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Perspectivas da indústria e construção civil para 2020

27/01/2020 - 12h29

Nos últimos dois anos, em 2018 e 2019, o País começou otimista em relação à recuperação econômica.

A ideia era deixar para trás de vez a recessão que atingiu diversos setores, incluindo a construção civil, à qual nosso mercado é intimamente ligado. Porém, o que era expectativa logo se transformava em decepção. Vejamos:

  • Em 2018, o Relatório Focus, documento publicado toda segunda-feira pelo Banco Central, que mostra as projeções econômicas brasileiras, apontava crescimento no Produto Interno Bruto (PIB) de 2,7%. No entanto, o ano fechou em alta de apenas 1,3% (em parte graças à greve dos caminhoneiros no primeiro semestre e às incertezas das eleições);
  • Ano passado, a aposta era de crescimento de 2,55%, mas até o terceiro trimestre a média esteve em somente 1%. Quando o IBGE divulgar o número final em fevereiro, a expectativa é que não passa de 1,2%.

Por isso mesmo, a grande pergunta para 2020 é: chegou a hora da retomada?

 

Novo cenário

Para 2020, os números também são positivos:

  • O Relatório Focus de 20 de janeiro indica crescimento de 2,31% no PIB;
  • O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) acredita que o PIB aumente 2,3%.

 

Para esse órgão, o crescimento se dará por meio da ocupação da capacidade ociosa dos diferentes setores. No entanto, será preciso melhorar a produtividade das empresas para o bom momento se estender.

Mas por que devemos acreditar que desta vez será diferente? De acordo com o Boletim Marco de dezembro, feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), um dos fatores que contribuíram para essa maior confiança foi a melhora nas condições financeiras. Afinal, hoje, há menor incerteza política: reformas estão sendo tratadas com maior rapidez pelo Congresso, e a principal delas, a da Previdência, considerada fundamental para diminuir os gastos públicos, já foi aprovada. Outros fatores importantes: a Selic, taxa básica de juros do BC, está em 4,5% ao ano, seu menor nível da história, e o consumo das famílias vem aumentando. Isso tudo dá maior fôlego ao comércio e, consequentemente, à indústria. “Na seção sobre atividade econômica, avalia-se que os dados divulgados ao longo do segundo semestre revelaram importante aceleração e surpreenderam positivamente a maioria dos analistas”, diz o FGV/Ibre.

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A situação da indústria
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o início de 2020 será importante para a economia atingir bons números. “É fundamental iniciar o primeiro trimestre no terreno positivo, em especial após tanto tempo andando para trás ou marcando passo”, escreve o presidente da entidade, Robson Braga de Andrade, em artigo para o jornal O Globo, publicado em 2 de janeiro. Segundo estimativa da CNI, os investimentos da indústria brasileira devem ter alta de 6,5%, fazendo com que o crescimento desse setor chegue a 2,8% e o da economia a 2,5%.

Como indica Andrade, vários fatores serão necessários para a indústria alcançar um desenvolvimento pleno:

  • novos aperfeiçoamentos nas relações trabalhistas;
  • ampliação do financiamento à produção;
  • redução do custo do capital nos empréstimos às empresas;fortalecimento do BNDES;
  • e qualificação da mão de obra, além de incentivos à inovação.

 

Quais as boas notícias?
A mais recente edição da pesquisa Sondagem Industrial da CNI, relativa ao mês de novembro de 2019, mostra que esse segmento vinha se recuperando nos últimos meses do ano passado. Alguns destaques:

  • PRODUÇÃO
    A produção industrial cresceu na comparação com o mês anterior (outubro). O índice de evolução da produção ficou em 50,9 pontos – vale lembrar que esse índice não costuma estar acima dos cinquenta pontos em novembro; desde o início da série, em 2010, é apenas a terceira vez que isso ocorre.
  • UTILIZAÇÃO DA CAPACIDADE INSTALADA
    A ociosidade do parque produtivo nacional está caindo: a utilização da capacidade instalada (UCI) se manteve em 70%. Desde setembro, a UCI supera o registrado nos mesmos meses dos quatro anos anteriores (2015 a 2018). Já o índice de UCI efetiva atingiu 46,7 pontos, o maior patamar desde outubro de 2013.

 

Quais as más notícias?
No dia 9 de janeiro, o IBGE divulgou um dado que serviu como um “balde de água fria” nos otimistas: em novembro de 2019, a produção industrial caiu 1,2% em relação ao mês anterior. Isso representa mais da metade da alta de 2,2% acumulada de agosto a outubro. A indústria de transformação seguiu a tendência para baixo desse mês: queda de 1,3%.

Isso mostra que, apesar de a recuperação ser viável, ela pode ser mais complexa do que o esperado. “O resultado da produção industrial funciona como um sério lembrete de que o crescimento econômico deve acelerar, mas o processo não é linear nem homogêneo”, comentou Adriana Lupita, economista para a América Latina da Bloomberg Economics, em matéria do portal InfoMoney.

Além disso, segundo o Sinduscon-SP, o nível de emprego na construção civil brasileira diminuiu 0,23% em novembro, na comparação com outubro. Ao todo, foram fechados mais de 5 mil postos de trabalho. Vale lembrar, porém, que segundo a entidade, essa queda é típica dos meses de novembro e dezembro no País.

 

A situação da construção civil
Um estudo conduzido pelo Sinduscon-SP, com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), indica que o PIB da construção civil deve encerrar 2019 com crescimento de 2%, interrompendo um período de cinco anos consecutivos de queda no índice. Para este ano, a projeção é de alta de 3%.

O setor espera que as edificações residenciais tenham um ritmo melhor de crescimento, assim como as obras de infraestrutura, ajudando a atingir esse número. O que também pode influenciar no cenário é a reformulação do programa Minha Casa, Minha Vida, prometida pelo governo federal. Para o Sinduscon, a expectativa é de que possíveis mudanças sejam benéficas para novas edificações.

 

A situação do setor automotivo
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgou os números referentes de 2019: foi a melhor média diária de vendas em seis anos (13173 unidades por dia). Além disso, dezembro contou com 262,6 mil automóveis licenciados, melhor resultado mensal desde dezembro de 2014. Ao todo, o ano passado fechou com 2,57 milhões veículos licenciados – dado que faz o Brasil saltar da oitava para a sexta posição no ranking mundial do segmento, à frente de França e Reino Unido, por exemplo.

Para 2020, a entidade estima crescimento de 9,4% no licenciamento de automóveis. Além disso, é esperada uma alta de 7,3% na produção de veículos em relação ao ano passado.

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 565 (janeiro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

 



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