma opção bastante vantajosa. “Ele traz uma série de benefícios, incluindo transparência e passagem da luz natural, bem como facilidade de limpeza e um aspecto visual mais moderno”, avalia Caio Andrade, diretor-executivo da Rollit. Aceto destaca também a leveza que nosso produto proporciona, permitindo que as marquises tenham pouca interferência estética em relação às fachadas e coberturas da edificação.

 

Marquise de vidro na fábrica de vidro
A unidade da Cebrace em Barra Velha (SC) conta com uma grande marquise envidraçada em sua entrada, também chamada de lençol de vidro. A obra, realizada por Angelo Arruda, da Vidrosistemas, em sua passagem como engenheiro responsável pela Pilkington Brasil, utilizou temperados laminados (16 mm) com ferragens spiders e 100% de cabos de aço tensionados. Para sua construção, foi desenvolvido um projeto estrutural envolvendo toda a carga de peso e pressão de vento da região e como esta atua através do vidro nas tensões dos cabos e estrutura metálica. “Como uma das preocupações era que, no dimensionamento, a carga de vento gera uma força capaz até de levantar todo o painel, foram criados vetores de esforços de tração vertical em sentidos opostos para assegurar o travamento de cada um deles”, conta Arruda.

 

Que vidro usar?
A norma NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações determina que apenas laminados ou aramados (ou insulados nos quais a peça voltada para o interior seja laminada ou aramada) podem ser usados em marquises.

 

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Angelo Arruda, diretor da Vidrosistemas, acrescenta: “Os laminados podem ainda ser compostos de temperados, de controle solar etc.”. Existe uma solução para tudo que a imaginação do arquiteto sugerir: “Em caso de marquises com finalidade decorativa, o laminado pode levar peças com impressão digital de imagens, por exemplo”, observa Arruda.

Aceto, da Avec Design, lista alguns pontos que devem sempre ser levados em conta na hora de especificar:

– Correto dimensionamento do vidro, com o cálculo da espessura necessária considerando sempre a menor dimensão (largura ou altura) da peça;

– Inclinação mínima para escoamento da água e o peso da própria peça, pois trata-se de uma carga permanente à qual o sistema estará submetido. Muitas vezes, uma espessura de vidro atende as exigências do esforço de vento em uma fachada, mas não a de um painel na posição horizontal de uma marquise ou cobertura;

– Sistema de instalação pensado para admitir os movimentos de dilatação térmica linear dos diferentes materiais utilizados, para evitar quebras e garantir estanquidade na vedação entre vidros;

– Limpeza, temperatura e umidade no momento da aplicação da vedação no sistema;

– Definição do nível de passagem de luz desejada (transmissão luminosa) e de seu índice de proteção contra a passagem de calor (fator solar).

 

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Uma visão fascinante – e não só pelo tamanho
Uma das marquises de vidro mais impressionantes do País foi erguida no ano passado para a entrada do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Ao todo, a obra – idealizada pelo escritório Zanettini Arquitetura e construída pela Racional Engenharia, com a estrutura metálica principal de aço carbono fornecida pela Brafer Construções Metálicas – leva 650 m² de envidraçamento, formado por 300 peças de laminados verdes (12 mm), triangulares e com medidas especiais, processados pela GlassecViracon. A face externa dos vidros leva ainda uma camada de polímero que potencializa o tempo de limpeza deles.

Os painéis foram aplicados no sistema de encapsulamento de silicone da Avec Design. Foram utilizados selantes estruturais e acessórios inoxidáveis entre eles para a fixação mecânica sobre uma estrutura metálica secundária leve, também fornecida pela Avec Design. Essa estrutura, formada por perfis especiais de alumínio dobrados, tem a função de conformar e dar plano para a aplicação dos painéis de vidro. Ao todo, são 450 segmentos de perfil dobrado, com comprimentos e ângulos diferentes, específicos e independentes, necessários para a modelagem da cobertura. Em todo o perímetro da marquise, foram instalados rufos em placas de alumínio com pintura eletrostática.

Todo o processo de detalhamento foi elaborado por computador, com cálculos realizados pela SBP Schlaich Bergermann Partner, a fim de garantir a precisão e qualidade de medidas.

 

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Ferragens: como escolher?
Segundo Martiniano, da WR Glass, não há um material específico ou modelo preestabelecido de ferragens para instalação de marquises de vidro. “O que se deve levar em consideração são as normas vigentes, como a NBR 7199 e também a NBR 14697— Vidro laminado.”

Algumas empresas no Brasil contam com soluções especificamente para esse tipo de aplicação. A WR Glass, por exemplo, tem o Kit Marquise WR, sistema composto por perfil de alumínio extrudado de alta performance para montagem de marquises horizontais rígidas e sem tirantes (cabos de aço), para uso com temperados laminados e com possibilidade de fixação por meio de parabolts mecânicos ou chumbadores químicos.

Por sua vez, Caio Andrade, da Rollit, afirma que, além de oferecer produtos padronizados, a empresa também é especialista em atendimento personalizado. “Sempre realizamos projetos das peças para que elas sejam adequadas à dificuldade e exclusividade de cada obra”, diz ele. Os componentes são todos de aço inox 304 e 316 e desenvolvidos com mantas e borrachas de proteção total para evitar o contato direto do vidro com o metal.

 

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Passagem protegida e transparente
A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), na capital paulista, conta, desde 2011, com uma grande marquise envidraçada que se estende da porta de acesso do prédio até o final da rampa externa. A obra, da Avec Design, leva vidros temperados laminados com SentryGlas, combinando peças planas e curvas de 12 (6+6) e de 24 (8+8+8) mm nas vigas e colunas, além de cabos tensionados de aço inox trazidos da Suíça. A empresa foi responsável desde a concepção e cálculo estrutural até o projeto, fabricação e montagem do sistema.

 

Cuidados na instalação
Ao contrário das aplicações mais conhecidas envolvendo o vidro, as marquises envolvem o uso do vidro na horizontal – e esse é um ponto que não pode ser ignorado: “Nessa posição, o material exige cuidados maiores com o cálculo de dimensionamento de espessura e com seu manuseio”, alerta Arruda, da Vidrosistemas, ressaltando também que, por se tratar de uma instalação feita geralmente em alturas superiores a 2 m em relação ao solo, a Norma Regulamentadora Nº 35 — Trabalho em altura (NR-35) estabelece que apenas profissionais habilitados podem realizá-la.

Caio Andrade lista as principais dicas para o trabalho com marquises de vidro:

– Toda e qualquer instalação deve sempre iniciar com um estudo minucioso de posição dos vidros, além da verificação de como fazer a locomoção deles na obra;

– Os instaladores devem sempre utilizar materiais e ferramentas de qualidade, bem como equipamentos de proteção individual (EPIs);

– Antes de iniciar qualquer furação ou chumbamento, é essencial fazer a marcação com as medidas exatas do projeto;

– Recomenda-se limpar o local após as etapas de furação, corte ou chumbamento das ferragens — isso mantém a qualidade da peça e garante a não contaminação do material;

– Na instalação do sistema, deve-se sempre observar a posição correta com relação ao alinhamento e nível, bem como as características das estruturas sobre as quais ele será fixado (piso, lajes, paredes, ferros, mezaninos, degraus ou colunas) – essa verificação permite avaliar o tipo correto de chumbamento a fim de garantir a segurança da obra.

 

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Marquises precisam de manutenção periódica?
Segundo Andrade, da Rollit, se todos os cuidados forem tomados durante a instalação, a necessidade desse serviço é quase nula. Contudo, há uma observação que ele considera importante: “A limpeza das marquises deve ser feita somente com água limpa e sabão neutro, retirando-se totalmente o sabão após o processo e secando todas as peças; isso é primordial para não causar danos ao vidro ou às ferragens”.

Este texto foi originalmente publicado na edição 581 (maio de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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